domingo, 30 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA





















david lachapelle

“Quem meus filhos beija, minha boca adoça”


O Património Mundial, material (como um castelo ou um palácio) ou imaterial (como a língua) é matéria de muita abordagem, que de vez em quando se torna assunto de importância máxima embora sem a reflexão que seria de esperar. A sensação que hoje temos quando ouvimos as palavras Património Mundial é de que estes são vocábulos totalmente ocos e que despoletam somente discussões vãs, não por não serem necessárias mas porque a sua profundidade é nula.

Embora não me agrade escarnecer o meu país, devo dizer que entre nós encontramos sempre, e dentro desta questão, dois tipos de pessoas: aquelas que por receio de ficarem com uma opinião dentro dos cânones se antecipam com teorias ridículas, e aquelas que mesmo não tendo uma opinião espectacular acerca de nada conseguem ter o mínimo de capacidade de discernimento para perceber até que ponto a reflexão sobre o Património Mundial deve ser mais do que congressos e chegadas de chefes de Estado.

Dos primeiros, geralmente extremistas, subsiste a ideia de que o Património Mundial, e em concreto o nosso fora das nossas fronteiras físicas, está ao abandono, que os governos não se preocupam, que o público não quer saber, que não está suficientemente educado. Outras vezes, a conivência entre os principais pensadores sobre o nosso património e a opinião oficial de que tudo corre bem, é tão notória que converge para uma conversa de surdos-mudos. Os do segundo grupo levantam questões pertinentes, mas parecem não ter a força e conhecimento para se fazerem ouvir (incluo-me nesta).

1) Uma das maiores preocupações que hoje devemos ter com o património que temos e com o que deixamos é, não a razão – muito desprezada quando o assunto é Cultura – mas a força. A força que o terrorismo tem demonstrado ser detentora, tem provocado a destruição de património que não é apenas de uma nação, mas de várias, e acima de tudo, de duas culturas opostas.

2) Como país colonialista que há muito tempo teve de abandonar as suas pretensões predatórias, Portugal não pode esconder-se na capa abrangente e proteccionista da língua para acolher o património das ex-colónias como e quando lhe apraz, e empurrá-lo quando a questão é preservação. Se consideramos que esse património é de facto nosso (as roças no Brasil, as fortalezas em São Tomé e Príncipe), então temos de protegê-lo sempre e não reclamá-lo apenas quando nos apraz.

3) Quando se organizam acções de discussão e de partilha de experiências as organizações em causa têm de mostrar trabalho, soluções, e dar respostas. O IPPAR não pode continuar a furtar-se á grande questão da subcontratação de empresas para explorar as lojas dos museus, nem às dúvidas que nos levanta a posição do Douro, Património da Humanidade dentro do novo plano de fusão de institutos, nem a já antiga indignação perante a distribuição duvidosa de verbas a institutos como o IPPAR e a DGEMN cuja acção em termos de conservação de Património fica muito aquém de apenas uma parte da intervenção da FCG no mesmo campo.

4) O caminho é tudo menos fácil, mas não passa (e esta é uma certeza minha) pelas grandes acções publicitárias e sem conteúdo a que hoje assistimos. Há que escolher entre “educar” os públicos e trazê-los até ao nosso património, conseguindo ao mesmo tempo com raves que os vitrais de uma igreja não rebentem, e afastá-los dos centros históricos das cidades para que estes respirem fazendo com isto com que os mesmos centros sejam lugares mortos, pois os cidadãos são cada vez mais afastados para a periferia. São duas situações paradigmáticas do estado em que vive o nosso património: por um lado o desconhecimento do essencial que leva às grandes campanhas de publicitação, por outro, a tentativa obtusa de salvar o património que leva ao afastamento desse mesmo património, daqueles que o fazem e legitimam.

Acima de tudo, há que ter muita razão, uma razão tão cega quanto a força, para fazer com que o nosso património seja cada vez mais uma coisa viva e geradora de vivacidade em vez de ser uma mola propulsora de destruição. Se há imagem que o Património Mundial não pode ter é a de Babel – destruída pelo poder da palavra do Senhor e pela palavra dos homens previamente condenada. Que as nossas palavras não sejam vãs, nem os nossos actos aviltantes.

JOÃO BENARD DA COSTA OU,
LA CINÉMATHÈQUE C´EST MOI

É muito curioso, para avaliar ao estado a que este país chegou, assitir à polémica que se levantou quando a ministra da cultura Isabel Pires de Lima "fez passar" a ideia de que não iria reconduzir João Benard da Costa no cargo de director da Cinemateca Portuguesa.

Um dos dados mais curiosos reside no facto de uma "enorme maioria" louvar a obra que o ainda director da CP levou a cabo na instituição que dirige.

Parece que não é obrigação de qualquer dirigente público responsável trabalhar para que a instituição que dirige atinja os mais altos valores de excelência. Pelos vistos, este príncipio está tão esquecido que quando alguém como JBC desempenha, e não tão bem como isso, a sua obrigação, é elevado à condição de herói nacional.

Convém recordar que o distinto JBC já foi distinguido com o Prémio Pessoa pela "sua obra", como se a obra maior não fosse a dos realizadores que realizaram os filmes, dando assim motivo a JBC desempenhar as funções que desempenha.

Muitos criticam a programação, outros a falta de actualidade da mesma, e outros mais criticam outros aspectos da "obra" de JBC.

Mas, de entre os depoimentos de "respeito e admiração" entretanto emitidos, um dos mais curiosos é o de Paulo Branco. Segundo este produtor/exibidor "A Cinemateca só faz sentido com o Dr. Bénard da Costa como presidente". Depois é blá blá blá, e termina "Todas as regras têm excepção e se não há pessoas insubstituíveis, neste caso, a excepção é o Dr. Bénard da Costa".

Logo, o problema que se coloca é saber se, quando Bénard da Costa morrer (sim, que por este andar JBC morre como as àrvores, de pé, ou seja, agarrado ao microfone a apresentar mais um filme na "sua" cinemateca), fazemos uma enorme pira da cinemateca com o corpo de JBC lá dentro, e deitamos fogo a tudo aquilo, ou se colocamos uma estátua de JBC à entrada da "sua" cinemateca perante a qual, todos os dias, o pobre do seu sucessor fará voto público de não adulterar a obra do "pai" da cinemateca, e ao mesmo tempo pede desculpa, diária e publicamente, por não estar à altura de suceder a tão "augusta" personagem.

