BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS
[Ainda bem que temos Link!!!]
“Sobre os portugueses, preguiçosos, beatos, e rapaces, encontrei apenas queixas, vi com indignação que ninguém tinha descrito os encantadores vales do Minho, onde a cultura portuguesa rivaliza com a inglesa, vi ainda que ninguém louvava a tolerância das gentes do povo, (…)”
(pág. 4)
[Eu também acho que o Rainha Sofia, o Prado, o Thyssen-Bornemisza não chegam aos calcanhares do Museu das Aparições em Fátima.]
“Estranho é que a este respeito Portugal contraste tão fortemente com a Espanha e que ali não se encontrem nem obras-primas desta especialidade, nem gosto por elas”.
(pág. 55 – acerca da arte)
[Devias era dizer isso ao Ministro da Saúde]
“O viajante deixa em breve a bela região de Elvas. A maior parte das terras em Portugal é como ilhas, não raramente como ilhas encantadas no meio de um mar deserto e estéril.”
(pág. 89)
[Mantem-se, confirma-se]
“As laranjas são vendidas por grosso ainda na árvore, existe gente singular que consegue estimar o seu número quando ainda estão na árvore, depois são colhidas, cuidadosamente empacotadas e assim expedidas. A maior parte vai daqui para Inglaterra ou é daqui levada por navios ingleses e depois vendida noutros portos. Ricos comerciantes, que há muito estão neste negócio, asseguram-nos que não traz grande lucro, e muitas vezes traz mesmo prejuízos. Outros citrinos, como por exemplo os limões são mais raramente cultivados em Lisboa e mais frequentemente em regiões mais frias de Portugal.
(pág. 113)
[Então vai aqui]
“O maior calor vem sempre com o vento leste e, no Verão quente de 1798, o termómetro subiu aqui acima dos 104º Fahrenheit (32º Réaum)”
(pág. 115)
[Pelo menos já os podemos processar*]
“Por este pouco se pode ver como a agricultura é tão deficientemente explorada; por aqui se pode ver o pouco que se liga à questão principal (o adubo) e como um cereal (a aveia), que nos solos maus e nas charnecas de Portugal tão facilmente poderia prosperar, é sem razão negligenciada e posta de lado.”
(pág. 117)
[E gostam de doces, e fazem exercício só ao fim de semana, e são obesos, e têm colestrol e são diabéticos e comem pouca fruta…]
“Os portugueses alimentam-se maioritariamente de carne e peixe, gostam menos de legumes. O pão de Lisboa é mau em quase todo o lado, geralmente de farinha de trigo, mais raramente de milho, nunca de centeio. Azenhas não se vêem, sendo mais frequentes os moinhos de vento que, em vez de uma asa, são impulsionados por quatro velas triangulares esticadas, dando às colinas de Lisboa um aspecto singular. As batatas não são aqui ainda cultivadas, importam-se de Inglaterra e da Irlanda”.
(pág. 118)
[Pecu-quê? Agora não há nada disso. Actualize-se Link, os miúdos nem sabem de onde vem o leite, pensam que vem dos pacotes]
“Não há dúvida que face à grande quantidade de pastagens, a pecuária poderia ser uma grande riqueza de Portugal se houvesse um maior dinamismo e, se é certo que durante alguns meses a seca é grande, em compensação noutros países, conhecidos pela sua pecuária, tem-se ao longo de não poucos meses uma espessa camada de neve.”
(pág. 119)
[Things change honey!!!*]
“Um outro peixe que se apanha em grande quantidade na cozinha portuguesa é a sardinha (Cluppea sprattus Linn), alimento, bálsamo e especiaria dos pobres e muitas vezes utilizada na engorda dos porcos.”
(pág. 119)
[Ah, isso era antes…]
“Por todo o lado às esquinas das ruas são assadas e vendidas ainda quentes, por mulheres, umas castanhas magníficas. Seriam convidativas para um alemão se justamente ao lado não estivesse uma panela de sardinhas a fritar num azeite fedorento e as mulheres (chamadas frigideiras) também não cheirassem tão mal.”
(pág. 120)
[Mantem-se]
“Para as classes mais baixas existem especialmente os cafés (lojas), existindo vários, muitas vezes em número considerável em cada rua. São pequenos, mal mobilados, sujos, toma-se um café miserável…”
(pág. 132)
[Ai é?! Então vai ver isto]
“Aqui, como em Espanha, observei que os habitantes nunca se habituam ao vinho, ficam, isso sim, bêbados com uma quantidade que um alemão ou um inglês, depois de uma curta estada nesta terras, despeja de um trago sem depois sentir os efeitos.”
(pág. 132)
[Mega aplausos]
“Este é um espectáculo cruel. Espetam-se-lhe picos, dependuram-se-lhe bocados de madeira quadrangulares com afiados ganchos de ferro, muitas vezes em quantidade tal que o sangue abundantemente corre do corpo do animal. Não há nada de belo nesta luta, a não ser quando o touro no início sai enfurecido de rompante ou quando às vezes se coloca no meio da praça, esgravata a terra e muge em desafio.”
