domingo, 30 de abril de 2006

JOÃO BENARD DA COSTA OU,
LA CINÉMATHÈQUE C´EST MOI

É muito curioso, para avaliar ao estado a que este país chegou, assitir à polémica que se levantou quando a ministra da cultura Isabel Pires de Lima "fez passar" a ideia de que não iria reconduzir João Benard da Costa no cargo de director da Cinemateca Portuguesa.

Um dos dados mais curiosos reside no facto de uma "enorme maioria" louvar a obra que o ainda director da CP levou a cabo na instituição que dirige.

Parece que não é obrigação de qualquer dirigente público responsável trabalhar para que a instituição que dirige atinja os mais altos valores de excelência. Pelos vistos, este príncipio está tão esquecido que quando alguém como JBC desempenha, e não tão bem como isso, a sua obrigação, é elevado à condição de herói nacional.

Convém recordar que o distinto JBC já foi distinguido com o Prémio Pessoa pela "sua obra", como se a obra maior não fosse a dos realizadores que realizaram os filmes, dando assim motivo a JBC desempenhar as funções que desempenha.

Muitos criticam a programação, outros a falta de actualidade da mesma, e outros mais criticam outros aspectos da "obra" de JBC.

Mas, de entre os depoimentos de "respeito e admiração" entretanto emitidos, um dos mais curiosos é o de Paulo Branco. Segundo este produtor/exibidor "A Cinemateca só faz sentido com o Dr. Bénard da Costa como presidente". Depois é blá blá blá, e termina "Todas as regras têm excepção e se não há pessoas insubstituíveis, neste caso, a excepção é o Dr. Bénard da Costa".

Logo, o problema que se coloca é saber se, quando Bénard da Costa morrer (sim, que por este andar JBC morre como as àrvores, de pé, ou seja, agarrado ao microfone a apresentar mais um filme na "sua" cinemateca), fazemos uma enorme pira da cinemateca com o corpo de JBC lá dentro, e deitamos fogo a tudo aquilo, ou se colocamos uma estátua de JBC à entrada da "sua" cinemateca perante a qual, todos os dias, o pobre do seu sucessor fará voto público de não adulterar a obra do "pai" da cinemateca, e ao mesmo tempo pede desculpa, diária e publicamente, por não estar à altura de suceder a tão "augusta" personagem.

E no meio de tudo isto, Isabel Pires de Lima recuou na intenção de substituir JBC, mostrando, mais uma vez, o seu "apurado" sentido estratégico, já demonstrado, aliás, no decorrer das negociações com o comendador Berardo relativas à colecção de arte moderna e contemporânea do mesmo, quando num dia dizia uma coisa, e logo a seguir dizia o contrário, com as orelhas ainda encarnadas dos puxões de Sócrates na orelha esquerda e de Berardo na orelha direita (a formiga bargante gosta muito de respeitar os posicionamentos ideológicos de cada um...).

E é assim que este país anda !

Longa vida ao camarada "senador" João Benard da Costa.

2 comentários:

Mr. Steed disse...

afinal parece que nem toda a gente acha que o Bénard deve continuar...interessante.

Anónimo disse...

afinal estás aqui!