ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS (AGENDA)
Cartas fragmentárias a um amor perdido
De Mónica Calle. Uma criação da Casa Conveniente
Na Culturgest
dias 18,19,21 e 22 de Novembro
"Moro neste país de água. Moro neste país por engano. Mas vem ver-me se quiseres. Nós não temos mais feridas para abrir. A noite está cada vez mais perto de nós. Talvez seja melhor que não o diga. Caminhamos em direcção um do outro. Inútil. Ainda te quero tocar. Stop. Chega. Continua a chover. Olho e fixo um ponto invisível no muro. Ninguém o pode roubar. Moro neste país líquido acredita-me por engano. Tenho-te do outro lado da pele. Sobreviver para além de cada dia. Para além do desejo. O deserto das palavras. Tenho medo de escrever. O meu desejo cola-se agora ao rio. À deriva. Longe daqui. É uma outra maneira de sufocar. Viajo. Invento outros prazeres. Outras perversões. Outros mortos que conservam vivo este corpo. Terei eu segredos? Na ausência do corpo que amamos com intensidade o texto aparece. Escrever as palavras que não podemos compreender. Escrever de maneira a não compreender aquilo que foi escrito. Repito. Mas vem ver-me se quiseres".
Mónica Calle
Estreou ontem mais um espectáculo de Mónica Calle. Desta vez não na sua Casa Conveniente, mas na Culturgest.Espectáculo belo mas terrível, retrato de emoções e desesperos, de alguém que habita um país por engano, o nosso.
Trabalho notável das actrizes, de uma força dramática e física demolidores.
Estejam onde estiverem, apanhem o carro, o comboio, ou venham a pé, mas , sobretudo, não percam este espectáculo.
Não percam !
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