sexta-feira, 20 de abril de 2007

Meu caro João Paulo Feliciano

Pretende este texto dialogar com “gente séria”, como o meu caro se auto-intitula e eu não tenho qualquer motivo para duvidar.

Por essa razão não vou cair na sua “linha argumentativa”, que essa não é digna de “gente séria".

Passemos então aos factos e aos motivos da nossa preocupação.

1 – O que é a Experimenta?
A Experimenta é uma unidade de produção de conhecimentos e um pólo difusor de conteúdos nas áreas do design, arquitectura e cultura de projecto. A sua matéria-prima prioritária é a criatividade e o seu campo de inserção é a cultura e a sua permanente transformação, numa perspectiva contemporânea, integradora e multidisciplinar”
“Move-se no sentido de uma intervenção incisiva no modo de pensar, produzir e promover cultura em Portugal, repercutindo-se activa e positivamente no panorama transnacional. Este duplo objectivo concretiza-se através da concepção, dinamização e promoção de projectos de criadores e instituições portuguesas, bem como do forjar de uma rede de contactos e parcerias com entidades internacionais".
(restante deste texto neste link)

2 – O que tem feito a Experimenta?
Para além das Bienais, a Experimenta apresenta, como grandes realizações, o “Designwise”, a “Voyager” e “Outros projectos

Sobre as Bienais, falaremos mais à frente.

1.DESIGNWISE – Sem notícias desde 17 de Julho de 2004, resta interrogar as lojas referidas no site desta iniciativa, como pontos de venda dos produtos apoiados.
Uma consulta realizada há já alguns meses junto de algumas delas, em Lisboa, demonstrou uma total ignorância/alheamento sobre a Designwise.

2.VOYAGER – A última colocação “em órbita” deste projecto remonta a 2005.
Desde então, silêncio absoluto.

3. PROJECTOS PONTUAIS
3.1 - Projectos pontuais – Sem actividade desde 2005.
3.2 - Projectos editoriais – Sem actividade desde 2005. De referir que entre 2000 e 2005 produziram 3 livros e 5 catálogos.

Para uma entidade que contabiliza apoios públicos e privados superiores a 8 milhões de euros, (um milhão e seiscentos mil contos segundo a moeda antiga), e exceptuando as Bienais, é este o balanço que a Experimenta apresenta.
Que cada um retire as suas conclusões.

AS BIENAIS
Para uma entidade que capitaliza mais de 8 milhões de euros de apoios, cerca de metade dos quais de dinheiros públicos, é legitimo perguntar da utilidade destas bienais.

E é aqui que deveria ser feito um trabalho honesto e profundo sobre o impacto que as Bienais tiveram quer junto de um público mais especializado (os designers e afins) e um público mais generalizado.

E a primeira entidade interessada nesse estudo deveria ser a própria Experimenta.

Passos dados nesse sentido? Nenhuns.

As informações disponiveis são meros comunicados de imprensa, em que se faz um auto elogio do trabalho realizado, com particular destaque para a sua mentora.

E a avaliar pelas reacções dos supostamente mais directamente interessados na manutenção da Experimenta, os designers, parece que nenhum drama se aproxima pela não realização da Experimenta 2007.

Afinal, meu caro João Paulo Feliciano, “gente séria” está interessada numa correcta aplicação dos dinheiros públicos (o dos privados é lá com eles...), e, acima de tudo, numa política de transparência na actuação das várias entidades que beneficiam dos apoios desses dinheiros públicos.

Por isso, meu caro João Paulo Feliciano, e dado que tal informação não é possivel obter através do Ministério da Cultura, que tal a Experimenta apresentar públicamente as suas contas?

Uma última nota: o que escreveu sobre os blogues, não vou comentar. É uma opinião suficientemente clara para dispensar os meus comentários. Gostaria somente de lhe chamar a atenção para o facto de este não ser um blogue anónimo. No cabeçalho consta o meu nome.
Fernando Gonçalves.

Mas mesmo que fosse anónimo, penso que as questões formuladas não perderiam razão de ser.

Cumprimentos.

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