PROJECTO BAIXA-CHIADO
De como um projecto ambicioso e visionário (1755)
não merece um projecto vulgar e mesquinho (2006)
De como um projecto ambicioso e visionário (1755)
não merece um projecto vulgar e mesquinho (2006)
Escassas semanas após o terramoto, Sebastião de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) já ambiciona transformar Lisboa numa cidade nova, e, através das suas "providências" de Dezembro de 1755, dá os primeiros passos para erguer o projecto de transformar a cidade desorganizada e suja numa cidade que seja um exemplo e um motor para o país, e simbolo das mudanças que pretende introduzir.
As orientações políticas que transmite a Manuel da Maia para a elaboração do plano geral, não só da Baixa mas da cidade de Lisboa como um todo, demonstram claramente que o Marquês de Pombal pretende que Lisboa seja o motor e a imagem das profundas transformações que irá operar, durante o seu mandato enquanto primeiro minístro de D.José I, no meio da sociedade portuguesa, e em particular no seu tecido produtivo e económico.
Daí que a enorme importância de que hoje disfruta a Praça do Comércio e a Baixa Pombalina no imaginário colectivo esteja associada a esta ideia de ruptura com um passado anquilosado e sem futuro, e a construção de uma nova mentalidade (iluminista) que irá permitir que o país acompanhe os movimentos de modernidade que se verificavam por essa Europa fora e, assim, conseguir trilhar os novos caminhos do conhecimento e da prosperidade.
Infelizmente para todos nós, com a morte de D.José I sobe ao trono D.Maria, e todo este projecto é anulado com as consequências conhecidas.
Passados duzentos e cinquenta anos, eis que surge um novo projecto de dinamização da Baixa Chiado, o qual, nas palavras de Maria José Nogueria Pinto, Presidente da Comissão encarregue da elaboração do referido projecto, pretende, como resultado final "um espaço com multifunções e utilização diversificada, vivido e fruido pelo maior número de pessoas, durante o maior número de horas por dia e o maior número de dias por ano"
Este objectivo não é um objectivo nacional, nem sequer serve os interesses de Lisboa.
Este objectivo é um objectivo vulgar e mesquinho, que pretende transformar os cerca de dois milhões de metros quadros de área construida numa enorme operação imobiliária destinada a provocar mais valias substanciais, mas menos valias impossiveis de quantificar para todos nós.
É desta problemática que trataremos nos próximos tempos.
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