quarta-feira, 28 de junho de 2006




[Já leste a poesia pós Antero de Quental?]
“Mas com os versos já não sucede tanto assim. (…) Mostra em muitas das graças, especialmente no patois, uma ingenuidade muito própria e extraordinariamente encantadora que, no mínimo, como aquela palavra, é característica particular desta nação. Uma inocência que quase sempre ilude, uma bondade que é apenas malícia e uma refinada licenciosidade reinam nos cantos e modos desta nação.”
(pág. 221)


[Muitíssimo mesmo!!!]
“A canção popular portuguesa é invariavelmente queixosa, fala quase sempre das penas do amor, é muitíssimo raro ser obscena e ainda mais raramente divertida.”
(pág. 221)


[Santo Iluminismo, rogai por nós]
“Quando um dia a ti chegarem, povo menosprezado, as afortunadas e venturosas Luzes, que te possam então elas surgir sem o cadafalso do despotismo de Pombal e sem a guilhotina da liberdade da França.”
(pág. 221)


[Esta não te perdoo, Link]
“Portugal está muito longe de ter, mesmo proporcionalmente, a variedade dos vinhos espanhóis e em termos gerais também lhes ficam muito atrás. Nas mais vulgares tabernas em Espanha não é raro encontrar vinhos bons, por vezes mesmo magníficos, em Portugal ele é a maior parte das vezes muito mau. O vinho espanhol tem uma fogosidade muito própria, que ao vinho português se dá através da aguardente. Portugal podia sem dúvida ter vinhos tão bons como Espanha, mas não se pode negar que a lavoura e indústria, no seu todo, estão em Espanha numa fase mais avançada do que em Portugal.”
(pág.223)


[E o tipo a dar-lhe com os bichos-de-seda]
“Nas encostas perto do Douro vêem-se amoreiras. É estranho que em Portugal a criação de bichos-da-seda seja completamente negligenciada, apesar de aqui não faltarem solo, clima e todas as outras condições indispensáveis. Para o populoso Minho ela seria particularmente de aconselhar. Em Trás-os-Montes, em especial ao redor de Bragança, eram aliás cultivadas muitas amoreiras e produzida seda em quantidades consideráveis. Mas as informações que ouvimos sobre o estado actual deste ramo de comércio eram muito tristes. O Governo teve a ideia de apoiar a criação de bichos-de-seda e tendo verificado, talvez não sem razão, que a seda era mal fiada, mandou vir fiadeiras de Piemonte, fê-las dar lições na fiação de seda e simultaneamente ordenou a todas as fiadeiras portuguesas que obtivessem um certificado passado por elas dizendo que estavam aptas a exercer esta profissão. O resultado foi muito mau. As piemontesas raramente dão certificados e quando o fazem são parciais, procuravam chamar a si toda a fabricação, iritaram assim o povo e as amoreiras, em vez de ser plantadas foram cortadas. Mais uma prova de que os governos fazem melhor quando não tomam sob seu especial cuidado algumas coisas.”
(pág. 231)


[Temos muitas minas de sabão amarelo. Em Portugal cada um tem a sua]
“Tenho aqui, a propósito, de observar que em Portugal não é explorada absolutamente nenhuma mina, com excepção da prospecção de mercúrio perto de Coina e da extracção de carvão mineral perto da Figueira, que no entanto podem ser consideradas minas.”
(pág. 234)


[E se há coisa que não vale a pena conhecer em Portugal, é isso]
“Quero por isso sinceramente aconselhar todos os negociantes de minerais a não vir para Portugal, porque senão poderiam cair nas mãos da justiça portuguesa, com a qual adiante se travará conhecimento.”
(pág. 234)


[Podiam fazer estatísticas disso]
“A sua lã é excelente, a melhor da Europa a seguir à espanhola, e é frequentemente exportada para Inglaterra. Em terras à volta da serra da Estrela faz-se também um magnífico queijo de ovelha, que é enviado para todo o Reino, só que em geral é muito raro. (…) Na Covilhã existem fábricas de tecido que vão de vento em popa.”
(pág. 235)


[Curioso Link, até parece que escreveste o teu livro no ano passado]
“O Verão quente, em toda a parte o solo queimado, as regiões desinteressantes que atravessávamos, fizeram com que acelarássemos a nossa viagem. (…) Por todo o lado se viam a arder as charnecas, com o que se quer obter forragem nova, mas frequentemente queimam-se oliveiras como vimos em várias terras.”
(pág. 241)


[Mau, a gente vai ter problemas]
“Sobreira Formosa (…) Durante uns tempos foi aqui feita a guerra mas, como é sabido, foi muio pobre em ocorrências significativas. As tropas espanholas conduziram-se muito bem, segundo os testemunhos dos portugueses que tinham sobrevivido a este tempo, melhor do que o totalmente embrutecido exército português daquela época.”
(pág. 242)


[Mas tu tens a certeza que escreveste o livro em 1779?]
“Por um par de cruzados, comprámos um relatório favorável e fomos de imediato postos em liberdade pelo Corregedor…”
(pág. 243)


