PINAUD, BERARDO E O AMOR À ARTE, OU DA ARTE DE GANHAR DINHEIRO
Agora que François Pinault inaugurou o Museu da sua Fundação no Palazzo Grassi, em Veneza, começam a surgir artigos e informações muito interessantes sobre alguns dos possiveis motivos que terão levado o coleccionar francês a trocar a ilha de Seguin, em Paris, pelo Palazzo Grassi, em Veneza, além daqueles que em tempo oportuno François Pinaud invocou no artigo que publicou no diário Le Monde a justificar a sua decisão.
Assim, no também diário francês Liberation, e sob um título muito provocador, Le marchand de Venise, os jornalistas Nathalie Bensahel, Nicolas Cori e Henri-François Debailleux, introduzem novos elementos que obrigam, no mínimo, a pensar sobre o assunto. Para já vamos sublinhar dois desses argumentos, tendo o cuidado de deixar, no final deste texto, o link para o referido artigo, de forma a que cada um retire as conclusões que entender mais interessantes (somos uma democracia, não é ?).
Segundo os jornalistas franceses:
Autre hypothèse, Pinault se serait rendu compte, après coup, que la mise en place d'une fondation n'était pas une si bonne idée. «Une fondation implique de ne plus être seul décisionnaire, et surtout de ne plus pouvoir vendre des oeuvres, analyse un spécialiste. Or, dans l'art contemporain, il est essentiel de pouvoir faire tourner ses collections.»
E Pinault não é propriamente um mau vendedor, acrescenta a FB.
Em 2005, vendeu ao Museu de Arte Moderna de Nova York um quadro de Rauschenberg, Rebus, (o mesmo que ilustra este texto), com um lucro estimado de 25 milhões de euros !
Quanto a um outro argumento apresentado no jornal francês, é muito simples e prosaico: possiveis problemas de tesouraria provocados por uma acção judicial movida nos Estados Unidos contra Francois Pinaud.
Destas trapalhadas todas está livre o "nosso" Comendador.
Instalado gratuitamente de "cama, mesa e roupa lavada" no Centro Cultural de Belém, (esse sim nosso - pago com o dinheiro dos nossos impostos - !), pretende inaugura o "seu" Museu antes do final do ano, com pompa e circunstância.
Pormenor curioso, no meio de tudo isto: só no final do ano o "nosso" Comendador dirá se aceita, ou não, a avaliação que entretanto está a ser feita à Colecção.
Ou seja, primeiro instala-se e inaugura , e só depois é que define o que acontece à colecção: ou aceita o preço e o governo (qual?) compra, ou não aceita e , generosamente como é seu timbre, concede o direito de preferência ao governo português (qual?).
Pinaud, Berardo ou da arte de ganhar (muito) dinheiro !
Liberation - link
quinta-feira, 4 de maio de 2006
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