terça-feira, 6 de dezembro de 2005

A CULTURA, LISBOA E O PROJECTO DE AMARAL LOPES.

Na revista Actual, suplemento do jornal Expresso, publicada no passado sábado, Amaral Lopes, vereador da Cultura na Câmara Municipal de Lisboa, concede uma longa entrevista à jornalista Alexandra Carita, na qual traça as grandes linhas de actuação do seu pelouro.

À pergunta "Qual é o seu projecto para a Cultura lisboeta ?", Amaral Lopes responde:

-"Somos todos ambiciosos.O sector da Cultura é estratégico na valorização da cidade e já não é só um discurso que fica bem. É possivel passar das palavras à prática. Mas a verdade é que os meios nunca são suficientes, e há que estabelecer prioridades. Por isso, ainda não tivemos tempo de estabelecer uma estratégia perene, que prossiga sem desistências, sem interrupções e sem instabilidade exagerada. Esse é o desafio".

Perceberam quais são as grandes linhas que Amaral Lopes pretende implementar para um projecto cultural para Lisboa? A Formiga Bargante também não !

À pergunta seguinte, "Quais são os objectivos concretos ?", Amaral Lopes responde:

-"Valorizar tudo o que é aspecto cultural em termos de fruição.Mais público, mais gente interessada... Tornar mais conhecido, necessário, apelativo,interpelante...tudo o que é actividade cultural, para que o cidadão se sinta cada vez mais motivado. Criar um conjunto permanente e duradouro de ofertas culturais, de hábitos e de consciência crítica. Chegar ao maior número possível de pessoas. Essa é a meta."

Perceberam quais são os objectivos concretos ? A Formiga Bargante também não.

Mas mais à frente Amaral Lopes é um pouco mais concreto.

Assim, um dos grandes objectivos é levar à prática o investimento da Câmara no cinema, enquanto parceiro de produções cinematográficas, implementação de uma rede de cinema digital, etc.etc.etc.

Mas também apoiar o Festival Internacional de Cinema Digital, a reabertura do São Jorge, a instalação da colecção Berardo em Lisboa, e, de caminho, a instalação da colecção Capelo, bem como a abertura de um espaço cultural na estação do Rossio, conforme proposta de Carmona Rodrigues.

Como se pode verificar, uma verdadeira manta de retalhos a pretender passar por uma política cultural para Lisboa.

Uma das grandes vantagens das cidades, (para quem as sabe aproveitar) é a diversidade cultural, consequência da imigração, a qual contribui para um maior dinamismo, diferenciação
e enriquecimento cultural das cidades que, como Lisboa, possue uma forte componente de imigrantes de África, Brasil, países do Leste Europeu, paises árabes e asiáticos, entre outros de menor expressão.

Sobre esta componente fundamental de uma verdadeira política cultural e de integração dos imigrantes, nem uma única palavra de Amaral Lopes.

Mas se fosse só isto !

A Câmara Municipal de Lisboa detém, entre outros equipamentos, 16 bibliotecas, 1 bedeteca, 1 hemeroteca, 3 teatros, 6 galerias municipais, a Casa Fernando Pessoa, 1 fonoteca, 1 videoteca, a casa/museu do Fado (?), o Padrão dos Descobrimentos e o seu equipamento técnico, o cinema São Jorge, o anfiteatro Keil do Amaral, enfim, a Câmara Municipal de Lisboa é a detentora da maior rede de equipamentos culturais da cidade, senão do país.

Como se aproveitam estes equipamentos, como se articulam, como se constrõe uma programação em rede, como se faz a ligação das populações locais aos equipamentos existentes e como se atraem novos utentes a esses equipamentos, nem uma palavra de Amaral Lopes.

E é assim, aos tropeções, que se vai fazendo a vida cultural da cidade.

E, para finalizar, não queremos deixar de notar a falta de qualquer referência aos apoios prometidos a Jorge Silva Melo e ao seu projecto radicado no Teatro Paulo Claro, que a Câmara encerrou no Bairro Alto por alegadas faltas de condições de segurança, encerrando assim um dos projectos mais inovadores e consequentes que surgiram em Lisboa nos últimos anos.

Em resumo, a política cultural para os próximos quatros anos em Lisboa vai ser a continuação da actuação da anterior vereadora da Cultura, Maria Barbosa, ou seja, a ausência de uma verdadeira política cultural.

Os amigos que se cheguem à frente, que para isso cá estamos nós !

Nota da Formiga Bargante: a seguir ao almoço, vamos desvendar como Amaral Lopes vai concretizar o projecto de levar a cultura a toda a gente. E em rigoroso exclusivo !

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