sexta-feira, 23 de junho de 2006

É HOJE

E a música voltou à festa, aquela que escutamos e vem de tão longe quanto nos é possivel lembrar, da infância, aquela que nunca pára, aqui ou ali, nas esquinas da cidade, em escondidos recantos campestres, em todo o lado onde se vão sentar os pobres aos fins-de-semana, para que vejamos no que se tornaram. Que paraíso - dizemos-lhes. E para eles pomos a música a tocar, agora aqui agora além, de estação em estação, lá vai ela tilintando e moendo tudo quanto fez dançar os ricos no ano anterior. É música mecânica a cair dos cavalos de pau, dos automóveis que o não são, das montanhas nada russas e do estrado do lutador que não tem biceps nem veio de Marselha, da mulher que não tem barba, do mago que é corno, do orgão que não é de ouro, por trás do tiro cujos ovos estão vazios.
Festa para enganar gente de fim-de-semana.
Louis-Ferdinand Céline - Viagem ao fim da noite

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