quinta-feira, 8 de setembro de 2005

OS PÚBLICOS DOS MUSEUS - 8 (AINDA O MUSEU DO CHIADO)

Em complemento do texto de ontem, mais duas questões que se nos afiguram importantes:

1ª QUESTÃO

Da Lei Orgânica do Instituto Português de Museus, publicada no Diário da República (I série) nº 239 de 13-10-1999, e no artigo 12º alinea a) consta, entre outras competências da Direcção de Serviços de Museus do IPM o seguinte:
"... assegurar o cumprimento dos planos de actividades dos serviços dependentes...", sendo que por "serviços dependentes" se deve entender os Museus Nacionais dependentes do IPM.

Logo, desde 1999, pelo menos, que os Museus, e entre eles o do Chiado, têm que apresentar à Direcção do Serviço de Museus do IPM um plano de actividades anual que aquela Direcção tem a obrigação legal de fazer cumprir.

Dado que se trata de serviços públicos, não seria de exigir a divulgação pública dos planos anuais do Museu do Chiado, e já agora qual a apreciação da Direcção do Serviços de Museus faz dos mesmos ?

Como fácilmente se compreende, a direcção desastrosa de Pedro Lapa à frente do Museu do Chiado tem responsabilidades compartilhadas, dado que legalmente a situação de perca constante de visitantes, desde 1998, não pode ser ignorada pelo IPM.

2ª QUESTÃO

Em 24 e 25 de Novembro de 2003, o Observatório das Actividades Culturais realizou no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa um encontro que tinha como tema "Públicos da Cultura".

Deste encontro resultou um livro, editado e disponivel no Observatório das Actividades Culturais (www.oac.pt), no qual são transcritas as intervenções feitas naquele encontro.

De entre as várias intervenções destacamos a de Pedro Costa, com o título "Públicos da Cultura, Redes e Território: Algumas Reflexões Sobre a Sustentabilidade de Um Bairro Cultural".

Na introdução, escreve Pedro Costa:

"O objectivo deste texto é efectuar uma reflexão sobre a sustentabilidade de um bairro cultural da cidade de Lisboa (a zona do Bairro Alto e do Chiado), com base nalgumas constatações verificadas no que concerne aos públicos das actividades aí desenvolvidas e às relações estabelecidas entre os actores que consomem e produzem actividades culturais nesse espaço".

Nesta longa comunicação de Pedro Costa (27 páginas) são minuciosamente descritos e analisados "...os actores que consomem e produzem actividades culturais nesse espaço".

Mas, curiosamente, ou talvez não, não existe uma única referência ao Museu do Chiado.

Ou seja, no espaço Bairro Alto-Chiado, nem uma única vez o Museu do Chiado é considerado um dos actores que produzem actividades culturais no espaço do Chiado.

Quanto a nós, esta é mais uma demonstração muito clara do divórcio estabelecido entre Pedro Lapa/Museu do Chiado, (aliás bem patente na análise do número de visitantes do Museu do Chiado) e os públicos a que supostamente o Museu se deveria dirigir.

E o Instituto Português de Museus permanece mudo e quedo !

Já agora, para além de recomendar a compra do livro referido, salientamos tambêm a comunicação do Prof. Paquete de Oliveira, com um título provocatório, mas muito actual:

O "PÚBLICO NÃO EXISTE. CRIA-SE"
Novos média, novos públicos?

Amanhã continuamos.

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