E no meio de tudo isto, Isabel Pires de Lima recuou na intenção de substituir JBC, mostrando, mais uma vez, o seu "apurado" sentido estratégico, já demonstrado, aliás, no decorrer das negociações com o comendador Berardo relativas à colecção de arte moderna e contemporânea do mesmo, quando num dia dizia uma coisa, e logo a seguir dizia o contrário, com as orelhas ainda encarnadas dos puxões de Sócrates na orelha esquerda e de Berardo na orelha direita (a formiga bargante gosta muito de respeitar os posicionamentos ideológicos de cada um...).

E é assim que este país anda !

Longa vida ao camarada "senador" João Benard da Costa.

sábado, 29 de abril de 2006




DAY OUT





sexta-feira, 28 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA























about garrett hughes

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD, É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(110º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BELÉM REDESCOBERTA OU,
COM PAPAS E BOLOS (ALIÁS PASTÉIS DE BELÉM)... (II)



Continuando...

Belém Redescoberta
Novo Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea
* Vai abrir ao público antes do final de 2006
* Um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea a nível mundial
* - Contém obras de Miró, Picasso, Dalí, Warhol, Vieira da Silva, Man Ray, Paula Rego, Lichtenstein, Mondrian, Bsquiat, Pollock entre outros
in: "Power Point" de apresentação do projecto Belém Redescoberta, com a presença de 5-ministros-5.

Uma das coisas de que a Formiga Bargante não gosta nada, mas mesmo nada, é que lhe atirem poeira para os olhos, ou, no caso, meia dúzia de grandes nomes da arte moderna e contemporânea e, a partir daí, seja afirmado "um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea a nível mundial".

Vejamos a realidade:

Vieira da Silva, Mondrian, Basquiat e Pollock - 1 obra de cada
Miró, Picasso, Dali, Man Ray e Lichtenstein - 2 obras de cada
Paula Rego - 3 obras
Warholl - 26 obras divididas por 11 Brillo Box, 12 obras incluidas no Portfólio nº 4 e mais 3 obras

E estamos a "inventariar" os nomes que a propria organização seleccionou como os mais representativos.

E é com este número de obras, algumas nem sequer das mais significativas da produção dos seus autores, que se constitue o tal acervo que é "um dos mais importantes a nível mundial" ?

Bem sei que sempre podem argumentar que de Fernando Lemos o acervo do comendador possui 117 obras, mas daí a dizer que Fernando Lemos tem projecção mundial...

Mas, no fundo, o problema mais importante nem é este.

Mais uma vez parece que os "cérebros" que idealizaram este programa não tomaram em linha de conta o facto de hoje em dia as grandes e médias cidades, bem como os grandes e médios museus a nivel mundial, desenvolverem estratégias de marketing muito sofisticadas para atrairem para as suas cidades ou museus o maior número possível de visitantes.

Sobre isto o programa diz NADA!

E que existem dados quantitativos e qualitativos sobre "a nova economia" das cidades e dos museus.

E que a competição entre cidades e museus é enorme, não se compadecendo com amadorismos ou "xico-espertices".

Só para ajudar à reflexão sobre este tema, aqui vão alguns números sobre as maiores exposições de arte dos últimos 8 anos (1998-2005).

Assim, e segundo o estudo do The Art Newspaper, no periodo compreendido entre 1998-2005,

as 10 exposições que em cada ano atrairam mais espectadores, no total de 80, foram:

* 26% Impressionistas, Pós-Impressionistas ou outros do século XIX
* 22% "Old Masters"
* 20% Arte contemporânea
* 18% Arte Moderna
* 12% Antiguidades

Ficamos igualmente a saber, através daquele estudo, que um pequeno número de instituições dominaram o "Top 10" das exposições, a saber:

14 exposições - Metropolitan Museum of Art - New York
9 exposições - Museum of Modern Art - New York
7 exposições - National Museum of Modern Art - Tokyo
7 exposições - Guggenheim - New York e Bilbau
4 exposições - National Gallery - Washington
3 exposições - Philadelphia Museum of Art
3 exposições - Museu do Prado - Madrid

E que por países a distribuição é esta:

43 exposições - Estados Unidos
7 exposições - Japão
7 exposições - França
5 exposições - Espanha
4 exposições - Itália e Reino Unido
3 exposições - Rússia e Holanda
1 exposição - Canadá, Bélgica Alemanha e Grécia

Neste contexto, e se não é pedir demasiado, e tendo também em conta que até 2015 a China pretende inaugurar 1.000 novos museus (leram bem, 1.000 novos museus !), seria possivel ter acesso ao programa de marketing que suporta
Belém Redescoberta ?

Ou estaremos a pedir o acesso a uma ficção ?

LISBOA/VALÊNCIA, OU, DE COMO JÁ NEM COM AS MÉDIAS
CIDADES ESPANHOLAS CONSEGUIMOS COMPETIR

Enquanto em Lisboa se anunciam, em grande estilo, os festivais Rock´in Rio (e nós a pagármos para promover o Rio de Janeiro...) e o Super Bock Super Rock (será que nos pagam alguma coisinha pela publicidade?) em Valência (sul de Espanha, topam?) anuncia-se o 7º Festival Internacional de Investigação Artística de Valência (sétimo, leram bem !), num dos novos e espectaculares recintos construidos pelo "Ayuntamiento" local, o Museu das Ciências Príncipe Felipe, com projecto do arquitecto Calatrava.

Em Valência investe-se no conhecimento e divulgação do novo, enquanto aqui, em Lisboa, se investe em quê ?

Já agora, leiam a triste entrevista de Carmona Rodrigues ao Público, comentando o "seu reinado" de 6 mêses na Câmara de Lisboa, e o anúncio de mais um túnel, desta vez em Alcântara. Quanto ao resto, visão estratégica, planeamento global e fixação de metas para a modernização da cidade e dos seus habitantes, Carmona Rodrigues disse nada.

Para os mais abonados aqui fica o link para o programa do festival (de fazer morrer de inveja...), que decorrerá de 5 a 7 de Maio próximos.

Para os outros, que esteja bom tempo para irmos até à Caparica !

7º Festival Internacional de Investigación Artística de Valencia - LINK

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas



















about larry sultan

Naked Hip-Hop Ambition
Aspiring rap stars flock to strip clubs in Atlanta -- `the Motown of the South' -- to build a buzz and catch the ear of industry star-makers.


ATLANTA — It was "Magic Monday" at the Magic City strip club, a windowless brick building near the downtown Greyhound station.

Inside, 57 exotic dancers with names like Isis and Peaches and NaNa were shaking it, as the song goes, like a saltshaker. The soundtrack was Southern hip-hop — all simple synthesizer lines, raunchy party chants and the gut-rattling bass kick of a Roland TR-808 drum machine.

