ALGUMAS CONSIDERAÇÕES, INOCENTES, SOBRE O NOVO PLANO DE DINAMIZAÇÃO DA BAIXA-CHIADO, A APRESENTAR DIA 22 PELA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
Segundo o que foi anunciado, no próximo dia 22 a Câmara Municipal de Lisboa irá apresentar (com pompa e circunstância) a proposta de dinamização da Baixa -Chiado elaborada pela última comissão ( a quarta ou quinta, já lhe perdemos o conto...) nomeada, para o efeito, por Maria José Nogueria Pinto.
Muito se devia discutir quanto ao método escolhido (grupo de "notáveis" versus participação alargada a um vasto leque de especialistas e cidadãos interessados no tema), às propostas já avançadas por alguns membros da comissão (Baixa "recuperada" como centro financeiro, Baixa recuperada como destino de habitação das classes alta e média alta, etc.) ou quanto às considerações de Maria José Nogueira Pinto e seus pares da comissão ("a proposta já conterá todas as respostas a quaisquer perguntas que venham a ser formuladas", segundo palavras de MJNG, ou de Manuel Salgado que indica que o futuro do Quartel do Carmo da GNR poderia ser " um centrode design dada a próximidade do Bairro Alto e do Museu do Design a ser instalado em SantaCatarina", o que, em termos de compreensão do que são hoje as indústrias criativas denota bem a falta de conhecimento que existe na comissão).
Mas tudo isto, parecendo muito, é muito pouco importante.
É que o problema/base da Baixa Pombalina, e sobre o qual e até hoje ainda não ouvimos qualquer declaração de nenhum responsável, é o problema das estrututras do construido.
Os estudos já feitos e publicados, (e a Formiga Bargante só conseguiu obter acesso a alguns deles, mas essa é outra estória...), são aterradores:
There has not been a major quake near Lisbon for the past 250 years, so the lessons learned may have been forgotten. After all, Lisbon still sits on shifting sands, as last year's collapse of a new waterfront subway station attested. Carlos Sousa Oliveira, a seismologist at Lisbon University, worries that today's Lisbon may not be so earthquake-proof. His recent studies of the city's buildings show that renovations carried out on many of the Pombaline structures over the past century - plumbing, electrical wiring and redesign - have compromised the integrity of the timber gaiolas. Recent restoration and remodelling of buildings in the Baixa have been done without a set of strict guidelines and, he says, create serious uncertainties about how well they will withstand an earthquake. The question now is whether the world's first earthquake-proof city will be ready for the next big one.
Resurrecting Lisbon.
By Bruce Stutz
NewScientist.com News Service | 22 October 2005
A survey carried out by the city council, DCEOD (1993), showed that around 80% of the buildings still had the original “gaiola” structure, if the modifications in the shops at the ground level were disregarded. By then, the structure of 12% of the buildings, randomly distributed in the sixty blocks, was totally replaced by reinforced concrete.
accounting for the "block effect" in structural interventions in Lisbon´s old "Pombaline" downtown buindings
v.cóias e silva, paulo b. lourenço, luis f. ramos e carlos g.mesquita
Como exemplos de intervenções que enfraqueceram significativamente a resistência sísmica dos edifícios da Baixa, podem apontar-se os seguintes:
a) - Corte dos pilares ao nivel do piso térreo para abertura de grandes espaços, frequentemente estabelecimentos comerciais. Este tipo de alterações é feito, geralmente, com um reforço que consiste em introduzir uma viga no topo da parede ou pilar que se corta para redestribuir as cargas para elementos adjacentes. Esta solução pode salvaguardar a resistência a cargas verticias, mas enfraquece significativamente a resistência às forças horizontais, na zona da estrutura em que os efeitos dessas forças são mais fortes. O efeito extremamente negativo deste tipo de alterações é comprovado pelo histórico sísmico mundial que está repleto de exemplos que atestam o mau desempenho de edifícios com estas caracteristicas.
in: segurança estrutural da baixa pombalina - mário lopes, rita bento e rafaela cardoso.
Mesmo quando se fala da Baixa em termos de futuro, a sua importância e valor são realçados com base nos mesmos aspectos (culturais, históricos, urbanisticos, etc. - nota FB), raramente se discutindo a existência fisíca da própria Baixa, isto é, a segurança estrutural dos edifícios normalmente não se questiona. No entanto, essa deveria ser uma das preocupações mais básicas, pois sem a perseveração dos edifícios os restantes aspectos não terão interesse em termos de futuro e serão apenas história.
in: segurança estrutural da baixa pombalina - mário lopes, rita bento e rafaela cardoso.
A partir da próxima segunda feira começaremos a publicar textos sobre este assunto.
