quarta-feira, 26 de abril de 2006

LISBOA AO DEUS DARÁ

Tudo (re)começou com o anúncio de Maria José Nogueira Pinto, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, da nomeação de uma comissão de sábios para estudarem medidas para a revitalização da zona Baixa/Chiado, estudo esse a ser apresentado dentro de seis meses, a partir da data da posse da comissão.

Seguiu-se o anúncio, na passada semana, e com a presença de 5-ministros-5, entre outras personalidades, do programa Belém Redescoberta, que pretende dinamizar a zona de Belém, com um "ambicioso projecto", de entre os quais a Formiga Bargante destaca, pela originalidade e funcionalidade (como iremos demonstrar num dos próximos textos), a introdução de passeios de charrete e a maior periodicidade no render da guarda no palácio de Belém, "morada" dos Presidentes da Républica.

Finalmente, e já no final da passada semana, Manuel Frasquilho, presidente do Conselho de Administração do Porto de Lisboa veio anunciar um projecto para os próximos 15 a 20 anos, tendo em vista o desenvolvimento da zona ribeirinha lisboeta.

Refira-se que o projecto de Manuel Frasquilho tem a forte oposição do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues.

Num curto espaço de tempo temos assim o anúncio de 3 grandes iniciativas para zonas distintas da cidade, cada qual com imagem própria, estratégia própria, e implementação isolada e sem qualquer ligação entre si.

Dentro em breve teremos, segundo os seus responsáveis, entre outras, 3 ideias fortes para Lisboa, duas delas com "marcas próprias", Baixa/Chiado e Belém Redescoberta, com orçamentos próprios, campanhas próprias e, imagina a Formiga Bargante, equipes de direcção próprias.

Contrariando uma das regras básicas do marketing, o da concentração de esforços e financiamentos numa única "marca", e a partir desta publicitar outras iniciativas a ela associadas, os nossos "cérebros" preparam-se para diluir os escassos recursos disponiveis por "sub-marcas" como "Baixa/Chiado", "Belém Redescoberta" ou "Zona Ribeirinha".

Mas como se isto não fosse suficiente, os nossos "ilustres cérebros" contrariam outra das regras elementares que por esse mundo fora estão a ser seguidas pelas equipes que estudam o marketing das cidades, ou seja, o envolvimento das populações locais no estudo e discussão das ideias/base que servirão à elaboração posterior dos tais planos de marketing.

Só a título de exemplo, "vejam" estes dois projectos, o primeiro o da "Creative London", e o segundo o da Glasgow 2020.

O primeiro, "Creative London", tem como objectivo colocar Londres como a cidade capital das industrias criativas.

No site cujo link daremos no final deste texto, encontram toda a informação relativa a este projecto, encontram formas de participarem no projecto, seja assistindo às reuniões públicas, seja sugerindo novas ideias ou actuações sabendo que a vossa sugestão será analisada, enfim, pratica-se uma política de transparência e informação, estimulado os cidadãos a participarem.

O outro projecto, Glasgow 2020, define-se como:

Glasgow 2020 is a project to collect together the imagination of the city to tell a new story about its future. This site is a place to read and submit stories, make wishes and check out events about the future of Glasgow. What's your story?

Também aqui a participação dos cidadãos de Glasgow é a chave desta iniciativa.

E, se repararem bem, as duas partem dos nomes das respectivas cidades, Creative London e Glasgow 2020, e só depois é que desenvolvem os projectos respectivos.

É por estas e por muitas outras que Lisboa, e já agora o país, está tristemente condenado a afastar-se cada vez mais do que de mais estimulante e actual se realiza nesta Europa que nos rodeia, mas da qual insistismos teimosamente em não fazer parte.

Creative London LINK
Glasgow 2020 LINK














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