Tax Holloway pressed close to the stage, sipping champagne and watching the women twist themselves into exaggerated affectations of lust. But Holloway wasn't really here for that.

The aspiring rap star knew that on Monday nights, Magic City was packed with Atlanta's hip-hop cognoscenti, and he wanted to see how they responded when his new song played over the sound system.

Curiosos? E com 8 "singles" de hip-hop à borla !

LINK


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

quinta-feira, 27 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA























about craigie horsfield

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD, É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(109º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BELÉM REDESCOBERTA (I)

Deveriamos começar a série de textos dedicados ao projecto Belém Redescoberta analisando, primeiro, o que é hoje o marketing das cidades, e só depois partir para a análise deste projecto, anunciado, pomposamente, por 5-ministros-5.

Deveriamos, mas não o vamos fazer.

E não o vamos fazer porque "não estamos para ai virados".

Por isso, vamos começar por escrever sobre o anunciado novo museu dos coches, destinado a substituir o actual, instalado no antigo picadeiro do Palácio de Belém.

E começamos com o novo museu dado que, e mais uma vez, parece estar a perder-se a oportunidade de introduzir na sociedade portuguesa uma discussão que, na sua configuração actual, começou nos início dos anos 90 do passado século, e que pretende encontrar respostas para a questão: qual a importância das novas tecnologias e da internet na configuração/programação dos museus existentes e nos projectos de arquitectura/programação dos novos nuseus ?

Segundo alguns autores, desde o artista plástico Douglas Davis aos arquitectos Renzo Piano, Jacques Herzog e Pierre de Meuron ou ainda Gehry, ao economista Richard Florida ou ao filósofo John Shotter, estamos a assitir ao nascimento de um novo conceito de público para os museus.

Em lugar do "antigo" mas ainda maioritáriamente presente conceito de "público de museus" como uma massa homogénea que assiste passivamente às propostas que alguns, poucos, "iluminados curators" mediáticamente realizam, ao nascimento de um conceito de "públicos de museus", no qual a "massa" dá lugar aos chamados "públicos informados", constituidos pela nova geração que, na adolescência, começou a conviver com a informática e a internet, e que hoje em dia, para além de a utilizar (a internet) como fonte de informação segundo parametros específicos e pessoais, pretende também que os museus, seja na sua composição fisica seja na informação disponibilizada, incorporem os avanços registados nos dominios das novas tecnologias.

Como exemplo, vejam no final deste texto o link para a proposta apresentada pelos arquitectos Jesse Reiser+Nanako Umemoto para o Eyebeam Museum of Art + Technology a erguer em Nova York, ou então vão até ao site da Tate Modern (deste não damos o link, já sabem que este blog não é para preguiçosos), que já nomeou um "curator" para a net, o qual apresenta regularmente conferência e outros eventos exclusivamente na "rede", com audiências que se aproximam das audiências "fisicas" às salas da Tate Modern.

Será que o novo museu dos coches não poderia/deveria incorporar na sua futura morada o que de mais estimulante e actual existe de conclusivo nas várias discussões que se desenrolam por esse mundo fora sobre a função dos novos museus ?

Ou será que estamos a "sonhar alto" perante um programa que contempla como grandes iniciativas a ter lugar o passeio em charretes ou o render da guarda no Palácio de Belém ?

Já para não falar nos novos espaços "trendy" ! (que palavra tão querida, não acham?)

Continuaremos.

Nota: Sabemos que alguns dos autores acima referidos não defendem exactamente o que escrevemos, tendo mesmo alguns defendido a ideia de que os museus se dividem, actualmente, em: First, Second and Third Kind.
Lá iremos.


Eyebeam Museum of Art + Technology
LINK


AS "XICO-ESPERTICES" DO PROGRAMA BELÉM REDESCOBERTA

"They favor active, participatory recreation over passive, institutionalized forms. They prefer indigenous street-life culture - a teeming blend of cafes ... musicians ... small galeries ... where it is hard to draw the line between performers and spectators.
Richard Florida
in: The Rise of the Creative Class (and How It´s Transforming Work, Leisure, Community and Everyday Life), 2002

Belém Redescoberta

Atracção potencial
Trata-se de criar condições, através das intervenções âncora, para atrair outros tipos de iniciativas
- Galerias de arte e ateliês de artistas
- Atracção de restaurantes de gastronomia sofisticada, criativa e moderna
- Atracção de lojas de alimentação, vinhos e outros produtos gastronómicos
- Atracção de espaços "trendy": pequenas galerias, boutiques especializadas, bares, livrarias
-Jantares-cruzeiro no rio a partir de Belém
- Passeios de charrete
- Programa permanente de animação, incluindo mais regularidade no render da Guarda no Palácio de Belém
in: "Power Point" de apresentação do projecto Belém Redescoberta, com a presença de 5-ministros-5.

Desde que Manuel Maria Carrilho brindou o primeiro minístro José Socrates com um exemplar do livro de Richard Florida, a leitura deste deve ter-se tornado obrigatória para qualquer candidato a ministro, secretário de estado e afins.

Só que o contexto em que as teses de Richard Florida são copiadas para o projecto Belém Redescorta, nada tem a vêr com este.

Uma leitura minimamente atenta dos livros, estudos e artigos entretanto publicados por Richard Florida e a sua equipe, bem como os exemplos práticos das teses defendidas por aquele economista, não só nos Estados Unidos mas também em Londres ou Amesterdão, por exemplo, dão para perceber que a técnica utilizada para a inclusão de Richard Florida no programa Belém Redescoberta foi a técnica do "corta e cola", independetemente da sua justa aplicação ou não.

Mas se fosse só isto !

A Formiga Bargante regressa a seguir ao almoço.

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas















about caroline shepard

MIAMI NOIR

Miami descended into a terminal noir fugue state in 2005, so it’s only fitting that the whole mess would collapse toward a surreal New Year’s Eve with Jim DeFede — the Miami Herald’s star columnist, fired for secretly taping an off-the-record phone conversation with a disgraced local politician an hour before the man shot himself in the lobby of the Herald building — eager to serve as grand marshal of the satirical King Mango Strut in Coconut Grove. Though the organizers consider DeFede to be the conscience of Miami, he has gone, in the span of a few months, from a cause célèbre to something of a goof celebrity. Like his source and friend Art Teele, the former county and city commissioner who staged the theatrical suicide, the muckraking DeFede has proved himself to be a tenacious scrapper. He’s the writer who would not stay fired, an investigative reporter who turned on his own paper like a dog gone feral.

