LÁ VAMOS, CANTANDO E RINDO ...(4)
Conforme prometido, passamos a divulgar os números recebidos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, relativos aos licenciados desempregados, registados naquele Instituto, em Outubro de 2005 (e ainda dizem que as estatísticas não funcionam...).
No entanto, e para colocar este texto no devido contexto, convêm recordar que esta nossa "investigação" decorre de uma notícia do jornal Público da passada quinta-feira, que mereceu destaque principal na primeira página e no caderno de economia daquele jornal, e em cujas "manchetes" se destacava que em Portugal havia cerca de 60.000 licenciados desempregados.
Para um país tão necessitado de mão de obra qualificada, é obra.
Mas como a Formiga Bargante é muito, mas mesmo muito curiosa, foi saber de que tipo de desempregados licenciados estamos a falar, e da sua adequação, ou não, ao mercado de trabalho.
Apertem os vossos cintos, e vamos lá partir nesta viagem pelos números do IEFP.
Antes de tudo o mais, convém recordar que os números do INE são obtidos por método estatísticos, e apontam par cerca de 60.ooo licenciados desempregados.
Já quanto aos números do IEFP, referem-se aos desempregados efectivamente registados naquele instituto, e apontam, em Outubro de 2005, para 46.304 licenciados desempregados.
Destes, 5.272 correspondem a habilitações literárias desconhecidas ou mal especificadas, portanto, decidimos reduzir a nossa amostra, eliminando estes desconhecidos, o que nos atira para 41.302 licenciados, com cursos devidamente identificados.
O primeiro grupo de 4 áreas de formação, num total de 58, é responsável por 50% dos desempregados !
E quem são eles ? Aqui vão:
1 - Formação de Professores e Formadores 10.723 ou seja, 26% do total
2 - Ciências Sociais e do Comportamento 4.786, ou seja, 12% do total
3 - Gestão e Administração 2.753, ou seja, 7% do total
4 - Linguas e Literatura Estrangeira 2.072, ou seja, 5% do total
Como se pode verificar pelos números apresentados, 50% dos licenciados registados como desempregados pelo IEFP dificilmente encontrarão colocação em áreas que tenham algo a ver com a sua formação académica, exceptuando, eventualmente, o grupo de Gestão e Administração.
E mesmo estes, para estarem no desemprego (estarão mesmo?) é que algo não bate lá muito certo. Com mais ou menos dificuldades, este tipo de curso lá vai dando para entrar no mundo do trabalho.
Portanto, quando um jornal respeitável (?) publica cabeçalhos alarmistas (60.000 licenciados desempregados) sem oferecer aos seus leitores uma leitura mais informada, está a prestar um péssimo serviço aos seus leitores, entre os quais a Formiga Bargante se inclui.
Mais tarde voltaremos aos números do IEFP, mais tarde mas ainda hoje !
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