terça-feira, 4 de outubro de 2005

DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE MUSEUS? (2)

Um Museu é...
O que é um Museu ?

Não, não vamos repetir parte do texto anterior, nem se trata de qualquer engano.

O que pretendemos deixar muito, mas muito bem claro, é o nosso conceito de Museu:

""... It is in the personal experience of museums that the essence of the museum lies"

Mas para que essa experiência pessoal seja o mais "arrebatadora" possivel, torna-se imperioso que as actividades dos museus tenham por destino os seus frequentadores.

E, nalguns Museus da rede do IPM. tal não acontece. E dizemos "nalguns" porque não os conhecemos todos. Caberá aos nossos "leitores" ( se para aí estiverem virados...) complementar as nossas (muitas) lacunas.

Antes de entrarmos no "prato de resistência", entenda-se Instituto Português de Museus, vamos hoje falar novamente no Museu do Azulejo.

Se o Museu do Chiado é o caso mais gritante da ligação público/privado do seu Director, Pedro Lapa, o Museu do Azulejo é o caso mais evidente do total desprezo do seu director, Paulo Henriques, pelos públicos que visitam o NOSSO (e não dele, Paulo Henriques) Museu.

Recapitulando textos anteriores, convêm recordar que mais de 80% dos visitantes do Museu do Azulejo são estrangeiros, e que desde tempos que a memória dos funcionários do Museu não conseguem recuperar, não existe qualquer informação sobre o Museu em qualquer língua a não sêr o português.

Isto é muito grave, porque a nossa cultura, os nossos valores, e já agora o respeito por quem nos visita, são totalmente ignorados.

Qual a informação que os estrangeiros guardarão na memória da visita ao Museu do Azulejo, se não têm um mísero texto tirado em impressora de jacto de tinta para os elucidar sobre o Museu que estão a visitar ?

Qual o contexto em que se desenvolve a sociedade portuguesa e os seus valores e importância, nas várias épocas relativas às peças expostas ?

Qual a importância dos descobrimentos portugueses para o aparecimento da tal "Influência Oriental do Século XVII?"

Qual o sentido de efectuar uma enorme exposição temporária sobre a azulejaria valênciana, SEM UMA ÚNICA LEGENDA EM INGLÊS, (quanto mais um texto mais detalhado sobre a mesma) se mais de 80% dos visitantes são estrangeiros ?
Já agora, qual foi o custo desta exposição temporária? (estamos seguros de que jamais obteremos resposta. O custo foi um escândalo!)

Qual o sentido de dotar as exposições temporárias do maior espaço dedicado pelo Museu a um só tema, quando sobre a azulejaria portuguesa dos séculos XX e XXI está reservado um mísero corredor ?

Qual o sentido de ignorar totalmente a presença predominante e determinante da azulejaria contemporânea nas estações do metro de Lisboa?

Qual o sentido de o Museu do Azulejo, com mais de 80% de visitantes estrangeiros, não fazer uma única menção à possibilidade de, pelos menos os estrangeiros, (dado que são eles que visitam o museu em maior número), poderem ter um contacto mais directo e impactante com os artistas portugueses nas estações do Metro?

O sentido de tudo o que foi focado, e de muito mais que ficou por escrever (as reservas do museu, as reservas do museu...) apontam num único sentido:

O director do Museu do Azulejo, Paulo Henriques, persegue um projecto pessoal, e utiliza os bens e os dinheiros públicos não, em favor de uma estratégia nacional, mas sim de uma estratégia pessoal.

Internacional e nacionalmente quem seria Paulo Henriques se não fosse director do Museu do Azulejo ?
Sim, que o Museu das Caldas da Rainha não dá nem prestígio nem visibilidade.

Mas isso são outras "estórias", de amizades, influências e redes de poder.

Ficará para outra oportunidade.

Nota: Mas é Paulo Henriques o único responsável? A resposta é não. O Instituto Português de Museus, ao consentir esta situação é, pelo menos, tão responsável como Paulo Henriques.

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