This has not been a jolly time for the Herald — Monday-to-Friday circulation dropped 4 percent in just six months — or for its parent company, Knight Ridder, the second largest newspaper chain in the country. The company’s largest stockholders, who collectively hold 37 percent of the stock, have forced Knight Ridder to test the market for buyers. Preliminary indications of interest were received in December from Gannett, McClatchy, and several private equity firms. In the meantime, the Herald, the flagship paper of the chain (which stopped publishing a state edition and shrank its newshole), can’t really afford a lingering pall of the sort that has been cast by the death of Art Teele and the controversial dismissal of Jim DeFede.

Curiosos ?
Artigo completo neste LINK


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

quarta-feira, 26 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA




























about paolo monti

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD, É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(108º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS




LISBOA AO DEUS DARÁ

Tudo (re)começou com o anúncio de Maria José Nogueira Pinto, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, da nomeação de uma comissão de sábios para estudarem medidas para a revitalização da zona Baixa/Chiado, estudo esse a ser apresentado dentro de seis meses, a partir da data da posse da comissão.

Seguiu-se o anúncio, na passada semana, e com a presença de 5-ministros-5, entre outras personalidades, do programa Belém Redescoberta, que pretende dinamizar a zona de Belém, com um "ambicioso projecto", de entre os quais a Formiga Bargante destaca, pela originalidade e funcionalidade (como iremos demonstrar num dos próximos textos), a introdução de passeios de charrete e a maior periodicidade no render da guarda no palácio de Belém, "morada" dos Presidentes da Républica.

Finalmente, e já no final da passada semana, Manuel Frasquilho, presidente do Conselho de Administração do Porto de Lisboa veio anunciar um projecto para os próximos 15 a 20 anos, tendo em vista o desenvolvimento da zona ribeirinha lisboeta.

Refira-se que o projecto de Manuel Frasquilho tem a forte oposição do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues.

Num curto espaço de tempo temos assim o anúncio de 3 grandes iniciativas para zonas distintas da cidade, cada qual com imagem própria, estratégia própria, e implementação isolada e sem qualquer ligação entre si.

Dentro em breve teremos, segundo os seus responsáveis, entre outras, 3 ideias fortes para Lisboa, duas delas com "marcas próprias", Baixa/Chiado e Belém Redescoberta, com orçamentos próprios, campanhas próprias e, imagina a Formiga Bargante, equipes de direcção próprias.

Contrariando uma das regras básicas do marketing, o da concentração de esforços e financiamentos numa única "marca", e a partir desta publicitar outras iniciativas a ela associadas, os nossos "cérebros" preparam-se para diluir os escassos recursos disponiveis por "sub-marcas" como "Baixa/Chiado", "Belém Redescoberta" ou "Zona Ribeirinha".

Mas como se isto não fosse suficiente, os nossos "ilustres cérebros" contrariam outra das regras elementares que por esse mundo fora estão a ser seguidas pelas equipes que estudam o marketing das cidades, ou seja, o envolvimento das populações locais no estudo e discussão das ideias/base que servirão à elaboração posterior dos tais planos de marketing.

Só a título de exemplo, "vejam" estes dois projectos, o primeiro o da "Creative London", e o segundo o da Glasgow 2020.

O primeiro, "Creative London", tem como objectivo colocar Londres como a cidade capital das industrias criativas.

No site cujo link daremos no final deste texto, encontram toda a informação relativa a este projecto, encontram formas de participarem no projecto, seja assistindo às reuniões públicas, seja sugerindo novas ideias ou actuações sabendo que a vossa sugestão será analisada, enfim, pratica-se uma política de transparência e informação, estimulado os cidadãos a participarem.

O outro projecto, Glasgow 2020, define-se como:

Glasgow 2020 is a project to collect together the imagination of the city to tell a new story about its future. This site is a place to read and submit stories, make wishes and check out events about the future of Glasgow. What's your story?

Também aqui a participação dos cidadãos de Glasgow é a chave desta iniciativa.

E, se repararem bem, as duas partem dos nomes das respectivas cidades, Creative London e Glasgow 2020, e só depois é que desenvolvem os projectos respectivos.

É por estas e por muitas outras que Lisboa, e já agora o país, está tristemente condenado a afastar-se cada vez mais do que de mais estimulante e actual se realiza nesta Europa que nos rodeia, mas da qual insistismos teimosamente em não fazer parte.

Creative London LINK
Glasgow 2020 LINK














TUDO O QUE QUISERAM SABER SOBRE A COLECÇÃO BERARDO,
MAS NÃO TIVERAM CORAGEM PARA PERGUNTAR.



The Economy of Prestige Prizes
Awards, and the Circulation of Cultural Value

This is a book about one of the great untold stories of modern cultural life: the remarkable ascendancy of prizes in literature and the arts. Such prizes and the competitions they crown are almost as old as the arts themselves, but their number and power--and their consequences for society and culture at large--have expanded to an unprecedented degree in our day. In a wide-ranging overview of this phenomenon, James F. English documents the dramatic rise of the awards industry and its complex role within what he describes as an economy of cultural prestige.

Observing that cultural prizes in their modern form originate at the turn of the twentieth century with the institutional convergence of art and competitive spectator sports, English argues that they have in recent decades undergone an important shift--a more genuine and far-reaching globalization than what has occurred in the economy of material goods. Focusing on the cultural prize in its contemporary form, his book addresses itself broadly to the economic dimensions of culture, to the rules or logic of exchange in the market for what has come to be called "cultural capital." In the wild proliferation of prizes, English finds a key to transformations in the cultural field as a whole. And in the specific workings of prizes, their elaborate mechanics of nomination and election, presentation and acceptance, sponsorship, publicity, and scandal, he uncovers evidence of the new arrangements and relationships that have refigured that field.

Harvard University Press
€ 27.70 + transportes


Nota Formiga Bargante: Se querem perceber as "ligações perigosas" que estão a ocorrer no nosso "rectângulo", e não só, (Museu do Chiado, Museu do Azulejo, Assessor do Primeiro Ministro para a Cultura, Ellipse Foundation, e etc. etc.etc. etc.) comprem este livro.

Para já, o editor, gentilmente, "oferece" um capítulo on-line. (quêm lê o capítulo compra o livro, não é ?)

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas























about marla rutherford

BUSH´S TRUTH



President Bush has been in search of himself for two and a half years. His voyage of self-discovery began on 30 September 2003. Asked what he knew about senior White House officials anonymously leaking the identity of covert CIA operative Valerie Plame Wilson, he expressed his earnest desire to help special prosecutor Patrick Fitzgerald ferret out the perpetrators. "I want to know the truth", he said. "If anybody has got any information inside our administration or outside our administration, it would be helpful if they came forward with the information so we can find out whether or not these allegations are true and get on about the business."

