POSTAIS DE NATAL
Paul Gauguin
The Nativity
1896
Hermitage Museum, S. Petersburgo
Terminamos aqui o nosso advento natalício com mais um Postal de Natal. A esta hora está toda a gente a pensar: "Onde está ele? Não vejo." É este; a "Natividade" de Paul Gauguin. Nada anticlerical e já explico porquê.
Gauguin começou a sua vida na marinha mercante, foi depois corrector na bolsa, afixou cartazes na Grã-Bretanha, e foi operário nas escavações do Canal do Panamá. Tinha mulher e filhos e quando um dia decidiu dedicar-se à pintura a tempo inteiro, a família sofreu grandes dificuldades económicas. Andou por Pont-Aven onde se deu o incidente Van Gogh e em 1891 foi para o Taiti, onde permaneceu até 1903, ano da sua morte na miséria, nas Ilhas Marquesas.
Foi no Taiti que a sua pintura se afastou dos impressionistas definindo-se antes, e como o próprio chamou, "Sintetismo Simbolista". No livro "Noa Noa" Gauguin escreveu: "escapei ao artificial e ao convencional."
Nesta Natividade totalmente atípica perante as outras que aqui foram postadas, está retratado o conceito de Natividade: mãe e filho, embora a criança esteja protegida dos olhares do espectador, um anjo que não é mais que uma figura daquele mundo exótico e ao fundo, diluídos na paisagem, animais a descansar. É uma Natividade humanizada, em que não se pretende mostrar o Menino, mas antes o amor de uma mãe pelo seu filho recém nascido. Só ela e o anjo podem ver a criança, enquanto nos outros postais a Natividade era retratada segundo os cânones.
Igualmente importante na pintura de Gauguin é a cor, a forma planar como esta se espalha no quadro e emerge como elemento principal da pintura. As cores são compartimentadas por linhas negras, como se fossem um desenho infantil, uma estampa japonesa ou um vitral. E para que o vitral seja verdadeiramente apreciado é necessário sol. Há uma luz de manhã tropical que povoa esta pintura.
Um Natal tão brilhante que tenham de usar óculos de sol. (Agora a sério, Feliz Natal!)
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