PORTUGAL, A JUSTA LUTA DOS PROFESSORES E UM PAÍS DO TERCEIRO MUNDO, A DINAMARCA
Na passada sexta-feira realizou-se em Lisboa uma "enorme" manifestação nacional de professores, que lutam, "justamente", para que as suas condições de trabalho e de vida não sejam degradadas e equiparadas a um país do terceiro mundo, como a Dinamarca.
Pretende o governo que a idade da reforma seja, doravante, 65 anos !
É ultrajante, degradante e acima de tudo não leva em linha de conta o stress da profissão.
No tal país do terceiro mundo chamado Dinamarca, os professores reformam-se entre os 65 e os 67 anos !
É isto que nós queremos para os nossos amados professores ? Que sejam tratados como naquele horrível país terceiro-mundista chamado Dinamarca ?
Pretende o governo acabar com a progressão automática das carreiras docentes, e subordinar essa progressão à avaliação do desempenho dos professores.
É ultrajante, degradante e acima de tudo não leva em conta os direitos adquiridos dos professores.
No tal país do terceiro mundo chamado Dinamarca, o ministério da educação e as escolas formam comissões de avaliação que, todos os anos, avaliam os professores, individualmente, para determinar da qualidade do trabalho desenvolvido ao longo do ano anterior, e a partir daí proceder às indicações para progressões na carreira decorrentes das avaliações.
É isto que nós queremos para os nossos amados professores ? Que sejam tratados como naquele horrível país terceiro-mundista chamado Dinamarca ?
Pretende o governo acabar com o regime de diminuição de carga horária, que possibilita a que um elevado número de professores tenham uma carga horária de 14 horas de aulas semanais, isto se não tiverem algum outro tipo de responsabilidades dentro da escola, o que arrasta a carga horária para 12 horas semanais.
É ultrajante, degradante e acima de tudo não leva em conta os direitos adquiridos dos professores.
No tal país do terceiro mundo chamado Dinamarca, os professores têm uma ligeira diminuição de carga horária a partir dos 55/60 anos, altura em que os nossos "amados" professores já estão na "merecida e mais que justificada reforma".
É isto que nós queremos para os nossos amados professores ? Que sejam tratados como naquele horrível país terceiro-mundista chamado Dinamarca ?
Os nossos amados professores para progredirem na carreira têm que obter "créditos" através da frequência de cursos de valorização profissional, frequência essa que é apoiada pelo ministério e consequente diminuição de horário de aulas.
Um dos cursos mais procurados para a obtenção dos tais créditos é o de culinária (não estamos a brincar...), juntamente com o de jardinagem e outras actividades afins.
E com os créditos obtidos pela gloriosa frequência de tão importantes cursos para a valorização dos nossos queridos professores (já imaginaram o quão mais capazes os professores de matemática ficam para ensinar esta disciplina depois de frequentarem um curso de culinária ?) já os nossos "queridos" professores têm a ascenção na carreira automáticamente garantida.
No tal país do terceiro mundo chamado Dinamarca, é um dado adquirido que faz parte da sua obrigação como cidadãos e profissionais a valorização pessoal por parte dos professores, daí não existir nenhum apoio ou valorização na carreira ligado à valorização pessoal.
É uma responsabilidade pessoal, ponto.
É isto que nós queremos para os nossos amados professores ? Que sejam tratados como naquele horrível país terceiro-mundista chamado Dinamarca ?
Não, não é isto que nós queremos para os nossos "amados" professores !
Que são necessárias reformas ? Todos concordamos, a começar pelos nossos "queridos" professores.
Agora vão fazer a reforma para outro lado, que "nós temos direitos adquiridos, uma profissão de grande desgaste, e acima de tudo, muita vontade de ajudar Portugal a mudar, mas a melhor forma de o fazer é na reforma, situação a partir da qual estaremos mais disponiveis para contribuir para um amplo e alargado debate sobre o que se torna necessário reformar".
Mas, para começar, tratem de nos reformar com todos os direitos que já adquirimos, o resto logo se verá !
A Formiga Bargante bem avisa: isto não é um país, isto é um buraco !
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