[Que comichento!!! Nunca estás bem com aquilo que tens.]
“A água, como a água do Gerês, não tem o mínimo sabor nem cheiro, a temperatura também não vai além dos 24º Réaum., é portanto muito pouco.”
(pág. 254)


[Então e o moletezinho?]
“Não é produzido cereal em quantidade tal que chegue para as necessidades, mas em Faro e Tavira come-se um pão magnífico, melhor do que em qualquer outro lugar no Reino, sem exceptuar Lisboa e ainda menos o Porto, onde o pão é extremamente mau.”
(pág. 267)


[Sempre actual, este Link]
“O povo vive principalmente do peixe e é muito pobre.”
(pág. 267)


[Experimenta ir lá no Verão!]
“Em suma, não falta nada à cidade (de Tavira) a não ser gente.”
(pág. 268)


[Posto desta forma, até parece bonito.]
“A maior das pobrezas surge por todo o lado das graciosas casas.”
(pág. 268)


[Hás-de vir cá mais vezes…]
“Uma maior limpeza e asseio distinguem imediatamente a cidade espanhola da portuguesa.”
(pág. 268)


[Pelo menos em alguma coisa somos melhores…]
“… a ralé em Espanha é muito pior que em Portugal.”
(pág. 269)


[E continua…]
“Évora foi outrora uma Universidade e tem ainda esse privilégio, mas desde os tempos de Pombal está totalmente morta.”
(pág. 277)


[Está bem, mas só 30 segundos.]
“Já tantas vezes nos rimos à custa da nação portuguesa que podemos muito bem, pelo menos uma vez, lembrar os disparates de outras nações.”
(pág. 278)


[Agora temos disso on line]
“Os jornais não podem prosperar num país onde ainda tão pouco interesse há pela literatura. Em Lisboa aparece entretanto uma folha semanal, chamada o Almocreve das Petas, que é muito lida e onde se encontram anedotas engraçadas, episódios, poesias e outras coisas semelhantes.”
(pág. 283)


[Super-mega-hiper aplauso]
“Portugal gaba-se com razão de ter produzido os maiores poetas da Península e a Espanha é-lhe sem dúvida inferior neste aspecto. O que é Ercilla, o que são todos os poetas épicos espanhóis comparados com Camões, que pode rivalizar com os melhores poetas italianos. E Camões não está só, mas faz sombra aos restantes que estes raramente são referidos e no estrangeiro são totalmente desconhecidos. (…) Não é este o lugar par descrever a flora poética de Portugal que os nossos homens de letras negligenciaram em demasia. Ainda agora, metade de todas as obras que se publicam são constituídas por livros de moral e poesia.”
(pág. 284)


[Acreditas que ainda não o corrigiram?]
“É uma vergonha não haver nenhum mapa de Portugal para além do espanhol, de Lopéz, extremamente incorrecto, em que se encontram grandes erros nas regiões mais conhecidas. Mas isto vai mudar. O Príncipe regente mandou alguns geógrafos fazer uma viagem pelo país para melhorar o mapa…”
(pág. 291)


[Ah, isso é outra fruta]
“Os melhores médicos, e há alguns, tratam os doentes à maneira inglesa, existem mesmo alguns que estudaram em Edimburgo.”
(pág. 290)


[Então e o Euro?]
“Mas os portugueses propriamente ditos não fizeram nada de importância.”
(pág. 291)


[Caramba Link, continuas a marcar pontos]
“Uma coisa deste género não está no carácter da nação, que não mostra qualquer apego ao antigo e às tradições. Gostam do novo, porém a superficialidade é aí o seu maior erro.”
(pág. 291)


[Eles nem sabiam que existia]
“Esta é uma breve descrição do trsite estado das ciências num reino que, para nós alemães, por pouco não o é mais desconhecido de entre todos os países europeus. Mas por mais triste que este estado seja, sempre gostaria de perguntar aos meus leitores se eles não pensavam que ele fosse ainda pior.”
(pág. 293)


[Ninguém grita tanto com os espanhóis para dizer “olá”]
“Em sociedade a língua portuguesa é preferível à espanhola. É mais concisa, a pronúncia fatiga menos os órgãos, está muito longe de qualquer tipo de afectação, é um sibilo sussurrante.”
(pág. 295)


[Ai o %$(# do filho da #”!2 do homem]
“Já acima se disse que os portugueses misturam poucas imprecações, poucos palavrões e poucas expressões repugnantes nas suas conversas.”
(pág. 295)


[Não obrigado, estou satisfeito]
“Do mesmo modo a língua portuguesa é também muito mais pudica que a espanhola. Quiere usted usar una vaina é a expressão muito clara e nítida das alcoviteiras espanholas. Em Portugal é o discreto quer tomar.”
(pág. 295)

(Acaba aqui a participação na Formiga Bargante)

2 comentários:

Anónimo disse...

oh, porquê?

maloud disse...

Espantosa e muito actual escalpelização.
É por isto que me viciei no seu blog.