A COLECÇÃO BERARDO E OS "EURICOS"
Está consumado o "negócio" da colecção Berardo.
Foram ontem aprovados, em Conselho de Ministros, os estatutos da Fundação Berardo, já foram nomeados os cinco administradores, e na próxima semana haverá reunião de conselho de administração.
Mas, neste negócio a dez anos (prazo de cedência da colecção à nova Fundação Berardo), muitas dúvidas (ou certezas?) estão por clarificar.
Aquilo que já é seguro é que nos próximos dez anos o comendador Berardo não necessita de se preocupar com os custos de administração, conservação, manutenção, promoção e exposição da sua colecção.
E esta a valorizar-se !
Só para termos uma muito pequena ideia dos "euricos" envolvidos, vamos recordar alguns números apresentados pela jornalista Paula Lobo do Diário de Notícias, em artigo de 24.12.2005.
Assim, e durante os nove anos em que a colecção Berardo esteve em depósito no Centro Cultural de Belém (assim a modos que um armazém de luxo mas pago pelo orçamento de estado), os gastos foram estes:
€ 420.000 para acolher a colecção
€ 50.000/ano para montagens e transportes
€ 40.000/ano para pessoal contratado para tratar do acervo
€ 300.000 nas duas últimas grandes exposições (Corpus e Construir/Desconstruir/Habitar)
ou seja, € 1.500.000 em nove anos.
Só para ficarmos com uma boa "fotografia" do que representa esta verba, convém recordar que o Museu do Chiado, em 2005, teve € 20.000 para aquisições.
Leram bem: vinte mil euros para aquisições, em 2005, para o Museu do Chiado !
E estes números referem-se sómente aos encargos com o depósito da colecção no CCB !
A partir de agora, qual vai sêr o orçamento necessário para fazer rodar a nova máquina ?
Só para o Conselho de Administração entraram 4 novas "caras": Bernardo Pinto de Almeida, André Luis Gomes (advogado de Joe Berardo), Renato Berardo (filho de Joe Berardo) e José António Pinto Ribeiro, sendo que o quinto elemento é "da casa", ou seja, Margarida Veiga.
E para tornar a situação ainda mais "interessante", convém recordar que o comendador Berardo tem até ao fim do ano para aceitar, ou não, o valor que uma comissão independente está a estudar para atribuir à Colecção !
Ou seja, o Estado Português já está obrigado a sustentar todos os custos com a Colecção Berardo, sem sequer saber se a pode comprar e qual o preço. Belo negócio.
Para finalizar, convém recordar as declarações de Joe Berardo à revista Actual, do Expresso, com data de 10.12.2005:
"O contrato será feito a 10 ou 15 anos, com uma cláusula que obriga a minha família a não vender as obras sem primeiro dar às entidades públicas envolvidas a opção da compra".
O prazo já lá está (10 anos), as despesas também, quanto à compra...
sexta-feira, 2 de junho de 2006
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