Entretanto, e por entendermos que este é um tema que deveria interessar a todos, desde já ficam abertas as "páginas" da Formiga Bargante, seja na forma de comentários, textos a inserir no blogue, ou de textos publicados noutros blogues e a que aqui se possam fazer referência sob a forma de link.
Muito se devia discutir quanto ao método escolhido (grupo de "notáveis" versus participação alargada a um vasto leque de especialistas e cidadãos interessados no tema), às propostas já avançadas por alguns membros da comissão (Baixa "recuperada" como centro financeiro, Baixa recuperada como destino de habitação das classes alta e média alta, etc.) ou quanto às considerações de Maria José Nogueira Pinto e seus pares da comissão ("a proposta já conterá todas as respostas a quaisquer perguntas que venham a ser formuladas", segundo palavras de MJNG, ou de Manuel Salgado que indica que o futuro do Quartel do Carmo da GNR poderia ser " um centrode design dada a próximidade do Bairro Alto e do Museu do Design a ser instalado em SantaCatarina", o que, em termos de compreensão do que são hoje as indústrias criativas denota bem a falta de conhecimento que existe na comissão).
Mas tudo isto, parecendo muito, é muito pouco importante.
É que o problema/base da Baixa Pombalina, e sobre o qual e até hoje ainda não ouvimos qualquer declaração de nenhum responsável, é o problema das estrututras do construido.
Os estudos já feitos e publicados, (e a Formiga Bargante só conseguiu obter acesso a alguns deles, mas essa é outra estória...), são aterradores:
There has not been a major quake near Lisbon for the past 250 years, so the lessons learned may have been forgotten. After all, Lisbon still sits on shifting sands, as last year's collapse of a new waterfront subway station attested. Carlos Sousa Oliveira, a seismologist at Lisbon University, worries that today's Lisbon may not be so earthquake-proof. His recent studies of the city's buildings show that renovations carried out on many of the Pombaline structures over the past century - plumbing, electrical wiring and redesign - have compromised the integrity of the timber gaiolas. Recent restoration and remodelling of buildings in the Baixa have been done without a set of strict guidelines and, he says, create serious uncertainties about how well they will withstand an earthquake. The question now is whether the world's first earthquake-proof city will be ready for the next big one.
Resurrecting Lisbon.
By Bruce Stutz
NewScientist.com News Service | 22 October 2005
A survey carried out by the city council, DCEOD (1993), showed that around 80% of the buildings still had the original “gaiola” structure, if the modifications in the shops at the ground level were disregarded. By then, the structure of 12% of the buildings, randomly distributed in the sixty blocks, was totally replaced by reinforced concrete.
accounting for the "block effect" in structural interventions in Lisbon´s old "Pombaline" downtown buindings
v.cóias e silva, paulo b. lourenço, luis f. ramos e carlos g.mesquita
Como exemplos de intervenções que enfraqueceram significativamente a resistência sísmica dos edifícios da Baixa, podem apontar-se os seguintes:
a) - Corte dos pilares ao nivel do piso térreo para abertura de grandes espaços, frequentemente estabelecimentos comerciais. Este tipo de alterações é feito, geralmente, com um reforço que consiste em introduzir uma viga no topo da parede ou pilar que se corta para redestribuir as cargas para elementos adjacentes. Esta solução pode salvaguardar a resistência a cargas verticias, mas enfraquece significativamente a resistência às forças horizontais, na zona da estrutura em que os efeitos dessas forças são mais fortes. O efeito extremamente negativo deste tipo de alterações é comprovado pelo histórico sísmico mundial que está repleto de exemplos que atestam o mau desempenho de edifícios com estas caracteristicas.
in: segurança estrutural da baixa pombalina - mário lopes, rita bento e rafaela cardoso.
Mesmo quando se fala da Baixa em termos de futuro, a sua importância e valor são realçados com base nos mesmos aspectos (culturais, históricos, urbanisticos, etc. - nota FB), raramente se discutindo a existência fisíca da própria Baixa, isto é, a segurança estrutural dos edifícios normalmente não se questiona. No entanto, essa deveria ser uma das preocupações mais básicas, pois sem a perseveração dos edifícios os restantes aspectos não terão interesse em termos de futuro e serão apenas história.
in: segurança estrutural da baixa pombalina - mário lopes, rita bento e rafaela cardoso.
A partir da próxima segunda feira começaremos a publicar textos sobre este assunto.
Entretanto, e por entendermos que este é um tema que deveria interessar a todos, desde já ficam abertas as "páginas" da Formiga Bargante, seja na forma de comentários, textos a inserir no blogue, ou de textos publicados noutros blogues e a que aqui se possam fazer referência sob a forma de link.
1 comentário:
E começa muitíssimo bem, desejo os maiores sucessos.
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