(pág. 134)
[Mega aplausos 2]
“Vai-se à missa porque não se tem outro passeio, gosta-se das cerimónias religiosas porque se procura passar o tempo, seguem-se as procissões como quem vai à ópera.”
(pág. 134)
[Não cuspas para o ar…]
“Para além dos dados do Almanque, em que nem sempre se pode confiar, tem de uma forma geral boa fama, mesmo entre estrangeiros, qua tanto gostam de, gratuitamente, criticar tudo em Portugal.”
(pág. 141)
[Pessoal poupadinho!!! Isto agora é à vontade do freguês…]
“Estes ministros têm os seguintes títulos portugueses: ministro e secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, ministro e secretário de Estado da Repartição da Fazenda, ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino, ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e dos Domínios Ultramarinos.”
(pág. 147)
[Abundante em água???]
“Sintra é a residência de Verão dos nobres de Lisboa, em especial dos estrangeiros e das casas portuguesas que estão ligadas aos estrangeiros. (…) Os meses de Agosto e Setembro são aqui passados, quando em Lisboa está tudo queimado e a serra abundante em água oferece ainda verdes relvados e sombras.”
(pág. 150)
[Posto desta forma até parece verdade]
“Aqui, as árvores altas e frondosas do Norte da Europa combinam-se com os aromáticos laranjais do Sul.”
(pág. 150)
[É?]
“O melhor vinho de mesa em Lisboa é o vinho de Colares.”
(pág. 151)
[O Portas também queria isso]
“Quanto melhor teria sido se D. João V tivesse utilizado os seus tesouros do Brasil para a criação de uma marinha temível, pois desse modo é que Portugal poderia e deveria ser grande.”
(pág. 152)
[Quanto à primeira parte posso dizer-te que há cerca de 3,7 vezes mais casas que pessoas em Portugal. Em relação à segunda parte, nada a declarar]
“Não posso deixar de inserir aqui de seguida uma nota sobre a população de Portugal. De acordo com o mais recente censo e segundo o actual ministro da Polícia, o número das casas em Portugal é de 744 980. Apenas em Lisboa e no Porto se pode estimar o número de cinco e mais almas por cada fogo, nas cidades do litoral geralmente cerca de cinco, nas cidades do interior, decerto menos. Em cada pequena casa destas vilas do interior vive apenas uma família, que muitas vezes é composta apenas pelo homem, mulher e uma criança, pois o povo mais humilde não é muito prolífico e não tem meios para alimentar muitos filhos.”
(pág. 153)
[Para isso é que há dinheirinhos*]
“Falta de tudo a todos os níveis, embarcações apropriadas, as redes não prestam para nada, não se sabem colocar as iscas certas. Muitas vezes falta o peixe ou então este não se aproxima das costas. Então a miséria é grande entre as classes mais pobres do povo e não há barcos para ir pescar ao mar alto. Muitas vezes há peixe em excesso, deixa-se então apodrecê-lo sem que dele se extraia óleo de fígado de bacalhau.”
(pág. 155)
[Concordo]
“A pesca de Setúbal foi outrora muito famosa, mas decaiu consideravelmente. Em tempos antigos as cidades de Sines, Setúbal e Alcácer estavam associadas no respeitante ao comércio de peixe. Os lisboetas fecharam em 1353 um acordo com Eduardo III de Inglaterra sobre a autorização para poderem pescar nas costas da Bretanha. Como os tempos mudaram! Mas foram os espanhóis sob o domínio dos Filipes que arruinaram Portugal.”
(pág. 158)
[Eu cá acho o Prtas parecido com o Pombal]
“Porque é que Pombal nunca pensava em caminhos, pontes, canais, à excepção dos que se encontram a uns passos da sua vila de Pombal? Porquê pequenas provocações ao clero, que não traziam qualquer alívio ao povo e lhe arranjavam inimigos implacáveis? No início ele queria construir por todo o lado manufacturas e fábricas, depois deu-lhe para a lavoura e no final para a pesca, em suma, começou tudo pelo fim. Sempre despótico, orgulhoso, cruel, nunca atingiu o seu objectivo de desenvolvimento do país, e mesmo a gente do povo, que ele por vezes favorecia, recorda-o já não com os sentimentos de amor, mas sim com uma espécie de satisfação pelo mal alheio, nomeadamente pela sorte das classes mais altas. Este é o resultado das conversas sobre este homem com uma série de portugueses de diferentes condições.”
(pág. 177)
[Ora aqui está uma grande verdade!]
“Quanto mais se anda em direcção ao Norte de Portugal, tanto melhor, mais bondoso e mais trabalhador é o povo.”
