domingo, 5 de fevereiro de 2006

BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS

Cenas da vida conjugal
Epimeteu, homem sério e pouco dado a romantismos até encontrar a fogosa e mimada Pandora, vivia pacatamente entre a leitura do Jornal desportivo e as idas dominicais a casa da mãe viúva, D. Amélia Castro de Almeida e Rosa. Após o casamento com a sua lolita, "uma dádiva dos céus" assim a considerava frente à mãe que nunca aprovara a união, embora na intimidade do lar pensasse que Pandora era mais "uma dádiva do Demo", tinha-se tornado um tipo dado a decorar datas importantes, a apreciar as modas, a trazê-la como um bébé: bem alimentada de amor e atenção.
No dia do seu primeiro aniversário de casamento Epimeteu chega a casa com um grande embrulho. Ele tinha-se lembrado e havia comprado algo; ela também e tinha esperado todo o dia até às 7 horas da tarde para receber algo. Disse o marido:
- Pandora, Pandinha, o teu Epizinho chegou a casa.
- Ó meu Epi!!!
- Dá beijinho, dá!?- e já se agarravam logo numa dança que misturava o tango e e luta greco-romana
- O amorzinho do Epizinho sabe que dia é hoje, sabe?
- Claro que sei tontinho - dizia ela enquanto lhe enfiava a mão entre os cabelos e a outra mão por todo o corpo - é o dia do nosso primeiro aniversário de casamento. O meu Epizão achava que me ía esquecer?
- Não sei, não sei...Não sei se a Pandinha gosta de mim. - respondia Epimeteu fazendo beicinho.
- Ó bébé, claro que gosto!
- Então diz!
- Meu Tarzan da mitologia, meu moranguinho dos deuses, minha ambrósia Vintage, meu Epi...
- Diz, diz,...
- Meu Epi, Epi, Epi...
- Diz amor...
- Meu Epicentro do vulcão que é o nosso amor. E depois disto, amassavam-se um ao outro com beijos, colchetes desapertados e cabelos desalinhados. Desarrumavam-se até Pandora se lembrar e soltar, enquanto de desembaraçava dos braços dele e colocava o fusível do "money rules":
- Então e o que é que trouxeste para mim? - disse ela compondo o cabelo.
- O teu Epizinho trouxe-te esta caixa - e depositou-lhe no colo o presente embrulhado num lindo papel de fantasia, assim como lhe depositou um beijo na nuca, ao qual ela reagui com um risinho de arrepio e nervosismo.
...


Jules-Joseph Lefebvre
Pandora
Museo de Bellas Artes, Buenos Aires

- Uma caixa?
- Sim amor, uma caixa?
- Uma caixa para quê? Ainda por cima de música? O que é que isto significa, hã?
- Mas não gostas? Pensei que fazia o teu género. E aliás a música é uma coisa enraízada na nossa família...
- Na minha família! Eu é que sou de origem divina, fui criada pelos deuses. Tu és filho dos mortais. Nunca te esqueças disso meu menino.
- Mas qual é o problema, não gostas de música?
- Gosto, mas quando vi uma caixa pensei que seria uma caixa de sapatos Jimmi Choo, ou uma caixa Louis Vuitton, ou uma caixa de jóias, mesmo que fosse uma jóia pequenina. Agora uma caixa de música, puff!!! para que é que eu quero música?
- Mas tem aqui todos os nossos sucessos românticos: "How deep is your love" dos Bee Gees, Ivete Sangalo, Demis Roussous, tudo o que tu gostas, Celine Dion...
- ....
- Então Pandinha, não dizes nada ao teu vulcãozinho?
- Digo! Digo que daqui em diante o meu vulcãozinho não precisa de se preocupar em ter erupções a horas certas porque nesse departamento eu estou de greve...
- Pandinha, não faças isso ao teu Epizinho...
- E digo que teria feito muito melhor se tivesse casado com o teu irmão.

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