sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O NOVO PLANO DE DINAMIZAÇÃO
DA BAIXA-CHIADO - IV


1.3 A Estratégia
Dinamizar o surgimento de uma zona renovada de localização de actividades:
A Baixa-Chiado como zona privilegiada para os modernos centros de decisão e criatividade públicos e privados (o eixo qualitativo principal)
– Construir as infra-estruturas competitivas de atracção empresarial
A Baixa-Chiado deve fazer um esforço global de renovação e modernização competitiva das suas redes de infra-estruturas, como as de telecomunicações e distibuição de energia, a melhoria dos serviços de limpeza urbana, bem como garantir a disponibilidade de um número suficiente de lugares de parqueamento de função para atrair profissionais altamente qualificados;

– Favorecer o empreendedorismo criativo
A Baixa-Chiado pode e deve criar espaços inovadores e flexíveis de acolhimento de iniciativas empreendedoras de jovens empresários, nomeadamente em propostas criativas e qualificadas para as funções de lazer e consumo, articulados com modelos integrados e expeditos de formação, financiamento e aconselhamento); micro-empresas criativas (design, artesanatos, gastronomia).
in: Plano de Revitalização para a Baixa-Chiado (pág.20)

E a saga do Plano de Dinamização continua, por estas paragens.

Como se pode constatar pela proposta da douta Comissão, ao mesmo tempo que pretendem retirar trânsito da Baixa, pretendem construir mais parques subterrâneos para estacionamento automóvel, dirigidos básicamente a "lugares de parqueamento de função para atrair profissionais altamente qualificados".

É exactamente nestes detalhes que se acaba por entender a ideia principal que norteia o "Plano": tornar a Baixa-Chiado um centro elitista, dirigido às classes alta e média alta da nossa sociedade, deixando para os outros (a enorme maioria) um "passeiosito" de cerca de mil metros ao longo do rio (e já vão com sorte...).

E, já agora, as mais valias decorrentes dos tais dois milhões de metros quadrados construidos, que existem na área de intervençao do Plano.

Mas onde o "Plano" atinge mais uma vez o auge do disparate é quando afirma pretender para a Baixa "micro-empresas criativas (design, artesanatos, gastronomia)".

Mais uma vez estes doutos senhores demonstram não fazer a minima ideia do que é hoje uma sociedade criativa, ou, no caso concreto, uma cidade criativa, competitiva e agradável de viver (não leram, entre outros, richard flórida, de certeza).

As empresas criativas cobrem hoje em dia um leque muito diferenciado de actividades, desde a publicidade à música, das artes digitais à dança, do cinema de animação por computador à ourivesaria de autor, da criação de pacotes de programas digitais para os mais variados suportes (tv, dvd, telemóvel, museus, etc.etc.etc.) à gastronomia, e muitos e muitos mais exemplos que se poderiam acrescentar.

E o que transforma os lugares e as cidades centros de criatividade é justamente a amálgama destas e outras actividades, que no seu cruzamento, se estimulam e completam.

Mas, para a douta Comissão, o que se torna necessário é construir os tais parques de estacionamento para os pseudo-VIP, o design (mas o que será que estas alminhas entendem por Design?) o artesanato e a gastronomia.

Nós bem afirmámos num texto anterior que o que ia "passar a dar", segundo a douta Comissão, eram os pasteis de bacalhau associados às pataniscas e ao arroz de feijão, criando assim uma união feliz entre o "artesanato" e a "gastronomia".

E para animar a malta, um vira do Minho !

Em tempo: já agora, os pasteis de bacalhau e as pataniscas com design do Cayatte, e então sim, teremos o casamento perfeito do design+artesanato+gastronomia.

E não cobro nada à Comissão pela ideia, estejam descansados.


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