(pág. 180)
“Porque é que Pombal nunca pensava em caminhos, pontes, canais, à excepção dos que se encontram a uns passos da sua vila de Pombal? Porquê pequenas provocações ao clero, que não traziam qualquer alívio ao povo e lhe arranjavam inimigos implacáveis? No início ele queria construir por todo o lado manufacturas e fábricas, depois deu-lhe para a lavoura e no final para a pesca, em suma, começou tudo pelo fim. Sempre despótico, orgulhoso, cruel, nunca atingiu o seu objectivo de desenvolvimento do país, e mesmo a gente do povo, que ele por vezes favorecia, recorda-o já não com os sentimentos de amor, mas sim com uma espécie de satisfação pelo mal alheio, nomeadamente pela sorte das classes mais altas. Este é o resultado das conversas sobre este homem com uma série de portugueses de diferentes condições.”
(pág. 177)
[Ora aqui está uma grande verdade!]
“Quanto mais se anda em direcção ao Norte de Portugal, tanto melhor, mais bondoso e mais trabalhador é o povo.”
(pág. 180)
[Muuuito raros. E crimes violentos? É que não há nada disso]
“Pilhagens e roubos são aqui já muito raros. Mas nem homens nem mulheres agradam pela sua beleza e estas últimas, quando comparadas com as suas vizinhas de Condeixa, desagradam mesmo. As mulheres do povo usam um lenço negro e comprido a cobrir a cabeça, como em algumas cidades alemãs, por exemplo Hildesheim, ou como a mantilha das espanholas, mas sem o belo ornamento de crepe ou o laço destas últimas.”
(pág. 180)
[Continua a ser assim]
“Cada um dos estudantes, seja de Teologia, de Direito ou de Medicina, tem de estudar aqui um número determinado de anos, que fazem parte de cada curso, e submeter-se às provas anuais se quiser ter um cargo ou exercer a sua profissão.”
(pág. 181)
[Curioso… Eu penso o mesmo da BN]
“A biblioteca pública ocupa uma pequena igreja que no interior mudou muito pouco. É difícil formar uma opinião acerca de uma biblioteca quando não se pode estudar o seu catálogo.”
(pág. 183)
[Mas não faz melhores alunos]
“Em suma, os regulamentos da Universidade de Coimbra não são assim tão maus. Ela suplanta de longe as universidades espanholas, sem exceptuar Salamanca, a julgar por aquilo que em Espanha e Portugal ouvi a juízes acreditados.”
(pág. 183)
[Eu estou aqui estou a pregar-te um par de estalos…]
“Até o episódio n’Os Lusíadas de Camões tem no meio de alguns passos magníficos uma fala de Inês a Afonso que não poderia ter sido pior escrita, mesmo que fosse intencional. Mas decerto se esquecem dos erros deste grande poeta quando se lêem as duas estrofes onde ele descreve a sorte de Inês.”
(pág. 188)
[Caramba!!! Continua a fazer sentido]
“Apesar da boa lavoura a gente do povo é muito pobre e o motivo está já à vista quando ao longe se descobre a cidade: a quantidade de conventos e igrejas.”
(pág. 193)
[Ai Link, como as coisas mudam]
“Lisboa anuncia-se grande e magnífica ao longe! Coimbra está perdida nos saudosos campos do Mondego, o Porto surpreende pela sua localização sublime.” (…) “Parece ter-se saído de Portugal, parece estar-se numa cidade inglesa pela forma como tudo é tão claro e limpo e está tão simetricamente construído. Aliás, o Porto é sem dúvida a cidade mais limpa do país.”
(pág. 197)
[Imagino que para um estrangeiro seja muito difícil…]
“O declive íngreme da colina na qual está construída torna o andar a pé, a cavalo ou de carruagem ainda mais penoso do que em Lisboa e, do lado leste da cidade, encontram-se casas na encosta rochosa tão debruçadas sobre o rio que a elas só se pode chegar por uma escada talhada na rocha. Esta maçada, pelo menos para um estrangeiro, é amplamente compensada pela localização romântica e pela vista que se tem para a margem em frente com as suas povoações, conventos, pinhais.”
(pág. 198)
[Eu nem digo nada. Vai ver aqui]
“De resto o povo é muito bondoso e o Porto, precisamente ao contrário de Lisboa, era, naquela época uma cidade muito segura, onde os roubos e os homicídios motivados por roubos eram coisas muitíssimo raras. Exemplos de facadas por ciúmes, contudo, não faltavam. A cortesia e amabilidade do povo é extraordinariamente grande, a linguagem é mesmo divertida e está em parte repleta de diminutivos ridículos. Às mulheres ouvia quase sempre, em vez de adeus, o diminutivo adeusinho.”
(pág. 201)
[Mantem-se. Só que regressam no Verão com carros modificados, camisolas à camionista, chinelam, falam mal a língua adoptada, bebem muito….]
“Mas a multiplicação para este povo trabalhador e alegre é demasiado grande para esta terra estéril, anualmente emigra uma grande quantidade, em parte para se fixar noutra região e não regressar nunca mais (…)”
(pág. 204)
[Bichos-da-seda?]
“Se o Governo cuidasse de construir mais fábricas e manufacturas que aqui estariam no seu lugar próprio, a criação de bichos-da-seda, para a qual esta província muito se adapta, seria estimulada e fomentada: assim se impediriam as emigrações, que enfraquecem esta província e fortalecem a indolência das restantes.”
(pág. 204)
(Continua para a semana)
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