Bush didn't stop there. He issued an all-points bulletin requesting help for the prosecutor. "And if people have got solid information, please come forward with it. And that would be people inside the information who are the so-called anonymous sources, or people outside the information – outside the administration. And we can clarify this thing very quickly if people who have got solid evidence would come forward and speak out. And I would hope they would." The day before, the president had sent out his then press secretary, Scott McClellan, to announce that involvement in this incident would be a firing offence: "If anyone in this administration was involved in it, they would no longer be in this administration."

On 5 April 2006, however, in a filing in his perjury and obstruction of justice case against Lewis "Scooter" Libby, former chief-of-staff to vice-president Dick Cheney, Fitzgerald revealed that Libby had been authorised by the president and vice-president to leak parts of the October 2002 national intelligence estimate (NIE) on Iraq's weapons of mass destruction (WMD) to reporters.

Texto completo neste LINK

CARTOONS

El Roto
in: El Pais



TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

terça-feira, 25 de abril de 2006

25 DE ABRIL
SAUDADES DE ADRIANO



Uma das vozes e das figuras do 25 de Abril mais injustamente esquecidas,
aqui fica a sua evocação.

Com a devida vénia ao autor, Juíz Desembargador Francisco Bruto da Costa, fica aqui o
LINK
para um singelo e comovente trabalho de evocação de Adriano Correia de Oliveira, ao som da belíssima "Canção com Lágrimas", com poema de Manuel Alegre.


segunda-feira, 24 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA






















le lait miraculeux de la vierge - março 1997
about bettina rheims

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(106º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e Política americanas

http://www.dana.edu/jolsen/arthistory/ArtHistory/Arthistory%20Semester3/Popandop/page5.jpg
back seat dodge
about ed kienholz

Condoleezza Rice Leaked Info to Lobbyist on Trial



ALEXANDRIA, Va. -- Secretary of State Condoleezza Rice leaked national defense information to a pro-Israel lobbyist in the same manner that landed a lower-level Pentagon official a 12-year prison sentence, the lobbyist's lawyer said Friday. Prosecutors disputed the claim.

The allegations against Rice came as a federal judge granted a defense request to issue subpoenas sought by the defense for Rice and three other government officials in the trial of Steven Rosen and Keith Weissman. The two are former lobbyists with the American Israel Public Affairs Committee who are charged with receiving and disclosing national defense information. Defense lawyers are asking a judge to dismiss the charges because, among other things, they believe it seeks to criminalize the type of backchannel exchanges between government officials, lobbyists and the press that are part and parcel of how Washington works. During Friday's hearing, U.S. District Judge T.S. Ellis III said he is considering dismissing the government's entire case because the law used to prosecute Rosen and Weissman may be unconstitutionally vague and broad and infringe on freedom of speech. Rosen's lawyer, Abbe Lowell, said the testimony of Rice and others is needed to show that some of the top officials in U.S. government approved of disclosing sensitive information to the defendants and that the leaks may have been authorized. Prosecutors opposed the effort to depose Rice and the other officials. Assistant U.S. Attorney Kevin DiGregory also disputed Lowell's claim, saying, "She never gave national defense information to Mr. Rosen." The issuance of subpoenas does not automatically require Rice or anybody else to testify or give a deposition. A recipient can seek to quash the subpoena. Calls to the State Department seeking comment Friday evening were not immediately returned. The judge also granted subpoenas for David Satterfield, deputy chief of the U.S. mission to Iraq; William Burns, U.S. ambassador to Russia and retired Marine Gen. Anthony Zinni. "Each of these individuals have real-life dealings with the defendants in this case. They'll explain what they told Dr. Rosen in detail," Lowell said. "On day one, Secretary of State Rice tells him certain info and on day two one of the conspirators tells him the same thing or something less volatile." The indictment against Rosen and Weissman alleges that three government officials leaked sensitive and sometimes classified national defense information to the two, who subsequently revealed what they learned to the press and to an Israeli government official. One of the three government officials is former Pentagon official Lawrence A. Franklin, who pleaded guilty to providing classified defense information to Rosen and Weissman and was sentenced to more than 12 years in prison. Franklin has said he was concerned that the United States was insufficiently concerned about the threat posed by Iran and hoped that leaking information might eventually provoke the National Security Council to take a different course of action. The indictment against Rosen, of Silver Spring, Md., and Weissman, of Bethesda, Md., alleges that they conspired to obtain classified government reports on issues relevant to U.S. policy, including the al-Qaida terror network; the bombing of the Khobar Towers dormitory in Saudi Arabia, which killed 19 U.S. Air Force personnel; and U.S. policy in Iran. Lowell said it is impossible for Rosen and Weissman to determine what is sensitive national defense information when they are receiving the information from government officials who presumably understand national security law and therefore would not improperly disclose national defense information.

The World War I-era law has never been used to prosecute lobbyists before.

domingo, 23 de abril de 2006



DOMINGO


AFORISMOS COM MOLHO À ESPANHOLA
PROCEDIDOS DE TAPAS

38
Bioarte, Botanicarte
Pedro Proença

Prefiro os pintores que escrevem aos escritores que pintam. Os pintores, como dizia um poeta amigo meu, são mais materialistas, mais terra-a-terra. Lidam com o dinheiro, numa prostituição ágil. Por isso quando escrevem têm pelo menos uma imagem concreta daquilo que falam.

Retrato:imagem lúdica do crime. Auto-retrato:imagem lírica do crime. Cada retrato é a imagem de nós mesmos. Cada auto-retrato mostra as concessões aos outros.

Abraham negociou com o seu Senhor qual era o mínimo número de justos aceitáveis para que Sodoma não fosse destruída. A religião é o comércio (rentável) com o invisível.

A frivolidade de estar sempre fora de moda. A maravilhosa militância de estar sempre na moda

Pedro Proença
A Arte ao Microscópio

Self Portrait
andy warhol
self-portrait, 1986


Friday, April 17, 1981

I was depressed, I decided to pass out Interviews. After I did that I went to the office and I ran into de Moynihan girl, Maura, who was arriving two days later for lunch (cab $5). And now that the Soho News had Dominique Sanda on its cover this week, it´d be too tacky to have her as our cover girl, so maybe we´ll use this Moynihan girl as our cover because she´s cute and smart - she wento to Harvard - and she has a rock band.
Chris Makos called me from Palm Beach where it was so sunny and he was with his boyfriend Peter and that depressed me, they´d just gotten there.
Worked till 6:30. Rupert invited me to an all-boy party on Bleecker Street, but I was too depressed. Ate at the Brasserie ($40). Went home lonely and despondent because nobody loves me and it´s Easter, and I cried.

