NOVE EUROS NOVE
Muito do público que se movimenta nos espaços da cultura, não imagina o que acontece na vida real e concreta de muitos festivais.
Sem apoios, sem amigos nos centros de decisão, e muitas vezes sem capacidade de organização e pressão sobre os orgãos de decisão do Ministério da Cultura, muitos desses festivais que por ai se organizam vivem do enorme sacrifício dos vários interveniente.
Vamos dar um exemplo concreto.
Realizou-se nos passados dias 3,4 e 5 no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian o ciclo "Imagens Projectadas", uma organização da associação Granular.
Obtida a cedência, gratuita, da sala polivalente do CAM, os intervenientes contactados foram informados de que a sua remuneração iria derivar da receita de bilheteira dos dias em que actuassem.
Portanto, transparência total da organização, e os músicos que aceitaram, muito rodados "nestas vidas", já sabiam ao que iam.
No dia 3 participaram 22 artistas nas várias sessões do ciclo.
Apurada a receita de bilheteira, coube a cada um 9 euros 9 !
E a sala estava composta !
Nomes como Carlos Zingaro, Edgar Pêra, Rodrigo Amado, Flak, Paulo Curado, António Jorge Gonçalves, Nuno Rebelo, e tantos, tantos outros, andam a desenvolver um intenso trabalho de pesquisa das novas sonoridades, da ligação do som à imagem à dança e ao cinema, mais computadores e trabalho de luzes, propostas cénicas e ambientais, para chegarem ao fim e receberem 9 euros 9.
Numa das áreas em que maior criatividade encontramos, é justamente uma das áreas em que o Ministério da Cultura pouco ou nada aposta.
Em contrapartida o Ministério da Cultura, por razões que ainda um dia gostariamos de ver exclarecidas, decide apoiar a Experimenta Design 2005 com 200.000 euros !
E já que falamos da Experimenta, será que as contas de 2003 já foram aprovadas pelo Plano Operacional da Cultura ?
Mas esta é outra "estória" ...
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