sexta-feira, 27 de outubro de 2006

ESTE PRESIDENTE É, CADA DIA, MAIS PERIGOSO

CONGRESSOS NO SÃO JORGE
A grande novidade, segundo o presidente da CML, é que se pretende fazer do antigo cinema da avenida um centro de congressos de grande dimensão: "Ali à volta há vários hotéis que não dispõem de espaços para organizar colóquios e conferências internacionais. Ora, nós vamos poder colmatar essa lacuna, esta será uma das grandes apostas para cativar ainda mais eventos para a cidade".

À espera de investimento, mas camarário, está o cinema São Jorge, na avenida da Liberdade, para onde Carmona Rodrigues defende uma alteração total em relação ao que hoje existe. O edifício manterá a sua aparência exterior, mas ao nível interior tudo será diferente. A sala grande, com capacidade para 900 lugares, mantém-se e será melhorada, mas as duas que estão na parte inferior serão transformadas numa única.
in: expresso de 21.10.2006

Em 1950 é atribuído o Prémio Municipal de Arquitectura ao Cinema São Jorge (52), situado na Av. da Liberdade, nº 175.
Sendo uma encomenda da Sociedade Anglo-Portuguesa de Cinemas, o Cinema S. Jorge, projectado pelo Arq. Fernando Silva, é considerado uma novidade na arquitectura central de Lisboa.
in:cm-lisboa ulisses (link)

As ideias que Carmona Rodrigues "debita" sobre Lisboa são cada vez mais preocupantes.

Desta vez calhou ao Cinema São Jorge.

O único exemplo que resta dos grandes cinemas de Lisboa dos anos 50, segundo proposta do "nosso" Presidente, vai servir para apoio aos coitados dos hoteleiros da zona, que passam a têr ali à mão um novo equipamento para ajudar à rentabilização máxima das suas unidades, e à custa do dinheiro dos contribuintes.
Não é nada mau negócio, assim até eu...

Mas, o que é mais inquietante nesta notícia, é a total falta de visão estratégica e global para Lisboa.

Ao lado do São Jorge parece que vai surgir o tal projecto do Gehry para o Parque Mayer.

Será que não faria sentido integrar o São Jorge na dinâmica que ali se pretende criar? Ou o projecto não é para avançar?

E para a pretendida, (e necessária mas não com o plano agora apresentado) revitalização da Baixa-Chiado um equipamento com as caracteristicas únicas do São Jorge não fará sentido a sua integração no dito projecto?

Finalmente mais duas pequenas questões:

1ª - A avaliar pelo texto da notícia, até parece que o São Jorge é, no seu interior, uma manta de retalhos, com uma sala grande (900 lugares) e mais duas salas pequenas. Acontece que o São Jorge original era uma única e bela sala, que com a aprovação do edil da altura (qual seria, não me recordo) foi transformado no triste exemplo que está à vista de todos. E será que mesmo para aproveitamento "congressional" do São Jorge não faria mais sentido uma única sala de maior capacidade, sala essa que na versão original até permitiria acolher grandes e médios congressos, bastava têr a plateia aberta para os médios e a plateia e o balcão para os grandes congressos.
Mas o nosso "querido presidente" é que deve têr os estudos, não é? (já agora, existem estudos ou é tudo a olho?)

2ª - E a Ordem dos Arquitectos, não terá também uma palavra a dizer neste disparate?

Oremos...





Sem comentários: