quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

ONDE PÁRA O PRIMEIRO MINISTRO ?

Como era aguardado, Augusto M.Seabra responde hoje ao texto de ontem da Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima.

E responde, não sem surpresa da Formiga Bargante, de uma forma delicada e pouco contundente.

Para além de focar o caso de "Chez Lapa ao Chiado" (também conhecido por Museu do Chiado), Augusto M.Seabra, provávelmente num acto de boa educação para com a Ministra, não escreve sobre o desnorte que reina no Instituto Português de Museus, com cada director de museu a fazer do museu que dirige o seu pequeno "cottage" privado, de que um dos exemplos mais flagrantes é o Museu do Azulejo (ainda estamos sem saber quanto custou a exposição temporária sobre o azulejo sevilhano, mas não perdemos a esperança), do silêncio que pesa sobre o Instituto das Artes (ainda restará alguém para convidar para os lugares de sub-directores?), da forma como Isabel Pires de Lima foi desautorizada pelo Primeiro Ministro relativamente à Casa da Música (segundo Pires de Lima não seria uma fundação com privados e o director artistico seria Pedro Burmester, e afinal veio o Primeiro Ministro impor o contrário, ou seja, fundação com privados e quanto ao director artistico...), estes alguns exemplos da "gestão exemplar" de Isabel Pires de Lima.

Evidentemente que a Ministra neste momento não tem possibilidade de recuo.

No caso mais que escandaloso de "Chez Lapa ao Chiado", que já compromete o bom nome de Portugal nas instâncias internacionais, como já aqui foi escrito, Isabel Pires de Lima tornou-se cumplice objectiva de tal situação, ao reconduzir Manuel Oleiro como director do Instituto Português de Museus ainda no passado mês de Novembro.

E quando Isabel Pires de Lima decide reconduzir Manuel Oleiro não pode invocar desconhecer a situação de "Chez Lapa ao Chiado".

Já muito foi dito e escrito sobre este tema, começando por Alexandre Pomar, no Expresso, no longínquo ano de 2003, e passando por Augusto M.Seabra, Vanessa Rato, ambos no Público, além de outras intervenções, entre as quais se conta este "vosso criado".

Portanto, e daí a razão de ser deste texto, onde pára o Primeiro Ministro.

Isabel Pires de Lima está demasiado comprometida e cúmplice da situação vivida com o Museu do Chiado e outras de maior ou menor grau de gravidade.

Para que esta situação se não arraste por muito mais tempo, com todos os danos que a situação acarreta, até para o governo, cumpre perguntar:

Até quando, senhor Primeiro Ministro ?

2 comentários:

Anónimo disse...

E onde páram as ideias?. Aos denominados serviços cívicos para condenados devia ser adicionada a função de director de museus nacionais providos dos actuais orçamentos, já que tudo parece uma festa...
E para que se tornem públicas mais dados interessantes sobre este assunto aqui ficam alguns:
segundo o despacho nº 22 638/2004 (2ª série) de 5 /12/2004 os directores de museus são "autorizados a realizar despesas com aquisição de bens e serviços até ao limite de €4988 ". para quem não saiba inyterpretar leis da administração pública isso inclui é claro aquisição de obras de arte.
E quem acha como Augusto Seabra que James Coleman ou William Kentridge precisam de ser legitimados pelo Museu do Chiado para serem comprados por uma fundaçãozeca ou são ignorantes sobre os artistas de que falam ou querem fazer dos outros ignorantes o que ainda é mais hilariante, para não dizer trágico.
Little country with little people...

formiga bargante disse...

Minha cara "nada parva"

Estou em crer que leu mal Augusto M.Seabra e que nem se deu ao trabalho de lêr o que já foi publicado na Formiga sobre o assunto.

Claro que James Coleman ou William Kentridge não necessitam do Museu do Chiado para se valorizarem. Já o mesmo se não pode dizer das peças desses criadores.

A cara "nada parva" sabe que uma obra de um artista tem mais valor se exposta num museu nacional, do que outra do mesmo criador que não teve essa "sorte".

E a Ellipse Foundation teve "a sorte" de vêr peças suas expostas no MC, logo, teve "a sorte" de vêr essas peças valorizadas.

Tal como eu, a cara "nada parva" sabe que Pedro Lapa é "curator" da Ellipse e director do MC.

Acha bem?

Quanto à fundaçãozeca, poderá ser "zeca", mas não deixa de pagar 5.000 euros/mês a...,digamos pelo menos um dos seus "curators".

Adivinhe qual !

Quanto ao resto, que é o mais importante, leia melhor Augusto M. Seabra e, se tiver paciência para tanto, um dos 67 textos aqui publicados sobre a problemática dos museus em Portugal.

Aproveito para lhe desejar boas festas