A DESCER NO ELEVADOR DA HISTÓRIA
Robert Kurz
Durante muito tempo pareciam bem definidas as fronteiras mundiais entre a miséria em massa e o relativo bem-estar em massa. A linha de demarcação separava essencialmente o Norte do Sul do planeta. Essa constelação no entanto foi apenas um produto da história posterior à Segunda Guerra Mundial. Nos centros capitalistas, a mobilização das indústrias fordistas desencadeou um impulso sem precedentes de trabalho em massa e acumulação de capital, ligados à ascensão dos sindicatos e da social-democracia. A "automobilização" da sociedade ia de par com a construção crescente de uma rede de segurança social (o Estado do bem-estar), especialmente profunda na Alemanha Ocidental e em parte na França. Até mesmo no espaço anglo-saxónico de tradicional liberalismo económico os governos trabalhistas no Reino Unido e a "grande sociedade" do presidente Lyndon Johnson nos USA, na tradição do "New Deal", criavam novas estruturas sociais. O sociólogo alemão Ulrich Beck descreveu a ascensão social na era fordista do pós-guerra como "efeito elevador": apesar da continuação das diferenciações sociais, a sociedade como um todo era elevada a um patamar superior. Os salários reais se multiplicavam, enquanto o tempo de trabalho pelo contrário diminuía constantemente. A esperança geral de vida aumentava por meio de um sistema médico melhorado para todos. Foi essa prosperidade sem precedentes do Norte que se tornou o paradigma extremamente atractivo do "desenvolvimento" para os países do Sul. "Desenvolvimento" significava nem mais nem menos que fazer da perspectiva da modernização recuperadora e da industrialização nas categorias capitalistas um programa social, para poder tomar parte no mercado mundial como economia nacional independente. Aqui se manifestava um paradoxo histórico. Pois enquanto ainda eclodiam as últimas guerras de libertação da descolonização no Sul da Ásia e na África e simultaneamente nos países já descolonizados articulavam-se os movimentos de libertação contra a dependência económica da Europa Ocidental e dos USA, o paradigma do "desenvolvimento" seguia contudo o modelo dos centros capitalistas. Os ex-colonizados desejavam crescer nas formas sociais dos ex-colonizadores.
Texto completo neste LINK
Texto completo neste LINK
Sem comentários:
Enviar um comentário