segunda-feira, 19 de setembro de 2005

AINDA BELUGA e ANÓNIMO DE 15.9

"...O Museu Monográfico de Conímbriga é a excepção, pois apesar de não ser Nacional, ser monográfico, e no centro do país, tem um grande número de visitantes. No meu entender isto deve-se a uma sobrevalorização de Conímbriga. Quem lá for hoje, depara-se com obras de “valorização dos monumentos de Conímbriga como o Fórum, as Grandes Termas do Sul e Termas do Aqueduto” (site do Museu Monográfico de Conímbriga), e vai sentir com certeza que o espírito das pré-existências romanas está a ser subvertido. E não é uma opinião apenas minha...".

"...Não sei se será apenas por uma questão de tamanho ou de sorte, mas de facto verifica-se isto: os museus mais pequenos ou periféricos, ou contam com grandes directores/administradores/criativos, ou contam com um grande orçamento...".

De um comentário de "Beluga" retirámos os dois excertos acima publicados.

Relativamente ao primeiro, e sobre Conímbriga, levanta um tema , o das "obras de de valorização", tema esse que anda arredado do nosso dia a dia.
E como Beluga afirma que esta não é uma opinião meramente pessoal, aqui fica o desafio:
venham mais contribuições sobre Conímbriga, pró e contra, e vamos todos ficar mais exclarecidos, e "ajudar" o Instituto Português de Museus no trabalho que devia fazer, e que algum, pelo menos, não faz.

O segundo tema, o da capacidade dos museus mais pequenos obterem mais verbas do IPM, creio que aflora um problema básico de TODOS OS MUSEUS DO IPM.
Na verdade, TODOS os Museus do IPM têm que ter directores/administradores criativos, competentes e empenhados, dado que estão a administrar bens públicos, que deviam estar ao serviço das populações e não estão.

Em textos anteriores da Formiga Bargante, poderão verificar que não somos "meigos" com os directores de grandes museus do IPM, tais como o do Chiado e do Azulejo, que em lugar de estarem ao serviço dos públicos vários que os deveriam frequentar, e não frequentam, estão ao serviço de projectos pessoais dos respectivos directores.

Mas este é um tema muito mais complicado, que passa pela cumplicidade do IPM ao não exercer as funções que lhe estão atribuidas, e permitir as situações de perfeito escândalo, tais como as já referidas, e que têm sido denunciadas na comunicação social, nomeadamente por Alexandre Pomar no Expresso e Augusto M.Seabra e Vanessa Rato no Público.

Portanto, venham mais textos sobre Conímbriga e outros Museus, e ainda hoje voltaremos ao tema IPM

Quanto ao Anónimo de 15.9 e a situação que descreve de quase anarquia na inventariação das reservas de um Museu algures em Portugal, estamos à espera de novos textos ou informações sobre sta matéria, que sabemos não ser única, para voltar a abordar o mesmo.

Isto promete !

2 comentários:

Anónimo disse...

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Belogue disse...

Se for o anónimo de 16.09, sou eu.
O museu onde trabalho está a passar por um período difícil, como referi: temos uma nova directoria, o museu vai entrar em obras, depara-se com a degradação física do espaço e como tal nem sequer tem possibilidade de organizar/receber exposições temporárias que tantos visitantes traria ao museu. Isto é desmotivante; sempre à espera de qualquer coisa, suspensos em subsídios e dinheirinhos da Câmara e que “passe esta época”. Mas pior que isto é, ao fazer uma coisa tão simples como a renovação das tabelas de identificação das peças, depararmo-nos com peças expostas sem número de inventário. E refiro isto porque o IPM anda há muitos anos a implementar um serviço que se chama matriznet cujo objectivo é permitir ao público consultar informações básicas acerca das peças expostas nos museus do IPM, e aos museus, sistematizar e informatizar o inventário. Cada museu tem uma matriz, como uma ficha de inventário onde coloca todos os dados sobre a obra e só aos conservadores é permitido fazer as alterações necessárias. Só que o tempo que está entre quem abriu a ficha e quem nela colocou dados faz com que os critérios de interpretação não sejam os mesmos. Assim, o que para um é uma peça de mobiliário, para outro pode ser pintura sobre madeira. E quando alguém do museu pretende visualizar a peça ou fazer uma pesquisa acerca da mesma no matriz (que pode porque é do museu, não podendo no entanto alterar a descrição), perde um tempo idiota porque não a encontra. Escrever Sienna em vez de Siena ou 1/A em vez de 1_A é o suficiente para a peça não aparecer. E esta falta de coerência vê-se não só na forma alienada como os conservadores fazem o inventário (cada um no seu gabinete, sem troca de informações e quando confrontados com o erro, sem vontade para o corrigir, para proceder a essa tal uniformização), mas depois na variedade de informações que o museu dá das suas peças: há tabelas de peças que não têm o número, há tabelas em que o número não corresponde à peça exposta, há peças expostas sem tabela e mais grave, sem número de inventário (mesmo as peças que não têm tabela, têm num lugar menos visível, um autocolante com o número de inventário, ou deveriam ter). Não sei se o museu onde trabalho é uma excepção, mas parece-me que não.
Quanto a Conímbriga, quando confrontado com a pergunta “não acha que as obras estão a subverter o sentido daquilo que são os vestígios arqueológicos?”, o Sr. Director respondeu-me que as coisas tinham sido muito pensadas, que ía ser bom para Conímbriga, que ía trazer mais público. Não repliquei; já nada daquilo me parecia romano, a começar na moedinha que se coloca na ranhura para ver a água a sair dos esguichos, ao terreno árido à minha frente, prestes a receber a Las Vegas da arqueologia.