segunda-feira, 3 de outubro de 2005

DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE MUSEUS?

Um Museu é ...
O que é um Museu ?

Em 1945 (!) Francis Henry Taylor publicou um livro, cujo título era: A Torre de Babel-O dilema dos museus contemporâneos.

A páginas 39 escreveu: "Each generation has been obliged to interpret this vague word -museum- according to the social requirements of the day"

E o que é que a Formiga entende por "Museu" ?

Fomos encontrar resposta a esta questão num "paper" de Lynne Teather sobre o tema dos museus e das suas ligações à net (a Museum is a Museum is a Museum...Or is It?".

Assim, na página 8 desse "paper", Lynne Teather escre: "...the museum, is a dynamic, complex and variable human form of endeavour, an entity wich has show over time adaptative qualities as it transforms to the new societal developement at least in some form".

E na página 9: "At this point, we must acknowledge that we have fundamentally inverted the definition of the museum, to one that is much more about human experience, about people as museum makers and those who make meaning in museums.
This is a person-centred model of the museum ideia".


E mais à frente: "Thus, it is in the personal experience of museums that the essence of the museum lies".

Este é o nosso ponto de partida.

Tendo assumido que a razão de existir de um museu são as pessoas, as pessoas que o frequentam e as pessoas que o produzem (e não os objectos neles guardados ou expostos, como durante muito tempo se defendeu), passemos a analizar mais em pormenor dois dos mais representativos museus ligados ao IPM, o Museu do Chiado e o Museu do Azulejo, para em seguida analisar a actuação do IPM.

Já aqui foram analisados estes dois museus, (entre outros) mas na óptica de que não existe uma crise de visitantes nos museus do IPM, existe sim uma crise de visitantes em 3 dos 29 museus tutelados directamente pelo IPM.

A partir dessa análise (aos recém-chegados à Formiga Bargante aconselha-se uma leitura dos textos anteriormente publicados) constata-se que o Museu do Chiado perdeu 45% de visitantes entre 1998 e 2004, ou seja, passou de 60.440 visitantes em 1998 para 33.442 visitantes em 2004.

Face a estes números, como se pode defender que o director do Museu, Pedro Lapa, norteou a sua actuação tendo em vista as pessoas e não a sua carreira profissional, alías, algo de muito comum em alguns directores de museus do IPM, mas este aspecto será abordado quando nos detivermos sobre o processo de escolha(?) dos directores dos museus do IPM.

Para não ficarmos expostos à acusação de que estamos a fazer uma análise contabilistica dos visitantes de museus, vejamos, na página oficial na net do Museu do Chiado, quais foram as acções de captação e educação (termo polémico...) de novos públicos.

A"ementa" dos serviços educativos doMuseu do Chiado é longa e exigente.

Vejamos:

- Visitas guiadas
- Projectos continuados
- Formação de professores
- Colaboração com escolas
- Ateliers pedagógicos semanais
- Ateliers pedagógicos fins de semana
- Workshops
- Jornal pedagógico
- Material de divulgação
- Galeria Arte Nova

De entre todas estas actividades, só duas (jornal pedagógico e galeria arte nova) disponibilizam alguma informação, para além daquelas frases de "boas intenções" relativamente aos projectos enunciados.

Assim, o Jornal Pedagógico disponibiliza, para descarregar via PDF, o seguinte material:

a) - Man Ray (ligado à exposição efectuada entre outubro de 2000 e Janeiro de 2001)
b) - Surrealismo em Portugal 1934-1952 (ligado à exposição efectuada entre 24 de Maio e 23 de Setembro de 2001)
c) - Miguel Lupi (ligado à exposição efectuada entre 28 de Fevereiro de 2002 e 26 de Maio de 2002
d) - Queres conhecer o Julião Sarmento? (ligado à exposição realizada entre 8 de Novembro de 2002 e 9 de Fevereiro de 2003)

A partir do Julião, silêncio absoluto. Nada mais aconteceu !

Quanto à Galeria Arte Nova, destina a públicos muito jovens, a informação disponivel, genérica e sem qualquer ponta de interesse, refere-se aos anos ... 2001 e 2002 !

A partir desta data, silêncio absoluto. Nada mais aconteceu !

Isto relativo à informação específica contida na página da Net do Museu.

Mas a Formiga Bargante é curiosa (como todas as formigas) e foi comparar o número de alunos de escolas que estiveram no Museu do Chiado, entre 2001 e 2004.

E os números são estes:

2001 - 5.151
2004 - 2.524

Ou seja, uma perca de 51% de alunos de escolas!

Face a esta realidade, perca de 45% visitantes entre 1998 e 2004, e de 51% de alunos de escolas entre 2001 e 2004, bem como o panorama que se adivinha pela informação disponivel sobre os serviços educativos, cabe perguntar, uma vez mais:

Ao serviço de quêm está o Museu do Chiado ?

Do público, sua razão de existir, não está.

Então, está ao serviço de quem ?

Quanto ao papel do IPM nesta e noutras situações, escreveremos mais á frente.

1 comentário:

O Blogger do José Cláudio Bruno disse...

Nestes momentos em que a língua portuguesa recebe compulsório padrão estabelecido pelos governos de Portugal, Brasil e demais países outrora colônias de Portugal a gente acaba ficando em dúvidas com relação às muitas redações que vemos na internet. Por exemplo, nesse blog o autor usa o termo "perca" (do verbo perder) para referir-se às perdas de visitas a museus. Afinal, aí em portugal, o correto é usar "perca" nesse caso e não o substantivo "perda"?
Obrigado,
José Cláudio Bruno