BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS
PRIMEIRA ENTREVISTA DO SENHOR DEUS
Diário de Portvgálius – Senhor Deus, após cerca de três meses de MiMi dá a sua primeira entrevista. Porquê agora?
Senhor Deus – A transição do MiMi do Dr. Zeus para o meu MiMi, não foi pacífica, como se sabe. Ocorreram mudanças de políticas governamentais, durante a mudança do próprio governo, apanhamos as eleições presidenciais e a polémica “Colecção Berardo”…
D.P. – Que o Diário de Portvgálius vai começar a distribuir em fascículos a partir do dia 1 de Abril…
S.D. – Está a brincar! A sério? Mas isso é óptimo, pelo menos para mim que tenho de estudar o dossier. Com imagens e ilustrações é muito mais fácil do que só com letras.
D.P. – São 3º fascículos. O primeiro é grátis e os seguintes vêm com o Diário de Portvgálius e custam mais 12,50€ cada.
S.D. – Pois, olhe que isso é boa ideia…
D.P. – Pois… Bom, então porque é que vai estudar o dossier se não pertence bem ao seu MiMi? Aliás, o que é que pertence ao seu MiMi.
S.D. – O MiMi é o Ministério dos Milagres. Como se sabe o país está a precisar de um milagre… Nem é bem o país, são mais as pessoas e a sua mentalidade. Depois do fim do segredo de Fátima, da morte da Princesa Diana e com a adopção da vida real (vulgo, Big Brother, expressão retirada do livro de George Orwell, “1984”), em detrimento das telenovelas brasileiras, só um milagre pode salvar as pessoas da apatia e até do pessimismo. Em casos extremos; do uso de substâncias psicotrópicas; peças de fruta por lavar, ou mesmo e mais grave, um dedo espetado no olho.
D.P. – Quais são as políticas do MiMi?
S.D. – Para estes anos de legislatura era necessário um programa bem elaborado e não apenas – como aconteceu com o governo anterior – a distribuição de milagres pela população mais carenciada, permitindo assim com que se criasse um nicho de negócio paralelo ao MiMi e ilegal. Cabe ao MiMi proteger os mais carenciados, mas dentro de uma política global. Tomamos a decisão de inventar o Catolicismo.
S.D. – Para estes anos de legislatura era necessário um programa bem elaborado e não apenas – como aconteceu com o governo anterior – a distribuição de milagres pela população mais carenciada, permitindo assim com que se criasse um nicho de negócio paralelo ao MiMi e ilegal. Cabe ao MiMi proteger os mais carenciados, mas dentro de uma política global. Tomamos a decisão de inventar o Catolicismo.
D.P. – Que consiste em quê?
S.D. – Adoptamos e adaptamos os modelos protestantes do Norte da Europa e introduzimos-lhes algumas modificações: o papel de Maria como Mãe e Virgem, que vai de encontro ao “Deus, Pátria e Família”; a utlilização de imagens e de ícones porque vivemos na era da Sociedade de Informação e a imagem hoje é muito importante…
D.P. – Quer dizer que estamos mais avançados do que os nossos parceiros do Norte da Europa?
S.D. – Eu não disse isso…
D.P. – Não disse mas queria dizer, ou não disse mas acha compreensível que se diga?
S.D. – É preciso ter topete!
D.P. – Senhor Deus, sejamos razoáveis…
S.D. – Não me peça o impossível…
D.P. – Estamos mais avançados que os nossos parceiros do Norte da Europa?
S.D. – Em matéria de MiMi’s, sim. O facto de todo o Minstério assentar numa história, história essa que vai ser publicada em fascículos pelo MiMi em 2006 e em 2007 será distribuída gratitamente aos cidadãos faz com que as pessoas se identifiquem com o MiMi. Há uma estrutura vertical muito básica que chega facilmente ao povo. Depois há o factor imagem: a conhecida actriz Maria participa na história, os fascículos são escritos por autores famosos como S. João Evangelista ou S. Marcos; há a participação do Jardim Zoolágico de Lisboa que cedeu os animais para a Arca de Noé e para a tentação de Adão e Eva…
D.P. – É essa a mais vaila, ninguém fica de fora!
S.D. – Exactamente!
D.P. – E quanto a questões mais polémicas como o aborto, a eutanásia, a pílula do dia seguinte, o casamento entre homossesxuais, o sexo antes do casamento…
S.D. – É preciso ter uma coisa em atenção, uma coisa muito importante que quero aqui esclarecer. Não somos contra o sexo antes do casamento, somos é contra o sexo sem fins de procriação. Quem quer ter sexo vai ter de começar a contribuir para o aumento da taxa de nataliade.
D.P. – Mas porque é que o seu MiMi se opôs de forma tão radical a todos estes temas?
S.D. – Contra tudo. Somos contra essas coisas todas que referiu. Sabe, no dia em que fizemos a votação não havia quórum. Faltavam dois secretários de Estado: o dos Estigmas, e o da Iconografia e como estavamos a falar de uma votação qualificada era óbvio que a ausência destes dois secretários fosse fazer a diferença no resultado. Por isso, e porque dava menos trabalho – seria necessário elaborar comissões de inquérito, grupos de estudo e gabinetes de apoio, - eu decidi que era melhor optar pelo “não”. Foi uma decisão difícil pois podiam ter sido criados muitos empregos para filhos de amigos e familiares e não foram. Sabe que até hoje tenho amigos que não me falam?
