UM POUCO MAIS DE RIGOR, POR FAVOR.
"O sim demonstra que a Igreja Católica, que se mobilizou fortemente através da sua hierarquia e dos seus leigos mais influentes, não tem a influência social que já teve.
in:antónio josé teixeira - diária de notícias de 12.2.2007
"O resultado do referendo é um sinal de esperança num Portugal Moderno".
in: rui costa pinto - visão online
"Registou-se uma inequívoca derrota do dogmatismo, da ambiguidade e também do oportunismo político".
in: vicente jorge silva - diário de notícias de 12.2.2007
Pergunta, inocente, da formiga bargante: se 56% dos votantes "portugas" se abstiveram, qualquer uma das afirmações anteriores não carece de uma base de análise um pouco mais rigorosa?
Afinal ninguém sabe o que pensam os tais 56%, verdade?
Em tempo: neste formigueiro votaram todos no sim.
Para que não restem dúvidas...
3 comentários:
Cara formiga, está bom de ver que, para estes comentadores, os 56% de abstencionistas são a maioria silenciosa...
Não foram votar porque não era preciso, mas eram todos claramente e sem excepção a favor do sim. Por isso, rigor para quê?
Cumprimentos,
João Tiago Tavares
O resultado do referendo é o resultado do referendo. Ponto. Cada um tem a sua posição e razões para a defender. Ponto. A mim choca-me a abstenção, independentemente de quem ganhou. Faz-me espécie que se tirem conclusões políticas dum referendo não vinculativo como se tivesse sido vinculativo. Por alguma razão está na lei o limite de 50% para a legitimação do acto eleitoral. Pode estar certa a percentagem, pode estar errada, mas é o que está na lei. Não ligar à abstenção é incentivar á abstenção, é dizer que, afinal, pode ficar-se em casa que não tem importância nenhuma. Não ligar à abstenção e vincular um referendo não vinculativo é batota é dizer aos cidadãos que os políticos não cumprem as leis da nação.
Não digo isto porque o não perdeu. Porque votei não. Digo isto porque envergonha-me como cidadão a abstenção que temos. Envergonham-me mais os políticos que fazem batota ou manobras politiqueiras e tornam vinculativo o que não o é.
Para que não se pense que tenho mau perder, refiro que não era preciso referendo algum para legislar sobre esta matéria. O Parlamento tinha toda a legitimidade para o fazer, como aliás sempre se bateu o PCP. Não se pode é defender um jogo e depois aplicar as regras de outro no final. Não havia dúvidas quanto à legitimidade da Assembleia nem sequer quanto à viabilidade da aprovação, pois o PS com a maioria absoluta menos uns deputados, mais uns tantos (talvez metade) de petutados do PSD, mais os do PCP e os do BE aprovariam a lei que quisessem.
Não posso é deixar de me indignar com o golpe de teatro que sucedeu ao acto eleitoral. Depois disto, além de triste com o abstencionismo estou totalmente descrente em referendos, por culpa dos políticos, de tal forma que me juntarei a todos os restantes abstencionaistas. Quem quer ser respeitado tem de se dar ao respeito.
Caro Formiga, peço desculpa pelo longo texto, mas uma posição destas precisava duma longa exposição
Saudações
Agora, num registo sem ironia, estes nossos comentadores nem sequer se deram ao trabalho de olhar, com olhos de ver, para a distribuição geográfica da votação antes de fazerem as suas análises. Falar em sinal de modernidade, falar em perda de influência da igreja e esquecer os círculos onde o não foi claramente maioritário - pelo que recordo dos resultados na noite de domingo - com resultados em que a proporção da vitória do não era sensivelmente igual àquela que o sim teve no global nacional, é no mínimo sinal de falta de cautela nas análises. No máximo, será provavelmente um sinhal de ignorancia histórica ou de desonestidade intelectual.
Cumprimentos,
João Tiago Tavares
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