sábado, 7 de abril de 2007

GUTA MOURA GUEDES
A querida da cultura


Na revista NS (notícias sábado) distribuida hoje com o Diário de Notícias, vem publicada uma entrevista a Guta Moura Guedes (“a querida da cultura” segundo o artigo) assinada pelo jornalista Torcato Sepúlveda.

Torcato Sepúlveda não é um nome qualquer no nosso jornalismo.

Ainda temos presentes muitos dos seus trabalhos publicados no Público, jornal onde trabalhou antes de se mudar para o Diário de Notícias.

E é confrangedor lêr a entrevista referida acima.

Mais uma vez é de Guta Moura Guedes que se fala, do seu percurso enquanto mulher, estudante e figura emblemática da Experimenta Design.

Mais uma vez ficamos a saber que Guta Moura Guedes é muito considerada no mundo internacional do design (até é um dos 4 membros do “International Advisory Committee de Torino 2008 World Design Capital...), entre outras importantes nomeações que o artigo insinua mas não identifica.

Ultrapassada a fase Guta Moura Guedes “a querida da cultura” seria de esperar que Torcato Sepulveda se interrogasse (a interrogasse) sobre os benefícios para o design português após mais de 8.000.000 de euros (leram bem, mais de oito milhões de euros ...) de investimento na Experimenta Design.

Afinal, passados estes anos, deveria ser fácil apresentar resultados, para além do número de visitantes às exposições e festas das Experimentas passadas.

Quantos projectos e designers portuguêses foram beneficiados pela Experimenta?

E o que aconteceu ao projecto “Discovery”, de responsabilidade da Experimenta?

E o que aconteceu ao projecto “Designwise” da responsabilidade da Experimenta?

Já agora, e para se avaliar da falta de sensibilidade do entrevistador para o tema, refira-se que Guta Moura Guedes aponta como bom exemplo da sociedade civil a iniciativa “Santos Design District” afirmando: Mais uma iniciativa da sociedade civil, que as autoridades desprezam. Lisboa tem tudo para projectos destes, para se mostrar ao mundo”, e que Torcato Sepulveda nem se deu ao trabalho de saber que este projecto nada mais é que um projecto comercial das lojas de design da zona de Santos, em Lisboa, para promover a venda dos seus stocks, nomeadamanete de design italiano e inglês.

Já agora, e para que Torcato Sepulveda saiba que “lá por fora” também se fala da Experimenta, mas em moldes que não convém a Guta Moura Guedes divulgar, aqui fica um pequeno excerto de um artigo publicado na insuspeita Eye Magazine sobre a última Experimenta:

As it happened, another exhibition at Experimenta, of recent Portuguese work, carelessly curated by Henrique Cayatte, contained at least two examples of plagiarism and ‘passing off’, and much, though not all of the work, was in no way experimental, but offered only mediocre ‘default options’”.

link

É uma pena, mas são estas Gutas e estes Sepulvedas que nos calharam em sorte.

Parafraseando os "Gatos": venham os estrangeiros, que com estes portugueses não vamos lá!

4 comentários:

AM disse...

"a querida da cultura", a sério?
como é que alguém consegue escrever uma coisa destas sem sentir vergonha?

Anónimo disse...

Muito interessante este comentário sobre as Gutas e os sepulvedas que nos calham eem sorte...et por cause...como terminou o romance da D. Guta e o seu tacho da experimenta design??

Anónimo disse...

O que ninguém pergunta, nem os bons nem os maus jornalistas, é o que é que a sra Guta fez com os 30.000€ que o Ministério da Cultura lhe deu para fazer a bienal de 2007 cancelada. 30.000€ esses que eram apenas parte de um protocolo de 200.000€, que ao que parece o Ministério da Cultura se prepara para entregar na totalidade a esta senhora tão querida, para fazer exactamente o quê????
Estas perguntas é que eu gostava de ver feitas e devidamente respondidas, em vez do número de filhos que a senhora tem!

Anónimo disse...

A Experimenta foi das coisas mais vergonhosas, a todos os títulos, que se passaram na cultura portuguesa dos últimos anos. As carradas de dinheiro que principalmente a Câmara despejou no fogo de vista da salouice portuguesa. E a responsabilidade não é só da Guta, a grande sedutora, pois outros felinos mais hábeis e esquívos fingem que não é nada com eles. E os Jornais sempre tão prontos a ampliarem qualquer hipotese de escandaleira, no campo cultural parece que entram em terreno sagrado e só vemos jogos de panelinha. Já o ano passado a Câmara de Lisboa financiou vindo do nada um festival de cinema de uns amigos do Amaral Lopes, o que não lembra o diabo. Não existe política cultural. Nem na câmara de Lisboa e muito menos no Ministério da cultura. Não existe um pensamento estratégico. O Instituto das Artes é para rir e chorar por mais. Grassa a desorientação total. E é estranho que este governo tendo um pensamento estratégico, mal ou bom não interessa para aqui, para a Saúde, a Educação, etc, na cultura não exista nada. Poderíamos perguntar o que anda a fazer o conselheiro do 1º Ministro nestas matérias, refiro-me ao pensador pós-moderno Alexandre Melo. Menos dinheiro nunca foi entrave a um pensamento estratégico, exíge-o até. E o que temos senão a deriva. De que serviu andar a gastar milhões de euros com as Bienais de Veneza e outros eventos internacionais tão do agrado dos nossos estrategos da internacionalização? Gastaram, gastaram para niente. Nenhum desses artistas-plásticos ou arquitectos construiu uma carreira internacional, e só serviu para deslumbre caseiro. Tudo mal pensado. Infinitamente burros e infinitamente provincianos. Poderiamos falar da paralesia do CCB. De como uma instituição gasta milhões em ordenados de funcionários que não têm nada para fazer. Ou melhor o seu orçamento é engolido pelo funcionamento de uma máquina parada. Seria interminável. Neste sentido a cultura é talvez o único sector fora de qualquer ideia estratégica da parte do governo. E nesse sentido Sócrates é responsável.