22.4.06


VER A NOITE





Agora mesmo, numa terra sem luz pública, imersa numa escuridão quase total.

*

JPP no seu Abrupto. Um "artista" português...

sábado, 22 de abril de 2006




SÁBADO






dylan thomas by gordon stuart


ENCONTRO EM TERRA ESTRANHA
COMO O POETA DYLAN THOMAS

Oh Dylan leva-me contigo a passear num barquinho
a ver o céu por dentro cheio de nuvens
a galopar na sela dum cavalo cujo selim é d´ouro, é de couro, é de chuva,
é decorado com flores mimosas que tu, Dylan, pintaste à tardinha
na tua varanda
vendo o sol extinguir-se
e bebendo muito álcool,
Dylan, que foi feito de ti? por onde andas? que coisas e que seres que nunca viste, encontraste tu no caminho que leva ao pátio do jardim dos quatro cantos e dos quatro limoeiros?
Ouvi dizer que tu, Dylan, esqueceste
esta terra inglesa que os destroços
da guerra ainda cobrem e que tu olhavas revoltado e triste - e para quê?
Estas vozes, aqui
irritam mais que nunca:
São velhas, avinhadas,
cheias de acentos bruscos e canalhas:
Eu estou pensando que morreste, Dylan !
eu estou pensando na tua morte:
Como pudeste, Dylan, atirar-te
dum arranha-céus de Nova Iorque,
estando o céu tranquilo e os negros na Broadoway vestindo camisolas coloridas e mascando chewing gum e andando para um lado e para o outro desconfiados, ruminando qualquer coisa de que tu, que eras branco, tinhas medo; foi por isso, Dylan, que morreste? foi por isso que andas, vagabundo sem história, comendo sandwiches e bebendo whisky enquanto vais contando pelos dedos as vezes em que viste um homem reprimir as lágrimas e seguir adiante, com um rosto feito de simulada força? diz-me, Dylan, ou foi o Mar do Ocidente, ou a Luz do Oriente, ou uma estrela nova chamada Pirilampo de Olhos Curvos, que fez com que te debruçasses nesse dia da tua janela e visses reflectido no asfalto o teu maravilhoso destino?
Eu não quero crer que as coisas se tenham passado assim tão simplesmente.
Acredito que tenhas uma razão qualquer, UMA GRANDE RAZÃO, para acreditar que as codornizes matam os filhos por puro prazer dos defender dos pólens das flores, que os embriaga sendo novos; eu acredito como tu nas 5
estrelas em forma de pétala
e guincho de animal;
E se alguma vez por cá passaste
de navio num cruzeiro de férias pela Europa,
se alguma vez, Dylan, tu desesperaste,
eu te digo que sim, que continua a ser preciso
desesperar.

- Vai muito devagar... não te debruces...

Mudemos de café: porque é preciso.

Será verdade, Dylan, que tudo está podre? ...

Retomemos o fio interrompido da meada...

A insensatez do frio.
A fresca lealdade dos amores

26-VI-57.
Raul de Carvalho


Ao coronel, a esse, não queira eu mal. Mas no entanto também ele estava morto. Não o vi logo. É que havia sido arrastado para o talude e aí se mantinha estirado sobre o flanco, pela explosão, e projectado para os braços do cavaleiro a pé, do mensageiro, que também ali se ficara. Abraçavam-se os dois naquele momento e para sempre, mas o cavaleiro já nem tinha cabeça, nada mais que uma abertura acima do pescoço com sangue dentro a ferver aos gluglus como compota na panela. O coronel tinha o ventre aberto e fazia uma carantonha incrível. Aquilo devia ter-lhe custado no momento em que chegara. Tanto pior para ele ! Tivesse ido embora logo após as primeiras balas e nada lhe teria acontecido.

Toda aquela carne junta sangrava fortemente.
Rebentavam ainda granadas à direita e à esquerda da cena.

Abandonei aqueles sítios sem mais demoras, bastante satisfeito por ter um tão belo pretexto para me pôr a cavar. Cantarolava até o meu bocado, titubeante, como no final de uma competição de remo, quando as pernas estão um pouco trôpegas. "Com uma só granada! Como se pode arranjar um sarilho destes com uma só granada", dizia para comigo. " Ah! que dizes tu a isto! - repetia constantemente - Ah! que dizes tu a isto!..."

Viagem ao fim da noite
Céline

ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS

AGENDA


11º aniversário ZDB! 32º aniversário 25 de Abril!
há 11 anos e meio inaugurou a ZDB ... 2006 apresenta-se favorável à consolidação desta iniciativa civil no âmbito da intervenção e afirmação cultural contemporânea. No passado mês de Fevereiro inaugurou um ciclo de exposições individuais que trará até nós a oportunidade de ver, nos dois andares da Galeria, as últimas produções de João Maria Gusmão e Pedro Paiva até 29 de Abril; António Olaio e Pedro Amaral, a partir de 11 de Maio; e em diante, João Tabarra e RIGO.
Após um ano de experiência e óptimos resultados, o Serviço Educativo da ZDB, pela via de um protocolo estabelecido com o Agrupamento Vertical de Escolas da Baixa-Chiado, funcionará todos os dias lectivos (2ª à 6ª feira), podendo assim todos os alunos abrangidos (do primeiro ao sexto ano) confrontar-se em carácter de regularidade com todos estes trabalhos artísticos a apresentar.
Cumpre ainda celebrar a inauguração da Livraria "Ler Devagar na ZDB" orientada para a oferta de publicações relativas ao pensamento e criação contemporâneos.
E, como o público foi habituado, ocasião para (re)-ver artes do palco: música, dança contemporânea, performance e interdisciplinares da imagem ...Em Fevereiro tivemos oportunidade de apreciar "EUROVISION" pela mão do Praga Teatro com Pedro Penim e Martim Pedroso, no final de Abril o NEGÓCIO resgata a lendária Orquestra Dramática "O Bife" de Adelino Tavares que assegura: “Um dia Levanto-me e Mato todos os Gajos que não Pensam” e no mês de Maio, também no NEGÓCIO, Sónia Gómez, performer/coreógrafa dará provas do seu especial caráctar em "MI MADRE Y YO" que claro, conta com a preciosa participação da sua mãe.

