sexta-feira, 13 de outubro de 2006

O NOVO PLANO DE DINAMIZAÇÃO DA BAIXA-CHIADO - II

1.2 A Visão
A visão da proposta do Comissariado para a recuperação, reabilitação e revitalização da Baixa-Chiado foi construída com base numa abordagem centrada na sua atractividade ou, mais especificamente, na passagem da compreensão de uma “velha” atractividade perdida para a acção da construção sistemática de uma “nova” atractividade, desenvolvendo novas forças e competências, para agarrar as novas oportunidades, através de uma profunda reorganização global do espaço, do tempo e das actividades, conquistando uma função relevante na afirmação da capital e do país, percebida exteriormente, na Europa e no Mundo. A visãoda proposta do Comissariado para a recuperação, reabilitação e revitalização da Baixa-Chiado comporta, neste quadro, quatro grandes “ideias estruturantes”:

1 - UMA “CENTRALIDADE” POLÍTICA E INSTITUCIONAL COM FUTURO NA GLOBALIZAÇÃO: UM NOVO “TERREIRO DO PAÇO”

2 - UM “MOTOR”DE CRIAÇÃO DE EMPREGO QUALIFICADO: UM PÓLO ESPECIALIZADO DE SERVIÇOS NA ECONOMIA BASEADA NO CONHECIMENTO

3 - UMA “CENTRALIDADE” EMPRESARIAL ESPECÍFICA: UM ESPAÇO DIFERENCIADO DE ACTIVIDADES FINANCEIRAS

4 - UMA PROPOSTA INOVADORA DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO TEMPO: UM ESPAÇO DE EFICIÊNCIA COLECTIVA, ORDENADO E ORGANIZADO, SUJEITO A MULTIUTILIZAÇÕES COM HORÁRIOS ALARGADOS E CAPAZ DE GERIR O SEU CICLO DE VIDA
in: plano de revitalização da baixa-chiado (págs. 17, 18 e 19)

Esta é a "visão" da Comissão presidida por Maria José Nogueria Pinto para a revitalização da Baixa-Chiado.

Como se pode constatar pelos quatro pontos anunciados da "visão" de Maria José e seus pares, as questões relacionadas com a cidade como um corpo harmónico e interdependente não são consideradas.

E nem sequer são contempladas as ligações a esse bem único que é o estuário do Tejo e as possiveis e necessárias parcerias/cumplicidades com outros aglomerados habitacionais espalhados pelas duas margens, como Alcochete ou Seixal, entre outros.

Para o Comissariado, a Baixa-Chiado é uma ilha rodeada por terra por todo o lado, mas que, majestáticamente, a Comissão ignora, subvertendo a ideia/função que o Marquês de Pombal e a sua equipa delinearam para este espaço: através do exêmplo das actividades aí desenvolvidas e representadas servir de catalizador das ideias modernas e dinamizador das suas aplicações não só à cidade mas também ao país.

E este é o grande erro da Comissão, o de ignorar a carga simbólica que este espaço encerra.

Ao desafio da construção da nova sociedade baseada no talento, na tolerância e na tecnologia (leia-se richard flórida) cujo centro aglutinador e dinamizador pode e deve ser a Baixa-Chiado, é contraposto o pragmastismo da urbanização de dois milhões de metros quadrados de área construida, do lucro fácil e rápido, baseado, uma vez mais, no betão.

É por estas e outras razões que este projecto tem que sêr recusado.

Cabe-nos a nós, cidadãos, contribuir para tal objectivo.

Afinal, estão à espera de quê ?










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