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A ENTREVISTA DE RAQUEL HENRIQUES DA SILVA À PÚBLICA
Já publicámos um primeiro texto sobre esta entrevista. Está aqui o LINK.
Hoje vamos abordar, em paralelo com a entrevista concedida por Joe Berardo à revista Actual do Expresso, a questão da propriedade da colecção.
Perguntam as jornalistas a RHS:
"Ou seja, caminhar-se no sentido da aquisição da colecção Berardo ?"
Responde RHS:
"Sim, não tem que ser agora, nem se calhar daqui a 20 anos, mas no futuro.Tem que haver uma assunção de responsabilidades, e também de generosidades, se for o caso..."
...É muito importante também perceber-se como vai ser feita a avaliação desta colecção. Não deve ser feita como se fosse posta à venda. Ela vai ser retirada, mais claramente ainda, do mercado. O comendador Berardo comprou bem, comprou barato. Portanto era importante que a avaliação tivesse em conta os preços de compra.
Não digo que o estado vá prejudicar o comendador. Mas se o que ele quer é dar dimensão pública a esta colecção, financeiramente será sempre prejudicado. Eu costumo dizer aos meus alunos -quem é Calouste Gulbenkian?-. É por ter sido um magnata do petróleo e um dos homens mias ricos do seu tempo que o conhecemos? Ou é pelo museu ? É precisamente o futuro que desejo para o comendador Berardo - que seja um museu. É um daqueles passaportes para a eternidade que poucos conseguem e que têm que ter contrapartidas".
Mas a estas questões Joe Berardo já começou a dar respostas, nomeadamente na já referida entrevista à revista Actual, suplemento do Expresso, com data de 10.12.2005.
Colocada a pergunta : "O acordo que pretende é entre a Câmara de Lisboa e o Ministério da Cultura?", Joe Berardo responde: " Sim. A Câmara, o Ministério e a minha instituição. Mas além disso, está a pensar-se numa forma de conseguir verbas do Casino de Lisboa para o futuro museu. O contrato será feito a 10 ou 15 anos, com uma cláusula que obriga a minha família a não vender as obras sem primeiro dar às entidades públicas envolvidas a opção de compra".
(nota:sublinhado formiga bargante).
Como fácilmente se entende, existem aqui duas ópticas muito distintas de determinar o valor monetário da colecção.
Enquanto Raquel Henriques da Silva coloca, e bem, o interesse público na base da sua argumentação, para tentar definir como deveria ser feita aquela avaliação , Joe Berardo situa-se na óptica do mercado, concedendo, "generosamente" o direito de preferência "às entidades públicas envolvidas", no caso da sua família desejar vendar peças da colecção.
Duas ópticas muito, mas mesmo muito afastadas uma da outra.
O valor da colecção Berardo, na óptica de Raquel Henriques da Silva, é estimado tendo em conta vários factores, entre os quais o valor de compra, a valorização que advém do factor museológico, bem como o tal factor "passaporte para a eternidade que poucos conseguem e que tem que ter contrapartidas", enquanto para Joe Berardo o factor é o do valor do mercado na altura da hipotética venda.
Esperamos com muita expectativa o resultado das negociações em curso, para tentar perceber o que, nesta e noutra matérias, foi alcançado.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2006
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