domingo, 6 de novembro de 2005




















night shadows
edward hooper



Night Shadows

Cai no cimento a pá de metal,
passa a vassoura no sobrado,
estilhaça vidro no ladrilho,
batem acremente as tuas mãos.

Junto ao muro de tijolo e máquinas
descalço as alpergatas,
bebo numa chávena de esmalte
o café do meio da manhã.
Volto à picareta do lamaçal
de cascalho e âncoras, os estivadores
firmam os tubos, contentores, roldanas.

Estacas, figuras com calças dobradas,
botas de plástico grená, gabardinas
correm pelo fumo da chuva
sobre o alcatrão, cruzam-se dobrados,
nunca mais se vêem, morre cada um
para cada um.Da minha janela, entre oa canos de água, a tardia luz.

consequência do lugar - uma exposição
joaquim manuel magalhães

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