D.P. – Mas mesmo sabendo que o modelo é pioneiro, não posso deixar de lhe referir um exemplo bem sucedido, o da Dinamarca, que há pouco se viu envolvida com uma polémica. Que comentário lhe merecem os cartoons e a violência que se gerou?
S.D. – Só uma sociedade profundamente ateia é que não acredita no poder do seu próprio Deus para fazer justiça. As pessoas substituem-se ao seu Deus e fazem a justiça que devia ser o Deus a fazer. Um exemplo: se me insultarem, eu não fico à espera que o povo português venha em meu auxílio; farei de imediato justiça.
D.P. – Como?
S.D. – Imaginação não me falta, acredite. Às vezes o meu problema é escolher entre a praga de gafanhotos e o dilúvio e não se são muitos gafanhotos ou pouca chuva. Um castigo divino é assim. E olhe que cada vez tem sido mais difícil encontrar gafanhotos! O que o MiMi dá, o MiMi cobra.
D.P. – Então quer dizer que os Milagres pagam-se?
S.D. – Sim, mas se pedir recibo pode deduzi-los no IRS.
S.D. – Adoptamos e adaptamos os modelos protestantes do Norte da Europa e introduzimos-lhes algumas modificações: o papel de Maria como Mãe e Virgem, que vai de encontro ao “Deus, Pátria e Família”; a utlilização de imagens e de ícones porque vivemos na era da Sociedade de Informação e a imagem hoje é muito importante…
D.P. – Quer dizer que estamos mais avançados do que os nossos parceiros do Norte da Europa?
S.D. – Eu não disse isso…
D.P. – Não disse mas queria dizer, ou não disse mas acha compreensível que se diga?
S.D. – É preciso ter topete!
D.P. – Senhor Deus, sejamos razoáveis…
S.D. – Não me peça o impossível…
D.P. – Estamos mais avançados que os nossos parceiros do Norte da Europa?
S.D. – Em matéria de MiMi’s, sim. O facto de todo o Minstério assentar numa história, história essa que vai ser publicada em fascículos pelo MiMi em 2006 e em 2007 será distribuída gratitamente aos cidadãos faz com que as pessoas se identifiquem com o MiMi. Há uma estrutura vertical muito básica que chega facilmente ao povo. Depois há o factor imagem: a conhecida actriz Maria participa na história, os fascículos são escritos por autores famosos como S. João Evangelista ou S. Marcos; há a participação do Jardim Zoolágico de Lisboa que cedeu os animais para a Arca de Noé e para a tentação de Adão e Eva…
D.P. – É essa a mais vaila, ninguém fica de fora!
S.D. – Exactamente!
D.P. – E quanto a questões mais polémicas como o aborto, a eutanásia, a pílula do dia seguinte, o casamento entre homossesxuais, o sexo antes do casamento…
S.D. – É preciso ter uma coisa em atenção, uma coisa muito importante que quero aqui esclarecer. Não somos contra o sexo antes do casamento, somos é contra o sexo sem fins de procriação. Quem quer ter sexo vai ter de começar a contribuir para o aumento da taxa de nataliade.
D.P. – Mas porque é que o seu MiMi se opôs de forma tão radical a todos estes temas?
S.D. – Contra tudo. Somos contra essas coisas todas que referiu. Sabe, no dia em que fizemos a votação não havia quórum. Faltavam dois secretários de Estado: o dos Estigmas, e o da Iconografia e como estavamos a falar de uma votação qualificada era óbvio que a ausência destes dois secretários fosse fazer a diferença no resultado. Por isso, e porque dava menos trabalho – seria necessário elaborar comissões de inquérito, grupos de estudo e gabinetes de apoio, - eu decidi que era melhor optar pelo “não”. Foi uma decisão difícil pois podiam ter sido criados muitos empregos para filhos de amigos e familiares e não foram. Sabe que até hoje tenho amigos que não me falam?
D.P. – Mas mesmo sabendo que o modelo é pioneiro, não posso deixar de lhe referir um exemplo bem sucedido, o da Dinamarca, que há pouco se viu envolvida com uma polémica. Que comentário lhe merecem os cartoons e a violência que se gerou?
S.D. – Só uma sociedade profundamente ateia é que não acredita no poder do seu próprio Deus para fazer justiça. As pessoas substituem-se ao seu Deus e fazem a justiça que devia ser o Deus a fazer. Um exemplo: se me insultarem, eu não fico à espera que o povo português venha em meu auxílio; farei de imediato justiça.
D.P. – Como?
S.D. – Imaginação não me falta, acredite. Às vezes o meu problema é escolher entre a praga de gafanhotos e o dilúvio e não se são muitos gafanhotos ou pouca chuva. Um castigo divino é assim. E olhe que cada vez tem sido mais difícil encontrar gafanhotos! O que o MiMi dá, o MiMi cobra.
D.P. – Então quer dizer que os Milagres pagam-se?
S.D. – Sim, mas se pedir recibo pode deduzi-los no IRS.
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