segunda-feira, 31 de outubro de 2005

UM APELO À MINISTRA DA CULTURA, OU DO DIREITO À INDIGNAÇÃO

Vamos começar este texto como se fora uma fábula (mas é real, infelizmente...)

No longínquo ano de 2002 ou 2003 (não sabemos bem a data, mas vamos saber em breve...), Alexandre Pomar, no Expresso, publicou aquele que a Formiga Bargante pensa ter sido o primeiro artigo sobre o Museu do Chiado/Ellipse Foundation/Pedro Lapa.

Já nessa altura (a Formiga Bargante está prestes, prestes a recuperar esse texto, e assim que o tenha vai sêr publicado aqui) Alexandre Pomar denunciava o carácter promiscuo desta ligação.

Denunciava, e bem, só que não houve qualquer reacção, quer do governo de então, quer da chamada sociedade civil.

E os homens da Ellipse Foundation, ao sentirem que tinham passado o primeiro teste sem grandes problemas, julgaram perceber que tinham caminho aberto para as suas actividades.

E o problema é que tinham razão !

Ninguém actuou, ninguém comentou, ninguém reagiu, ninguém !

Só que (e nestas histórias há sempre um "só que") uma figura mal amada do nosso meio cultural, qual Quixote fora de tempo, resolveu "arremeter" contra a Ellipse Foundation, Pedro Lapa e tantos outros interesses ligados a esta "estória", e voltar a denunciar este escândalo, porque de um verdadeiro escândalo se trata.

E esse Quixote fora de tempo (esta imagem do Quixote tem montes de chique, estamos num centanário do Quixote, não é? a formiga é muito culta... adiante), mas como iamos dizendo, esse Quixote fora de tempo começa a publicar uma série de artigos (quantos?) no Público sobre o tema da promiscuidade Museu do Chiado/Ellipse Foundation, e aí Pedro Lapa comete um erro de morte: responde a Augusto M. Seabra, o tal Quixote fora de tempo.

E comete um erro de morte porque, como comentava um amigo da formiga, se não tem cometido tal erro o Quixote fora de tempo não encontrava moinhos contra os quais lutar.

Mais acrescentou esse amigo que Pedro Lapa não se deve ter aconselhado com o seu outro colega português da Ellipse Foundation (se querem saber o nome vão ao site da Ellipse, seus mandriões...) porque esse "sabidão" jamais responderia a denúncias ou provocações.

Nunca !

Até agora estamos no terreno da inventariação histórica.

Se querem saber um pouco mais dos factos históricos, consultem o Público (o texto de Alexandre Pomar está prometido para publicação aqui na Formiga) ou os vários textos que a Formiga Bargante tem dedicado ao assunto.

Mas agora passemos da história aos dias de hoje.

Como dizem nos aviões em situações de turbulência, aterragem ou descolagem: fasten your seat belt.

Então aqui vamos.

Pedro Lapa, ao longo destes anos, tem andado a visitar galerias de arte internacionais, apresentando-se numa dupla condição: Director do Museu Nacional do Chiado e Representante da Ellipse Foundation.

Em nome da Ellipse Foundation negoceia a compra de uma ou várias peças de artista ou artistas representados pela galeria, e uma vez obtido um preço vantajoso (tudo se negoceia, dos carros em segunda mão à arte...) atira com a bomba atómica: "qual é o desconto que me faz se eu fizer uma exposição deste artista no Museu Nacional do Chiado ?.

No início os galeristas nem queriam acreditar: AS EXPOSIÇÕES DE UM MUSEU NACIONAL SEREM UTILIZADAS COMO MOEDA DE TROCA PARA A AQUISIÇÃO DE UMA PEÇA POR PARTE DE UMA ENTIDADE PRIVADA ?.

Mas rápidamente se deram conta que Pedro Lapa falava verdade, e ainda mais rápidamente passaram palavras entre eles.

E hoje em dia, não só nas reuniões institucionais internacionais se comenta esta situação, como já foi escrito aqui na Formiga Bargante, como no meio profissional da arte internacional a situação é comentada em termos nada abonatórios para Portugal.

Tal nunca tinha acontecido !

Nalguma coisa temos que sêr bons, não é verdade ?

E é aqui que entra o direito à indignação.

Com Pedro Lapa e os seus métodos de actuação já nem vale a pena perder tempo.

De Manuel Oleiro, cúmplice de Pedro Lapa no mínimo por omissão, já não vale a pena falar.

Para já, resta-nos a Ministra da Cultura, que reconduziu Manuel Oleiro.

Não é mais possível à Ministra olhar para o lado, e não vêr nada, não ouvir nada, não se aperceber de nada.

Agora, Senhora Ministra o problema é seu.

Tem um director de um Museu Nacional que utiliza o mesmo, na feliz expressão de Augsuto M.Seabra, como o Museu "Chêz Lapa ao Chiado", e um director do Instituto Português de Museus, que mais não seja por omissão é cúmplice de Monsieur Pedro Lapa (assim é mais chique...).

Portanto, Sra. Ministra, face a esta situação, não há mais almofadas.

Ou, de uma vez por todas, toma mão ao que acontece no Instituto Português de Museus (e o que se passa com o Museu do Chiado não é a excepção do mau governo dos Museus Nacionais, mas sim o caso mais escândaloso...) ou então, o que nos resta ?

Além do direito à indignação, Senhora Ministra,
o que mais nos resta ?

Ficar calados é que nunca !

2 comentários:

Belogue disse...

Sei do caso de um conservador de um museu nacional que gostaria de abrir uma casa de antiguidades e foi de imediato denunciado. Visto esse museu ser frequentemente esquecido (tenho aqui à minha frente o "Plano de actividades do IPM e museus integrados" que refere entre outras coisas as obras que os museus portugueses vão sofrer e omite o museu em causa), é de estranhar como esta intenção (intenção apenas, ainda não estava nada adquirido) de abrir uma loja de antiguidades chegou tão rapidamente ao IPM.
A Srª ministra da Cultura deve andar demasiado preocupada em "definir" coisas, mas isso fica para o Belogue, daqui a nada.

Anónimo disse...

O lapa é um napoleão, tem de ser isilado numa ilha,e o melhor é ser nas berlengas, pois aquilo é uma praga, e as pragas devem estar isoladas sem contacto com os outros. senhora ministra veja se começa a ver melhor o que tem para fazer.
Anda mesmo ceguinha