sábado, 20 de maio de 2006

DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE LIBERDADE DE IMPRENSA


(em actualização ao longo do dia)

AGÊNCIAS CONTROLAM NOTÍCIAS
Dois estudos apontam que 70% da informação depende de fontes organizadas

Os primeiros indícios do fenómeno remontam a 1997, ano em que um trabalho relativo a três jornais diários de grande expansão ("DN" "JN" e "Público") concluía que das 28 notícias de primeira página apenas três não tinham como origem as chamadas "fontes organizadas de informação", ou seja, agências, assessorias e gabinetes de Imprensa. O estudo registava ainda que "DN" e "Público" apresentavam a mesma manchete e que apenas quatro notícias feitas a partir de informação das agências foram tratadas jornalisticamente.

Dados referentes ao período de 2000 a 2005, recolhidos por Vasco Ribeiro para uma tese de mestrado na Universidade do Porto, na área da assessoria de imprensa, tendo como base o "JN", "DN", "CM" e "Público", corroboram a tendência. Assim, 73,5% das notícias analisadas são provenientes de assessorias de Imprensa do Governo, das autarquias e agências de informação.
in: expresso de 20.5.2006


QUANDO O PRODUTO NÃO PRESTA...

"Por mais bonito que seja o embrulho, quando o produto não presta ninguém o compra".

"Numa sociedade mediatizada como a nossa, a mensagem é importante, mas numa campanha quase tudo depende do candidato. Não há agência que valha".
antónio cunha vaz, proprietário da agência de comunicação que efectou a campanha de carmona rodrigues para a câmara de lisboa.
in: expresso de 20.5.2006

Comentário Formiga Bargante
De forma involuntária, antónio cunha vaz acaba por desvendar o essencial do seu trabalho.
Começemos pelo pelo segundo parágrafo citado: "quase tudo depende do candidato".
E, em seguida, façamos a associação ao primeiro: "quando o produto não presta ninguém o compra".
Juntemos agora os números acima referidos: "
73,5% das notícias analisadas são provenientes de assessorias de Imprensa do Governo, das autarquias e agências de informação".

A partir daqui tudo se torna mais claro: "quase tudo depende do candidato" + "quando o produto não presta ninguém o compra" + "73,5% das notícias analisadas são provenientes de assessorias de Imprensa do Governo, das autarquias e agências de informação" = campanha de "informação" paga por carmona rodrigues em que o que se discute é a mulher e o filho do candidato carrilho + a famosa cena do aperto de mão, e o que não se discute são as ideias e os programas para Lisboa (afinal não era sobre isso que iamos a votos?).


Recuperamos aqui a parte final do excelente texto de Mário Mesquita sobre esta matéria, e publicado no Público em 14.5.2006

"Estes episódios podem suscitar diferentes juízos acerca do comportamento político de Manuel Maria Carrilho, mas há um aspecto que se afigura inquestionável: não é legítimo "condensar" todo o debate sobre Lisboa, em período eleitoral, em dois episódios laterais, maximizados pela televisão e demais orgãos de comunicação. O sistema político e mediático que tal permite não está de boa saude".
Mário Mesquita



PUBLICIDADE NEGATIVA COMPENSA ?

"Negative advertising works because people remember them more quickly, recall them more readily," said Kathleen Jamieson, dean of the Annenberg School for Communication at the University of Pennsylvania. "People are more influenced by negative information than positive information; they are more likely to sway attitudes."

CBS NEWS e a campanha presidencial americana de 2004 - LINK

Sem comentários: