SANT CUGAT, UM EXEMPLO A SEGUIR (MAS O QUE É SANT CUGAT?)
No passado dia 23 o jornal Público noticiava que a Câmara Municipal de Lisboa mantinha o interesse em comprar o Pavilhão de Portugal à Parque Expo, por um montante estimado entre os 20 e os 25 milhões de euros, mesmo depois de saber que o governo tinha chegado a um acordo de principio com Joe Berardo para instalar a colecção Berardo no Centro Cultural de Belém, dispensando assim a câmara da aquisição daquele imóvel para instalar a colecção Berardo, como tinha sido admitido anteriormente.
Ainda segundo esta notícia, "Caso o negócio se concretize, a câmara tenciona dar outra dinâmica ao pavilhão, através de um uso cultural, que sirva de atracção na antiga área da Expo 98", ou seja, não existe qualquer plano global ou parcial, no qual se enquadre a compra, por 20 a 25 milhões de euros do referido Pavilhão de Portugal.
E estamos a falar de uma Câmara Municipal, a de Lisboa, altamente endividada, que não paga a fornecedores e que possue um conjunto muito variado de equipamentos culturais que não dinamiza, por alegada falta de verbas.
Também a 3 de Dezembro, desta vez no Expresso, o novo vereador da cultura da CML, Amaral Lopes, concede uma entrevista à revista Actual, na qual traça as suas grandes linhas de actuação para Lisboa, e que a jornalista Alexandra Carita resume, no título da entrevista, desta forma "MAIS OFERTA CULTURAL - Amaral Lopes define a política cultural da CML".
Lida a entrevista, percebe-se que não existe um plano global, uma visão estratégica para a cultura em Lisboa, mas sim um amontoado de ideias que juntas, segundo Amaral Lopes, consistem no seu programa para a Cultura (com letra grande, claro...) para a cidade de Lisboa.
Mas, na dúvida, a Formiga Bargante decidiu ir até ao site da CML para verificar se estava enganada, se afinal sempre existia o tal plano estratégico e, se existisse, se estava disponivel on-line para consulta pública.
Pura perca de tempo. O tal plano estratético não existe mesmo !
Mas agora vamos fazer uma "viagem" até Sant Cugat, uma pequena cidade satélite de Barcelona, localidade com cerca de 70.000 habitantes, ou seja, cerca de 12% da população de Lisboa.
"Chegados" a Sant Cugat, "aterramos" na página na net da "Câmara Municipal" local e encontramos, entre muito mais informação, o Pla de Cultura de Sant Cugat.
É um documento de 93 páginas, descarregável em formato PDF, e no qual é desenvolvida uma extensa e profunda análise da cidade, na sua componente humana e edificada, e a partir dai, então sim, construida uma proposta de actuação cultural, (anteriormente participada e discutida pela população local), e na qual se estabelecem objectivos concretos, baseados nos estudos anteriormente efectuados.
Só para abrir o apetite (cuidado que o documento está em catalão, dá um pouco mais de trabalho a lêr...) aqui vão alguns capítulos do plano, e em catalão para saberem o que vos espera (mas acreditem que vale a pena).
1.PREÀMBUL: LA PRESENTACIÓ DE LA CIUTAT
1.1. - Sant Cugat: um model urbanístic i un fort creixement de població que defineixen un estil de societat i de vida cultural
2.ESTAT DE LA CULTURA A SANT CUGAT
Sant Cugat, terra de cultura
Les entitats: un motor cultural destacat de Sant Cugat
Residència d´artistes o artistes en residência
La cultura i els agents socials
Els territoris de la cultura
El Conseil de Cultura i altres instruments de participació ciutadana
La gestion de la cultura
3.PROPOSTES DE FUTUR PER LA CULTURA A SANT CUGAT
Objectius del Plan de Cultura
Estructuració de les propostes
Quadre de sintesi
La cultura com a factor de cohesió social i de generació de referents d´identitat ciutadana
E estes são só alguns dos aspectos que a Formiga Bargante, numa leitura muito rápida, achou mais interessantes, num documento todo ele revelador de uma forma de estar e trabalhar que não tem nada a ver com aquilo que entre nós se passa.
Comparar a forma como Lisboa e Sant Cugat são administradas, não nos pode levar à depressão e à passividade.
Com base em casos concretos, como o de Sant Cugat, temos que ser, todos nós, mais activos e intervenientes, exigindo de quem exerce cargos políticos com poder de decisão, como é o caso do Vereador da Cultura da CML, uma gestão mais competente, mais profissional, mais participada e, principalmente, mais transparente.
Sabemos que face ao passado é pedir/exigir muito, mas sem ambição é que não vamos lá.
Ajudemos Amaral Lopes, dado que isso significa que estamos a ajudar-nos a nós próprios.
Assim Amaral Lopes esteja disposto a ser ajudado.
NOTA: Para obterem o Pla de Cultura de Sant Cugat fica aqui o LINK
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