quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

O INSTITUTO PORTUGUÊS DE MUSEUS OU "IMPORTA-SE DE EXPLICAR?"

Para se tentar entender a gestão de Manuel Oleiro, enquanto presidente do Instituto Português de Museus, várias abordagens são possiveis.

Aquela que não pode ser aceite é a praticada por Manuel Oleiro, ao apresentar os números globais de visitantes dos museus, e a partir dai concluir "é uma recuperação lenta, mas muito positiva".

Acontece que ao estudar os números, os resultados são bem diferentes, como já esta semana denunciámos, e desde o início deste blog temos vindo a denunciar (são já dezenas de textos ao longo destes 8 mêses).

Hoje vamos analisar os números e as práticas seguidas no Museu do Azulejo, o quarto museu nacional mais visitado em 2005, antecedido do Museu dos Coches, do Museu de Arte Antiga e do Museu de Conímbriga.

Para começar, convém reter um dado fundamental: 80% dos visitantes do Museu do Azulejo, em 2005, foram estrangeiros (em 2004 tinham sido cerca de 84%).

Para um Museu Nacional, que deveria ter como obrigação fundamental defender os interesses da cultura portuguesa, e neste caso concreto da sua azulejaria, tanto mais que a enorme maioria dos seus visitantes são estrangeiros e visitam o museu para conhecer a nossa produção artistica neste campo, o director do Museu do Azulejo, Paulo Henriques, decidiu interromper o discurso museológico do século XIX do azulejo português para conquistar espaço para "as suas" exposições temporárias.

Não satisfeito com esta "brilhante" iniciativa, remete para um vão de um páteo interior a apresentação da nossa produção artistica de azulejos relativa ao século XX.

E consagra uma vasta área às "suas" exposições temporárias, como uma das mais recentes relativa aos azulejos da Andaluzia.

Ou seja, e convém ser muito claro, Paulo Henriques sacrifica a representação contemporânea da azulejaria nacional à sua "febre" de protagonismo, que lhe é dado pelas exposições temporárias.

Da produção actual dos criadores portuguêses, os 80% de visitantes, estrangeiros, nada ficam a saber.

Para finalizar este texto, mais uma pequena anedota (trágica) deste pequeno universo do Instituto Português de Museus, do seu presidente Manuel Olaio e de alguns dos directores de Museus tutelados pelo IPM.

Sendo o Museu do Azulejo visitado por cerca de 80% de estrangeiros, este Museu passou práticamente todo o ano de 2005 sem uma única publicação em inglês para oferecer/vender aos seus visitantes.

Será necessário acrescentar mais sobre a incúria de Paulo Henriques ?


2 comentários:

Anónimo disse...

Cuidado meu caro Professor, brincar é brincar e todos achamos graça......mas você está a começar a levar a coisa a sério para o lado errado. Cuidado Caro Professor, muito cuidado.

Anónimo disse...

Não sei quem é o senhor que escreve estas crónicas tão directas, mas quem está longe percebe que há um erro ou uma mudança- ainda está no museu do Azullejo O Dr. paulo Henriques que conhoci à muitos anos ou agora é um novo Director o Dr. Pedro Henriques?

Esclaeça-me por favor, sou admirador do Museu e do Dr. Paulo Henriques pela sua qualidade de trabalho desde que era Director no magnífico, embora pequeno Museu de José Malhoa.

Obrigado