A MINISTRA DA CULTURA, O ACÓLITO MANUEL OLEIRO E A VERDADE DOS NÚMEROS DOS VISITANTES DOS MUSEUS NACIONAIS TUTELADOS PELO INSTITUTO PORTUGUÊS DE MUSEUS - INTRODUÇÃO
Em finais de Novembro do passado ano, a Ministra Pires de Lima e o Presidente do Instituto Português de Museus, Manuel Oleiro, convocaram uma conferência de imprensa para anunciar ao país que, finalmente, os visitantes estavam a voltar aos Museus Nacionais, e que o ano de 2006 se arriscava a ser o ano em que os Museus Nacionais registariam o maior número de visitantes de sempre.
Olhando para os números, e tentando perceber o que estes escondem, ficamos sem saber se as declarações daqueles dois responsáveis são baseadas em incompetência ou em má-fé.
Provávelmente uma mistura dos dois.
Vejamos o que nos dizem os números.
Para começar, para uma análise minimamente séria do tema, não se podem comparar números absolutos de visitantes/ano, dado que ao longo dos anos em causa, 1996 a 2006, acabaram museus (Museu de Arte Popular, por exemplo), outros entraram em obras (Machado de Castro, por exemplo) e outros estiveram fechados por alguns mêses ao longo do periodo em causa (Grão Vasco ou Soares dos Reis, por exemplo).
Em segundo lugar, as estatísticas de visitantes entre 1996 e 2000 limitam-se a fornecer os números brutos mensais por museus, enquanto depois de 2001, inclusivé, estes números são decompostos em várias categorias, o que permite uma análise mais rigorosa dos mesmos.
No Formigueiro optámos por incidir a análise no periodo 2001-2006, e concentrar o estudo em 22 Museus, por serem aqueles que ao longo de todo o periodo em análise apresentaram comportamentos constantes de abertura ao público.
Para quem estiver interessado em conhecer mais em pormenor os critérios utilizados é só enviar email para black.box@sapo.pt e a Formiga Bargante terá todo o gosto em os enviar.
Em texto separado iremos dar conta da apreciação global do comportamento dos Museus Nacionais, seguindo-se, a partir da próxima segunda-feira, a análise Museu a Museu.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2007
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2 comentários:
O número de visitas aos museus mostra o país que temos ou o país que somos. O que é triste.
O que é mais triste é fazerem-se números de circo (sem querer ofender os artistas circenses) com a realidade. Não é por artes mágicas que os portugueses vão acorrer aos museus. A ministra fez, ou tentou fazer, uma acção de propaganda com as visitas a museus.
Mesmo que tenha aumentado o número de visitantes, a realidade é triste. Aliás muito bem ilustrada com a comparação com os dados de Barcelona.
O problema é estrutural e não se resolve por mera vontade de ministra nem por meras palavras. Portugal tinha 40% de analfabetismo em 1974. Dos alfabetizados, a maioria tinha uma escolaridade de quatro anos. Embora isto seja apenas indicativo de educação formal não deixa de apontar à realidade que vivemos. Hoje colhemos ainda frutos da estupidez da ditadura.
Os números das visitas a museus (frequência de exposições, índices de leitura, etc) estão intimamente ligados aos padrões culturais da sociedade. Portanto, a senhora ministra pode fazer os trapezismos que quiser que quando um dia sair do Governo o número de visitantes dos museus vai continuar baixo, mesmo que tenha subido. E esse é que é o problema, porque subir o número das visitas com excursões escolares em quantidades brutais e indiscriminadas é fácil. O que é difícil e caro é apostar na educação e na cultura.
De toda a forma, bom trabalho de análise museu a museu... gabo a pachorra! Já agora está aqui um belo blog e... bom ano!
ps: vim cá dar por recomendação de amigos e já lhes agradeci. Já agora visite-me (se quiser) no infotocopiavel. Saudações!
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