Toda, mas toda a programação ZDB neste LINK

LEITURAS

http://www.pupress.princeton.edu/images/k8230.gif

Princeton University Press
Preço: $24.95 + transporte


People obey the law if they believe it's legitimate, not because they fear punishment--this is the startling conclusion of Tom Tyler's classic study. Tyler suggests that lawmakers and law enforcers would do much better to make legal systems worthy of respect than to try to instill fear of punishment. He finds that people obey law primarily because they believe in respecting legitimate authority. In his fascinating new afterword, Tyler brings his book up to date by reporting on new research into the relative importance of legal legitimacy and deterrence, and reflects on changes in his own thinking since his book was first published.


http://www.pupress.princeton.edu/images/k8210.gif

Princeton University Press
Preço: $35.00 + transporte


In this innovative book, Keith Watenpaugh connects the question of modernity to the formation of the Arab middle class. The book explores the rise of a middle class of liberal professionals, white-collar employees, journalists, and businessmen during the first decades of the twentieth century in the Arab Middle East and the ways its members created civil society, and new forms of politics, bodies of thought, and styles of engagement with colonialism. Discussions of the middle class have been largely absent from historical writings about the Middle East. Watenpaugh fills this lacuna by drawing on Arab, Ottoman, British, American and French sources and an eclectic body of theoretical literature and shows that within the crucible of the Young Turk Revolution of 1908, World War I, and the advent of late European colonialism, a discrete middle class took shape. It was defined not just by the wealth, professions, possessions, or the levels of education of its members, but also by the way they asserted their modernity. Using the ethnically and religiously diverse middle class of the cosmopolitan city of Aleppo, Syria, as a point of departure, Watenpaugh explores the larger political and social implications of what being modern meant in the non-West in the first half of the twentieth century. Well researched and provocative, Being Modern in the Middle East makes a critical contribution not just to Middle East history, but also to the global study of class, mass violence, ideas, and revolution.


http://www.pupress.princeton.edu/images/k7699.gif

Princeton University Press
Preço: $19.95 + transporte


What kind of people are suicide bombers? How do they justify their actions? In this meticulously researched and sensitively written book, journalist Christoph Reuter argues that popular views of these young men and women--as crazed fanatics or brainwashed automatons--fall short of the mark. In many cases these modern-day martyrs are well-educated young adults who turn themselves into human bombs willingly and eagerly--to exact revenge on a more powerful enemy, perceived as both unjust and oppressive. Suicide assassins are determined to make a difference, for once in their lives, no matter what the cost. As Reuter's many interviews with would-be martyrs, their trainers, friends, and relatives reveal, the bombers are motivated more by how they expect to be remembered--as heroic figures--than by religion-infused visions of a blissful life to come.Reuter, who spent eight years researching the book, moves from the broken survivors of the childrens' suicide brigades in the Iran-Iraq war of the 1980s, to the war-torn Lebanon of Hezbollah, to Israeli-occupied Palestinian land, and to regions as disparate as Sri Lanka, Chechnya, and Kurdistan. He tells a disturbing story of the modern globalization of suicide bombing--orchestrated, as his own investigations have helped to establish, by the shadowy Al Qaeda network and unintentionally enabled by wrong-headed policies of Western governments. In a final, hopeful chapter, Reuter points to today's postrevolutionary, post-Khomeini Iran, where a new social environment renounces the horrific practice in the very place where it was enthusiastically embraced just decades ago.



PÉROLAS DE CULTURA

RETRATOS DE TRABALHO EM SANTIAGO DE COMPOSTELA, ESPANHA

abastecimento matinal(08H00 da manhã, 07H00 na república portuguesa)
(josé pedro oliveira s.)
10:21 (JPP)

Perante uma piroseira destas, de José Pacheco Pereira no seu Abrupto, palavras para quê ?
É um "artista" português"...

sexta-feira, 21 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA
















about alessandra dosselli

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(103º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

"BELÉM REDESCOBERTA" OU O CÚMULO DA ASNEIRA

É oficial.

Na passada terça-feira, dia 18, e com a presença de Suas Excelências os Ministros da Cultura, Isabel Pires de Lima, da Economia e da Inovação, Manuel Pinho, da Defesa Nacional, Luís Amado, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva, da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Carmona Rodrigues e o Presidente da Associação de Turismo de Lisboa, Carlos Fontão de Carvalho, foi apresentado o projecto "Belém Redescoberta, Economia, Turismo, Cultura e Cidade de mãos dadas".

Muito embora o nome do projecto seja semelhante aos títulos dos textos aqui publicados, juramos que este é mesmo o nome oficial do projecto, com "boldes" incluidos.

Ao consultar a informação disponível, a primeira sensação é de susto, mas a segunda é de horror.

Este projecto, pomposamente apresentado por 5 MINISTROS 5, 1 PRESIDENTE DE CÂMARA 1, E 1 PRESIDENTE DE ASSOCIAÇÃO DE TURISMO 1, é um conjunto de ideias mais ou menos "impactantes", que, no seu conjunto, não passam de um mero projecto de marketing rascoso, feito sem um minimo de rigor e análise.

Desde a pomposa e mentirosa afirmação de que a colecção Berardo é "um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea a nível mundial", afirmação já desmentida, entre outros, por Raquel Henriques da Silva que afirmou, numa entrevista à revista Pública, que a importância da colecção advém do facto de não existir outra em Portugal, ou de Augusto M.Seabra que afirmou, e não foi desmentido, que a colecção não estava sequer entre as melhores 25 europeias, excluindo portanto os Estados Unidos e o Japão, países onde se encontram as maiores e melhores colecções de arte moderna e contemporânea, até à pretenção de instalar, e reproduzimos:

Galerias de arte e ateliês de artistas
Atracção de restaurantes de gastronomia sofisticada, criativa e moderna
Atracção de lojas de alimentação, vinhos e outros produtos gastronómicos
Atracção de espaços "trendy": pequenas galerias, boutiques especializadas, bares, livrarias
Jantares-cruzeiros no rio a partir de Belém

e, para terminar em beleza;

Programação permanente de animação, incluindo mais regularidade no render da Guarda no Palácio de Belém.
Passeios de charrete

Entretanto, e com o dinheiro do novo Casino de Lisboa, irá ser construido um novo museu para albergar o actual Museu dos Coches, será recuperado o Jardim Tropical e o Museu de Marinha vai ser rejuvenescido.

O primeiro susto que este programa provoca é a constatação de que, ao mais alto nível da nossa governação, ainda não foi entendido o que é, actualmente, a dinâmica das cidades e da competição entre elas.

Todas as médias cidades (o campeonato das grandes cidades já foi perdido por Lisboa...), como Sevilha ou Valência, só para citar as mais próximas, baseiam as suas actividades de marketing e promoção no conceito de cidade como um todo, e a partir daí desenvolvem projectos parcelares, mas sempre na óptica do reforço da imagem da cidade como destino global atractivo e estimulante.

