quarta-feira, 14 de setembro de 2005

OS PÚBLICOS DOS MUSEUS - 10

MUSEU NACIONAL DO AZULEJO

No texto anterior descrevia o resultado de uma visita ao Museu.

Agora ficam algumas questões, para que, quem possa e saiba, responda.

A - VISITANTES DO MUSEU
1 - Visitantes nacionais
Como se entende que este Museu, em 2004, só tenha tido 11.684 visitantes nacionais, dos quais 6.696 adultos e 4.988 jovens, e de entre estes jovens 4.274 tenham "aparecido" através das escolas?
Só para comparar, o Museu de Alberto Sampaio, em Guimarães, teve, em 2004, 6.276 jovens visitantes "aparecidos" através das escolas.
Será que Lisboa, e em particular o Museu do Azulejo, tem menos capacidade para atrair os jovens das escolas ?
Será que o Programa Anual do Museu contempla esta questão?

2 - Visitantes estrangeiros
Qual será a sensação de um visitante estrangeiro, ao percorrer o Museu do Azulejo sem textos, pelo menos em inglês ?
E que dizer das exposições temporárias, que ocupam um espaço nobre e enorme do Museu, sem que exista uma pequena legenda noutra lingua,, que não o português?
E que dizer da falta do roteiro do Museu, em inglês, desde tempos que as funcionárias e os funcionários não conseguem situar a data ?

AZULEJARIA PORTUGUESA DO SÉCULO XX
Instalada num corredor, sem um mínimo de dignidade ou visibilidade apropriada, que imagem damos aos mais de 80% de visitantes estrangeiros que visitam o Museu ?
E a ligação, que não existe, ao Metropolitano de Lisboa e aos cerca de 50 artistas plásticos representados em vários paineis de azulejos nas estações do Metro?
Será que ninguêm entende, (Museu, IPM ou Ministério da Cultura), que estamos a desperdiçar uma oportunidade única para confrontar os visitantes estrangeiros com a nossa realidade actual no panorama das artes plásticas, e da azulejaria em particular?

EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
Para a azulejaria portuguesa do século XX não existe espaço, para além de um corredor.
Para as exposições temporárias, existem inúmeros lugares (Hein Semke uma sala, Alev uma sala, Azulejaria Valência 3 pisos !) bem como verbas importantes para a realização das mesmas.
Será por acaso? Não não é !
E já vamos saber das razões.
Mas, para já, seria interessante saber que verbas movimentou a exposição da Cerâmica Valênciana. Estamos em crer que se estas verbas fossem tornadas públicas, e num país decente e em dificuldades financeiras como o nosso, o mínimo que podia acontecer era o Director do Museu, Dr.Paulo Henriques, sêr demitido.
Mas aposto que estas verbas nunca serão tornadas públicas.
E, para acabar, gostariamos de saber dos critérios que levam à realização destas exposições temporárias num Museu que é visitado em percentagens superiores a 80% do estrangeiros?
É o critério do interesse da cultura nacional ou é o critério do interesse do Director do Museu?

ALGUNS PRINCIPIOS DE RESPOSTAS

Tudo aquilo que temos vindo a apontar ao Museu do Azulejo, leva à conclusão de que, tal como no Museu do Chiado, estamos perante um projecto pessoal para "valorização" da imagem do Director do Museu, Dr.Paulo Henriques.

O desprezo do Director do Museu pelo público deste MUSEU NACIONAL, é evidente.

Desde as faltas grosseiras de apoios didácticos, básicamente em inglês mas tambêm em português, à falta dos roteiros do Museu em português e em inglês, (desde tempos que a memória dos funcionários não consegue recuperar), ao completo desprezo pela azulejaria contemporânea e pelos seus criadores, de tudo isto temos um catálogo bastantes preenchido.

E qual a razão de às exposições temporárias serem atribuidos espaços, recursos humanos e financeiros e energias várias, em detrimento de funções mais fundamentais da função museológica, como um maior respeiro pelo século XX?

A resposta é simples: o Dr. Paulo Henriques, enquanto director do Museu, só aumenta a sua visibilidade e o seu circuito de influências através das exposições temporárias, básicamente se elas forem consagradas a exposições dedicadas a temáticas não nacionais.

Mas, provávelmente, nem é ele o maior responsável por esta situação.

É ao Instituto Português de Museus que compete aprovar e acompanhar os Projectos Anuais dos Museus por si tutelados.

Ao aprovar tais projectos, torna-se cumplíce, no Museu do Azulejo, no Museu do Chiado e provávelmente noutros Museus.

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