AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE 2005
Fátima Felgueiras, Isaltino de Morais, Mesquita Machado, Valentim Loureiro, eis algumas das faces visíveis da "enorme maioria" do nosso poder autárquico.
Esta "enorme maioria" não possue notoriedade nem visibilidade mediática, mas quanto aos métodos de actuação, as diferenças não são significativas.
Interrogam-se as "boas almas": como foi possível chegar até aqui?
Pergunta mal formulada.
A pergunta correcta será: como é que ainda não saímos daqui ?
Vejamos uma breve cronologia, relativa a Portugal:
1862 - Do total da população masculina, 4% frequentava a escola, nos seus vários graus de ensino, primário e médio. 0,98% da população feminina frequentava as mesmas escolas.
1910 - Implantação da Républica.
O analfabetismo tinha descido para 76,1% do total da população.
1914-1918 - Primeira Grande Guerra Mundial.
O esforço financeiro português é canalizado para a guerra e não para a educação.
1926 - Implantação da ditadura fascista de Oliveira Salazar.
É sobejamente reconhecida a "dedicação" da ditadura para aumentar o grau de literacia da população em geral.
Prisão ou exílio para os professores mais dotados e dedicados.
1974 - Após 48 de fascismo, finalmente um regime que se propõe acabar com o "analfabetismo funcional" e implementar um sistema geral de educação.
2005 - Continuam as discussões sobre o método a adoptar para elevar o grau de literacia dos portugueses.
A partir deste quadro, qual o espanto perante a eleição dos "notáveis" citados no primeiro parágrafo ?
A Formiga Bargante está a desenvolver um outro blogue, As Farpas, no qual irão sendo publicadas, ao ritmo que for possível, as notabilíssimas crónicas de Ramalho Ortigão e Eça de Queiroz sobre o final do século XIX e o início do século XX em Portugal.
Ao ler aqueles textos poderão verificar como, desde então, tão pouco mudou em Portugal.
Em paralelo, e para ajudar a situar os textos de "As Farpas", iremos publicando, aqui, na Formiga Bargante, um conjunto de textos notáveis de um homem tão injustamente esquecido, Alberto Ferreira, que em parceria com sua mulher, Maria José Marinho, outra investigadora de excepção, publicou um estudo fundamental sobre a polémica "Bom Senso e Bom Gosto - Questão Coimbrã", bem como um conjunto muito variado de textos relativos à problemática da educação em Portugal e em particular durante o século XIX.
Não deixaremos de publicar, embora com intervalos maiores, alguns textos sobre o Instituto Português de Museus, mas, como já afirmámos, irregularmente.
Sem conhecer minimamente o passado, não é possível entender o presente, e muito menos perspectivar o futuro.
Vamos a isso !
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