sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

BABUCHA, TEM ALGUM AMADEO PARA A TROCA ?

Na passada quarta-feira à noite, no Palácio do Correio Velho, em Lisboa, a leiloeira, com o mesmo nome do palácio, realizou um leilão histórico: foi ultrapassado o anterior record de vendas em leilões de arte moderna e contemporânea, tendo sido atingido um total de vendas de 2,1 milhões de euros.

Curiosas são as opiniões recolhidas pela jornalista Ana Dias Ferreira, do jornal Público, e publicadas hoje, naquele jornal.

"Avaliado pelos especialistas como um leilão com obras pouco representativas do percurso dos seus autores, as peças colocadas à venda atrairam sobretudo coleccionadores particulares portugueses. Ausentem estiveram compradores institucionais e "marchands".

O leilão, composto por 240 lotes, teve mais de 300 inscritos para as licitações, e foram vendidos 89% dos lotes, ficando por vender 32 dos 240 lotes apresentados a leilão.

As dez obras mais caras do leilão, foram, respectivamente:

1 - Paisagem com casa e figura montada num burro (26,8x34,9 cm) - € 190.000
Amadeo de Souza-Cardoso

2 - Casario com fonte (35x27 cm) - € 135.000
Amadeo de Souza-Cardoso

3 - Paisagem (26,5x33,5 cm) - € 110.000
Amadeo de Souza-Cardoso

4 - Paisagem com casario (26,8x34 cm) - € 95.000
Amadeo de Souza-Cardoso

5 - Sem título (46x55 cm) - € 90.000
Arpad Szenes

6 - Ceia (80x105 cm) - € 75.000
Augusto Gomes

7 - Vista de Sintra (61,8x47 cm) - € 70.000
Francis Smith

8 - Sem título - € 65.000
Jorge Pinheiro

9 - Sem título - € 65.000
Júlio Pomar

10 - O Fado - € 55.000
Francis Smith

Luis Castelo Lopes, da leiloeira Palácio do Correio Velho discorda do seu colega José Manuel Serra, da leiloeira Leiria & Nascimento, quanto aos motivos que levam os portugueses a comprar arte moderna e contemporânea.

Enquanto para o segundo, José Manuel Serra, "os portugueses já olham para a arte como um investimento, mais líquido, fácilmente vendável, absolutamente seguro desde que as coisas tenham qualidade", o primeiro, Luis Castelo Branco, afirma que os portugueses "compram por gosto".

Chegados a este ponto, a Formiga Bargante já não sabe se deve rir ou chorar.

É que se quem compra o que na quarta-feira foi vendido por aqueles preços está à espera de obter rendimentos convenientes, caso pretenda vender, está muito enganado.

Nem aquelas obras se vão valorizar grandemente, e quanto ao "fácilmente vendável", só quem nunca andou nestes circuitos pode alimentar tal esperança.

Já quanto à afirmação de Luis Castelo Branco, de que as compras são feitas "por gosto", bem, a Formiga Bargante fica por aqui, porque o ataque de choro é tão grande que não dá para escrever mais.

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