quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

AFINAL A MINISTRA DA CULTURA FALA, ALIÁS, ESCREVE

No Público de hoje a Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, assina um texto de resposta a um artigo de Augusto M.Seabra relativo à apresentação da exposição Espelho Meu-Portugal visto pelos fotógrafos da Magnum, num tom agressivo e, quanto à Formiga Bargante, também demasiado vago.

Mas, em relação à resposta a ser dada à Ministra, aguardemos por Augusto M.Seabra.

No entanto, no texto a duas colunas assinado pela Ministra, um parágrafo nos chamou particularmente a atenção.

Passamos a citar: "Assim, e se casos houver de inequívoca promiscuidade na acumulação de cargos públicos - e a contribuição para o seu conhecimento, através da crítica construtiva, é decerto uma das mais nobres funções da imprensa em democracia -, tais serão tratados em sede própria, conquanto provados".

Lê-se este parágrafo e não se entende a Ministra.

Então só são graves as acumulações de cargos públicos ?

E a situação de Pedro Lapa, ao acumular a direcção do Museu do Chiado com a de "curator" da Ellipse Foundation, e o aproveitamento público feito por ele das instalações de um museu nacional para beneficio de uma instituição privada, não são graves?

E o que é necessário para provar estes factos, que estão à vista de toda a gente ?

Que o próprio assine uma confissão pública, ao mais perfeito estilo maoista ?

Só que os tempos são outros, e nem só nunca vivemos sob o signo do livro vermelho do grande timoneiro, (como teria gostado a alguns), nem Pedro Lapa é estúpido para confessar o que quer que seja.

Por outro lado, a ministra não deve lêr a comunicação social portuguesa.

Escreve a ministra que "uma das mais nobres funções da imprensa em democracia é a crítica construtiva" (já agora também de todos os orgãos de comunicação social, e não só da imprensa), e ao escrever deve estar a ignorar uma série de artigos muito recentes na revista Actual do Expresso sobre a situação no Centro Cultural de Belém, ou no Público sobre temas de cultura assinados por Augusto M.Seabra mas também por Vanessa Rato, já para não falar de Alexandre Pomar quando em 2003 foi o primeiro a colocar a questão Pedro Lapa/Ellipse Foundation.

Mas, para a ministra, todas estas intervenções devem caber no último parágrafo do seu texto, que é o seguinte: " O Ministério da Cultura refuta, assim, todas as referidas acusações, cuja baixeza de teor e falta de sentido ético não merecem mais comentários".

Assim, de uma penada, "arruma" (ou julga que arruma...) as vozes críticas, classificando tais vozes de "baixeza de teor e falta de sentido ético", e salta para o dossier seguinte.

Saí mais uma colecção berardo, uma estação do rossio e um hermitage para a mesa do canto !

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