quinta-feira, 24 de maio de 2007

SOB O SIGNO DA VERDADE - O ELOQUENTE "CASO SALGADO" - IV

Infelizmente, não foi isso que aconteceu. Uns dias depois da sessão do dia 7 de Junho, no CCB, onde esteve presente, Manuel Salgado falou comigo. Marcámos então nova conversa, agora num contexto em que eu estava mais fragilizado, e em que, como facilmente se imagina, não era propriamente fácil constituir a lista de vereadores com que eu sonhara. Nestas circunstâncias achei que devia dar uma nova oportunidade à hipótese de colaboração do arquitecto.

Ao chegar ao ponto nevrálgico, o do já referido conflito de interesses entre a sua actividade profissional em Lisboa e as responsabilidades de um vereador, verifiquei que a situação era quase a mesma, com a diferença, para pior, que a ideia de recurso a um blind trustee tinha desaparecido e, agora, me aparecia uma solução mais expedita mas, francamente, inaceitável: vender o atelier a alguém de confiança, que lho vendesse de novo quando ele saísse da Câmara. Eu tive dificuldade em acreditar no que ouvi, mas protegi-me no facto de não ser jurista para, com tempo, avaliar bem os contornos de uma tal "solução".

O assunto era muito delicado, porque entretanto o Expresso já tinha publicado uma notícia a garantir que Manuel Salgado faria parte da minha equipa. Notícia que, quando nós a procurámos desmentir, foi reforçada com uma inequívoca afirmação de que o jornal estava seguro do que noticiava, tendo-nos sido implicitamente sugerido que a fonte tinha sido o próprio. Eu mantive José Sócrates e Jorge Coelho a par do essencial destas conversas, no quadro dos vários encontros que tivemos os três para definir a lista de candidatos à vereação de Lisboa.
Manuel Maria Carrilho - SOB O SIGNO DA VERDADE, página 119.

Nota: sublinhado, a vermelho, da responsabilidade do formigueiro.

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