MANUEL OLEIRO, PRESIDENTE DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE MUSEUS, É DESONESTO E MENTE (III)
No texto de ontem, e relativamente à "anedota" contada por Manuel Oleiro à jornalista Lucinda Canelas, do jornal Público, e publicada por aquela jornalista na edição do passado dia 14, afirmava a Formiga Bargante que Manuel Oleiro mentia relativamente à chamada "inversão da tendência negativa" dos frequentadores do museus tutelados pelo IPM.
Na linha de argumentação que tem vindo a ser seguida pelo IPM, as declarações públicas dos seus responsáveis ficam-se pelos números globais, sem mais detalhes ou explicações.
É isso que permite que, em relação ao Museu de Conímbriga, Manuel Oleiro afirme que a diminuição de visitantes se deve a um problema rodoviário, quando aquele Museu perde continuadamente visitantes desde 2000, tendo o ano de 1999 como referência. E, é conveniente recordar, PERDE "SÓ" 55% DE VISITANTES ENTRE 1999 e 2005.
Mas agora vamos analisar a tal recuperação de 0,5% anunciada por Manuel Oleiro.
Em primeiro lugar, Manuel Oleiro é desonesto ao comparar realidades que não são comparáveis. Ao longo deste anos alguns museus estiveram encerrados por periodos mais ou menos longos, outros espaços deixaram de contar para as estatísticas, logo, o número total de visitantes anuais deve ser corrigido para um universo homogéneo ao longo do tempo.
E é isso que a Formiga Bargante fez.
O nosso universo não é o de Manuel Oleiro, dado que por razões que se prendem com o Museu do Chiado, a Formiga Bargante decidiu começar a análise dos números em 1999 e não em 2001, como faz Manuel Oleiro.
Do total de visitantes dos museus do IPM, e no periodo 1999/2005 a Formiga Bargante fez as seguintes correcções:
Museus Excluidos:
Museu Machado de Castro - encerrado desde Janeiro de 2004 para obras.
Museu Soares dos Reis - encerrado entre Março e Junho de 1999 e Fevereiro de 2000 e Junho de 2001, periodos demasido longos para serem "compensados".
Museu de Évora - encerrado entre Junho de 2003 e Julho de 2004, sendo excluido pelas razões do Museu Soares dos Reis.
Museu de Arte Popular - encerrado desde Maio de 2003 e com destino incerto (colecção Berardo?)
Museu de Etnologia - só aparece nas estatísticas em Dezembro de 2000.
Para além destes Museus, a Formiga Bargante resolveu excluir também o Museu de Arte Antiga, dado que em 2005, e mercê da ctuação da sua nova directora, este Museu teve uma recuperação que, integrada nos números globais iria "mascarar" a realidade dos restantes Museus do IPM. Mas voltaremos a "falar", pela positiva, do Museu de Arte Antiga.
Feitas estas grandes correcções, e outras pequenas que não vale a pena estar agora a explicitar, mas que se for necessário será feito, vamos lá então aos números finais.
VISITANTES TOTAIS PARA 21 MUSEUS DO IPM (1999-2005)
1999 - 848.033
2000 - 834.899
2001 - 828.811
2002 - 843.648
2003 - 809.668
2004 - 790.741
2005 - 772.887
Começa agora a ser clara a estratégia do director do IPM: falemos dos grandes números, porque o detalhe não interessa. Pelos números que apresentamos, onde está a recuperação ?
Mas há mais e melhor !
No periodo 1999-2005 são os pequenos museus que apresentam taxas de crescimento notáveis (Joaquim Manso, Alberto Sampaio, Biscainhos, Anastácio Gonçalves, Teatro, José Malhoa e Cerâmica).
No mesmo periodo (1999-2005) alguns dos grandes museus estão em quebra (Conímbriga, Chiado, Traje, Azulejo).
Já no periodo 2004-2005, aquele que Manuel Oleiro assegura "o crescimento está aquém do que seria desejável, mas mostra que começámos a inverter a tendência negativa que vinha a sentir-se há alguns anos".
Bonitas palavras !
Mas os factos são estes.
Entre 2004 e 2005, dos 21 museus analisados, 13 museus perdem visitantes (entre -3% e -30%), 3 museus tem crescimento residual (entre 0% e 3%) e só 5 crescem entre os 7% e os 28%.
E é a isto que o Presidente do Instituto Português de Museus, Manuel Oleiro, declara de "crescimento" ?
Quando um museu, o de Conímbriga, perde 55% de visitantes e Manuel Oleiro apresenta como justificação um desvio de estradas, quando o Museu do Chiado perde visitantes desde 1999, mais exactamente -33%, quando 13 museus perdem visitantes em 2005 face a 2004, Manuel Oleiro fala em recuperação. ?
Apetece-nos citar um ditado popular: cantas bem mas não me comoves !
Voltaremos a este tema, analisando, novamente, os casos mais emblemáticos, positivos e negativos, ao contrário do que deveria fazer Manuel Oleiro, mas não faz.
terça-feira, 17 de janeiro de 2006
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