COM A DEVIDA VÉNIA
O maior sacana português
1- Ontem, comecei o dia mal disposto. Então não é que sou cidadão de um país cujo primeiro-ministro não é engenheiro civil, mas apenas licenciado em Engenharia? O facto por si só não explica a nossa crise, mas, quem sabe?, não é factor de peso. Salazar, dito o Botas, salvou as nossas finanças mercê dos seus profundos conhecimentos e confortável assento na cátedra de Coimbra, mas, depois, enterrou o país. Marcelo, que também tinha cátedra na praça de Lisboa, saiu de tanque para um exílio triste depois de uma governação medíocre. Sócrates, que é apenas um licenciado, ainda por cima por uma universidade que anda agora nas bocas do mundo pelas piores razões, só pode acabar pior. Afinal de contas, ele nem engenheiro é! A Europa que se cuide! Dentro de poucos meses, terá na presidência um reles licenciado! A Europa, aliás, preocupa-se muito com isso. Os drs. e eng.ºs não são usados e, por exemplo, Jacques Delors, o último grande dirigente europeu, não tinha curso superior. Em Portugal, infelizmente, continua a valorizar-se os títulos académicos. Ai de quem seja apenas "senhor" ou "senhora". Significa isto que continuamos agarrados às aparências, olhando de soslaio os que sem título académico progridem, fazem progredir, e se notabilizam. E não faltará quem, tendo lido ontem o "Público", acabe concluindo que "ele nem engenheiro é". Uma tristeza, se assim for.
2 - Ao que parece, Salazar vai ganhar o tal concurso de o melhor português. Vale o que vale. Vale bem mais o belíssimo comentário dos Gato Fedorento não se faz; um homem que toda a vida andou a evitar as eleições democráticas tem a sua primeira vitória depois de morto. Se é verdade que ele vai ganhar, se é verdade que um qualquer sindicato de voto o elegerá, fique então essa consolação de o ditador, depois de morto, ter sido sujeito à opinião livre dos cidadãos. E voltando ao tema inicial: o grande português é um prof. dr. Foi um grande sacana, possivelmente o maior sacana português. Mas era prof. dr.. Bom proveito!
in: josé leite pereira - jornal de notícias (link)
sexta-feira, 23 de março de 2007
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5 comentários:
fkNão vejo qual é o problema do canudo do homem. Teoricamente, em democracia qualquer um pode candidatar-se a cargos políticos e ser eleito. Em democracia existe o sufrágio eleitoral que valida a suposta competência e a validade dos programas. O homem, bem ou mal, foi escolhido.
Embora não tenha tido o meu voto ele agora tem de governar e tem toda a legitimidade.
O homem e o seu Governo nem são detentores de todo o poder. Existe um parlamento eleito e um presidente da República. Existem órgãos de soberania.
Discutir-se a habilitações literárias é querer-se um despotismo iluminado. Exigir-se um país de títulos académicos é querer voltar-se ao país dos títulos: substituindo-se o de nobreza pelos académicos, os de sangue pelos de suposto merecimento.
Para mim não faz sentido discutir o canudo de José Sócrates.
Saudações
saiu um «fk» no início do comentário acima... era parte das letras da verificação e o computador saltou lá para cima e ficou no registo. peço desculpa, por parecer um «fuck»... não vá dar-se um mal-entendido.
O Salazar ganhar o grande português? Chiça! Quero ser espanhol!
Cara formiga,
Ter uma licenciatura ou não é um bocado igual ao litro, no que á capacidade política diz respeito.
Mas temos que convir que é no mínimo ridículo que alguém se intitule o que não é. Eu, por exemplo, sou licenciado em história, variante de arqueologia, mas durante alguns anos trabalhei na área dos museus, e como tal não me intitulava arqueólogo. Mesmo nos últimos anos em que tenho feito trabalhos de arqueologia me causa algum constrangimento intitular-me como arqueólogo. Acho que ainda não sei o que devia para usar esse título. Portanto, ao nosso primeiro tanto fazia ter ou não uma licenciatura. À partida nós sabemos que ele está onde está, não por ser um aluno brilhante, mas sim por ter andado convictamente a militar nas jotas. Se queria legitimar-se socialmente podia, pelo menos, ter feito a licenciatura numa universidade a sério. Desse modo, talvez pudéssemos acreditar nos seus discursos sobre a batalha da qualificação. Assim, parece o "foge cão que te fazem barão", e eu até sugeria que com o grande invento do cartão único multiusos se atribuísse à nascença uma licenciatura, que seria complementada com um mestrado no jardim-escola e um doutoramento na 4ª classe! Com estas qualificações seríamos imbatíveis!
Cumprimentos,
João Tiago Tavares
Caro João Tiago Tavares, não sei o que é uma universidade a sério. Sei o que é uma universidade reconhecida pelo Estado. Uma universidade ou é ou não é. Deixe-se de snobismos. O Estado reconhece a universidade onde o senhor José Sócrates tirou o curso? Sim. O curso é reconhecido? Sim. Então, qual é o problema. Quer criar um sistema de castas? Homem, pense lá bem, vai na volta ainda vai dizer que estávamos bem era no Antigo Regime, no anterior ao Liberalismo... pelo menos sabia-se quem era o povo!
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