quinta-feira, 8 de março de 2007

O PROBLEMA JÁ NEM É A MINISTRA, É O PRIMEIRO-MINISTRO.

A Galerias do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e várias alas do Museu Nacional do Azulejo (MNA), ambos em Lisboa, estão encerradas ao público devido à falta de vigilantes. No passado fim-de-semana, um terço da área expositiva do MNAA esteve fechada, impedindo o acesso às salas onde estão patentes alguns dos ícones da arte portuguesa mais procurados pelos visitantes: os Painéis de São Vicente, os biombos namban, a custódia de Belém, pintura dos séculos XV e XVIII e ourivesaria.
A direcção do museu alegou questões de segurança para o encerramento das salas e Dalila Rodrigues, directora do MNAA, diz sentir-se "indignada e envergonhada". "Todo o trabalho é afectado e esta situação dá uma imagem degradante do museu e do país", declarou ao PÚBLICO.

As reclamações não cessam de chegar ao Instituto Português de Museus (IPM). Vindas não apenas das direcções dos museus, mas também dos livros destinados aos visitantes. Assumindo que "a situação é muito preocupante", Manuel Bairrão Oleiro, director do IPM, aponta que a escassez de vigilantes será resolvida "em Abril ou Maio". "Estamos a trabalhar em conjunto com o gabinete da ministra para encontrar soluções alternativas", afirmou.

O director admite que houve um desencontro em termos de prazos, uma vez que o programa do IEFP terminou muito antes de a norma do PRACE ser uma realidade.
in: jornal Público de 8.3.2007 (link)

From the reciprocal gift of ancient rulers to moder-day Expos, culture has been used as a way for leaders and countries to show who they are, assert their power and built lasting relationships.
Today, more than ever before, culture has a vital role to play in internacional relations.
in: Cultural Diplomacy (link)

Que a ministra da Cultura, acompanhada pelo director do Instituto Português de Museus, se digam preocupados com o encerramento dos principais museus nacionais por falta de pessoal, situação que já se arrasta desde meados do ano passado, e que nada façam para mudar a situação, até é normal, atendendo à forma como desempenham, mal, os respectivos cargos.

Agora que o Primeiro-Ministro não entenda os danos irreparáveis que estão a ser causadas à imagem internacional de Portugal com esta situação, aliada a tantas outras no sector da cultura, é que já é muito preocupante.

Cada vez mais o património cultural de um qualquer país é encarado como um factor fundamental para a manutenção da sua identidade, numa época de massificação e globalização.

Mas, em Portugal, parece que os poderes públicos ainda não se deram conta de que uma das grandes batalhas que todos nós temos que travar é a da manutenção da nossa cultura, logo, da nossa identidade enquanto nação.

E que o Primeiro-Ministro aceite todos os atropelos (para sermos simpáticos...) que têm acontecido nos últimos dois anos no Ministério da Cultura, isso sim, isso é preocupante.

1 comentário:

Isabel Estrela disse...

Esta é uma imagem dum país piranga! Tão piranga quanto comer melão num teatro ou piquenicar de garrafão no Rossio. É uma tristeza lamentável. Li a notícia no Público e caiu-me o queixo. Ao que se chegou.
Isto no país dos Funcionários Públicos a mais. Isto no país dos baixos salários louvados pelo ministro da Economia. Isto no país que se diz apostado na formação dos recursos humanos (pode haver formação educação e educação sem cultura?).

Não quero desvalorizar a função dos vigilantes, mas convém ter a noção que não são as pessoas mais bem pagas do país. Não quero ser presunçoso, mas será que a formação que dispõe a generalidade é assim tão densa que não permita o recurso rápido a desempregados? Será que se vai esperar pela lista dos disponíveis da Função Pública para os recrutar?

Como é possível chegar-se à situação de ruptura? Incompetência ou opção? A incopetência é grave e o seu responsável(is) devem ser conhecidos e punidos. Se a situação se deve a opção devemos também conhecer os responsáveis, para podermos reflectir eleitoralmente se o quisermos fazer.

Este país está banhado em disparate.