MAIS UMA VOLTINHA, E LÁ VAMOS AO PROGRAMA OPERACIONAL DA CULTURA (3)
Continuamos hoje uma breve análise à forma como o Programa Operacional da Cultura tem vindo a gastar os cerca de 250.000.000 de euros inscritos na sua dotação para o periodo 2000/2006.
E vamos "olhar" para a medida 2.2 - Utilização das novas tecnologias da informação para acesso à cultura.
O primeiro parágrafo da caracterização desta medida diz: "esta medida visa apoiar projectos que contribuam para divulgar informação cultural, através da utilização das novas tecnologias de informação ou que facilitem, por este meio, a aproximação da cultura ao indivíduo e à sociedade".
A verba inscrita no orçamento do POC para esta medida é de €11.223.000 dos quais, à data de 30 de Setembro do corrente ano, estavam cativos € 6.543.578,79, ou seja, 58% do total orçamentado.
Dado que o programa acaba no final do próximo ano, o mínimo que se pode dizer é que a execução é tudo menos brilhante. Culpa de quem? Responda quem souber.
Mas passemos à frente.
Dos cerca de seis milhões e meio de euros cativos, a maior fatia vai para o IPPAR com
€ 1.870.492,11, para inventariação e digitalização do património histórico e cultural.
E a segunda entidade mais beneficiada sabem qual é ? Claro que não sabem !
É a Fundação Casa de Mateus, que em 2001 viu aprovados 2 programas, sendo o primeiro o programa 108/01 - tratamento e digitalização do Arquivo da Fundação da Casa de Mateus e o segundo, o programa 247/01 - tratamento e digitalização da Biblioteca da Fundação da Casa de Mateus.
E sabem quanto recebeu a Fundação Casa de Mateus do POC para estes dois programas ?
Para o primeiro € 1.038.699 e para o segundo € 543.384, ou seja, um total de € 1.582.083 !
E consultando o site da Fundação Casa de Mateus, quatro anos após a concessão dos dois subsidios, ficamos a saber que: "o catálogo completo (da biblioteca) poderá em breve ser consultado neste site e no CDROM que engloba a totalidade dos títulos", e quanto ao Arquivo "está neste momento em fase de revisão o 1º volume do Catálogo do Arquivo".
Face a esta informação, constante do LINK da Fundação Casa de Mateus, ficamos a saber que o segundo maior beneficiário de um programa que se destina a: "apoiar projectos que contribuam para divulgar informação cultural, através da utilização das novas tecnologias de informação ou que facilitem, por este meio, a aproximação da cultura ao indivíduo e à sociedade", pretende colocar à disposição do público, via internet, um catálogo completo dos títulos dos livros em prateleira, e já quanto ao Arquivo, teremos igualmente direito a um 1º volume de um catálogo dos arquivos !
Já perceberam a razão pela qual a Formiga Bargante intitulou de "Tudo ao molho e fé em Deus" à terceira medida política respeitante ao Programa Operacional da Cultura ?
Depois de receber cerca de um milhão e seiscentos mil euros para o tratamento e digitalização do arquivo e da biblioteca, dentro de uma acção que contempla a divulgação desses acervos através das novas tecnologias, colocar na net o catálogo da biblioteca e um 1º volume do arquivo, é pouco, mesmo muito pouco para justificar aqueles investimentos.
Para finalizar, e para poderem ficar com termos comparativos, aqui vão outros números relativos à medida 2.2 do POC:
1º - programa 292/02 - Biblioteca Nacional Digital - verba cativa € 166.707,70
2º - programa 348/02 - Torre do Tombo On-Line - verba cativa € 77.038,47
3º - programa 341/02 - Gestão e divulgação do património cultural móvel dos museus do IPM - verba cativa € 63.060,95
4º - Edição Multimédia e Publicações dos Museus do IPM - verba cativa € 559.832,46
Política Cultural?
Venham daí os amigos ...
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