A força de Madrid, Barcelona, Sevilha ou Valência não reside nos "Bairro Alto", "Baixa-Chiado" ou "Belém" lá do sitio, mas sim no conceito de que aquelas cidades, como um todo, são destinos apeteciveis e estimulantes, e que depois, e só depois, é que surgem os locais especificos, que cada um encontra à medida dos seus interesses.

Alguém conhece um plano estratégico para Lisboa ?

Regressamos a este tema na próxima segunda-feira.

PASTEL DE NATA EX-LÍBRIS DO CONTINENTE EUROPEU OU,
UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ.


Como se não fosse suficiente o programa Belém Redescoberta para assustar uma pacata formiga, eis que surge nos jornais a notícia de que o pastel de nata foi eleito como "o representante da pastelaria portuguesa" pela actual presidência austríaca da União Europeia.

Esqueçam os pasteis de nata que se comem por este país fora, e vamos até aos famosos "Pasteis de Belém", esses sim ex-líbris dos pasteis de nata.

Imaginem que são turistas, e que na véspera da partida, de regresso ao "torrão natal", decidem ir a Belém comprar uma dúzia de pasteis de Belém para brindarem a família com um "souvenir" das férias portuguesas.

Passados dois dias após a compra, eis que se reunem, a família e os amigos, para provarem o tal representante da pastelaria portuguesa.

Abrem a embalage, deitam açucar e canela e...bem, os pasteis estão intragáveis !

Duvidam ? Então comprem um ou dois pasteis de Belém (assim não perdem muito dinheiro...) e esperem dois dias, ou, se estiverem muito ansiosos, comam-nos no dia seguinte.

Então? Gostaram?

E é isto que é eleito nosso representante na pastelaria europeia, quando temos doces conventuais magníficos, esses sim dignos de serem nossos representantes em qualquer parte do mundo.

Mas isso são outras estórias.

Talvez um dia escrevamos sobre os nossos doces conventuais.





quinta-feira, 20 de abril de 2006

DAY OUT

quarta-feira, 19 de abril de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(101º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS

What does it take to be na artist?

A Revista americana ArtNews Magazine apresenta este mês um artigo que também faz a capa e que se refere às novas formas de pintura baseadas essencialmente na fotografia. Numa exposição assinada por Linda Yablonsky, fala-se de algo que há muito tempo vem sendo tema de discussão no mundo da arte – e que leva muitos a afastarem-se dela – e que se prende com a definição da mesma num momento em que tudo parece já ter sido inventado. O mote é uma pintura de esmalte sobre alumínio da artista Marilyn Minter (uma das obras desta artista é a capa do mês de Abril da ArtNews), imagem da “Day for Night”, bienal deste ano do Whitney Museum e que mostra um olho verde maquilhado em tons de vermelho. Posto desta forma, nada faria prever a polémica, mas ela revela-se na maneira como a obra foi executada. Foi tirada uma fotografia ao dito olho, manipulada em computador, projectada no alumínio e pintada a partir daí. Não será de estranhar que o título do artigo seja “Slides and Prejudice”.

A questão não é nova nem os seus contornos desconhecidos. Dizer que a obra é menos válida porque se socorre da projecção, é renegar anos de arte, pelo menos no que diz respeito aos artistas que se socorreram dela. É renegar Warhol, Hockney, Jenny Saville e John Currin (estes dois últimos já falados no Belogue, contemporâneos e que por isso nos levam a acreditam num neo-neo-hiper-realismo, ou num super-novo-romantismo). É esquecer a importância de Gerhard Richter e Chuck Close e retirar-lhes o estatuto alcançado (mesmo que no caso de Chuck Close a mimésis seja o propósito e este, totalmente novo. Talvez por isso também mais válido?).
Dizer que uma obra é menos obra porque se socorre da fotografia é pegar fogo ao Musée d'Orsay, uma vez que todo o Impressionismo se baseou na descoberta da fotografia, primeiro com Niépce e depois com Nadar. Hoje sabemos que nem todas as paisagens (Monet), as bailarinas (Degas), as cenas da vida quotidiana (Manet), e que se podiam dizer pintura de “plein aire”, traduziam o momento em que eram pintadas. Eram, muitas delas, pinturas de atelier que traduziam antes a vontade do artista em explorar os cambiantes de luz e sombra sugeridos pela fotografia.

Dizer que uma obra que não se baseie unicamente no eixo cabeça-mão do artista não é uma verdadeira obra de arte, é arrumar Veermer, Dürer, Miguel Ângelo e outros. Veermer baseou-se na câmara escura, algo que envolvia muito mais do que apenas a ideia pré-romântica de paleta e inspiração. Ainda que a câmara escura não fosse a imagem projectada na tela, era mesmo assim um sistema complexo de espelhos e lentes que também permitia projectar uma imagem reduzida sobre as superfícies a trabalhar. Nota: Canaletto serviu-se dela, Bernardo Belloto também e Leonardo da Vinci escreveu sobre este aparelho. Dürer por seu lado inovou e tornou mais credível a perspectiva graças a um sistema que utilizava um vidro e a imaginação para fazer passar por cada ponto do objecto a desenhar, raios luminosos. O próprio Dürer era da opinião que não se devia desenhar à mão livre, mas sob princípios matemáticos. A técnica utilizada para cobrir o tecto da capela Sistina é-nos tão familiar que parece quase pueril. Miguel Ângelo fazia os seus esboços, depois, e através do método da quadrícula, aumentava os mesmos esboços para o tamanho pretendido num suporte mais rígido que o papel (cartão), recortava as figuras, colava-as nas paredes, traçava-lhes a silhueta e daí partia o desenho. Para além disso, em muitos dos trabalhos destes artistas e em quase todos dos artistas mais famosos, o recurso a aprendizes para acabar a obra era frequente.

Para saber mais, é indispensável ler e ver o livro de David Hockney “Secret Knowledge: rediscovering the lost techniques of the old masters” (Numa Fnac perto de si, mas só sob encomenda).

Na opinião Beluga (que estava para ficar em roda-pé, a letras pequeninas), arte também é técnica e técnica também é arte. A questão aqui para nós não é a da manipulação da imagem, nem da sua apropriação, mas de saber, perante um Currin, ou um outro qualquer, qual deles merece figurar nas histórias de Arte. Numa altura em que o investimento em arte é o segundo que mais retorno oferece, quem é o “verdadeiro artista”? O que chega primeiro, ou o que chega a algum lado mesmo que seja o único?