domingo, 1 de julho de 2007

AS PALAVRAS DOS OUTROS























Nas crónicas que publica perpassa cada vez mais uma inquietação pela perda de liberdades individuais ou pelo risco do pensamento único. É o lado mais quixotesco da sua personalidade que preside a esses textos?

Não tenho nada de quixotesco. Talvez não pareça, mas sou uma pessoa prática. E, que diabo!, a prática é, apesar de tudo, um critério de verdade. E o que a prática política e social hoje mostram é que nunca, depois da normalização democrática, chegáramos a tão perturbador ponto de autocracia e de acriticismo, e nunca aquilo que designa por pensamento único se mostrou tão às claras e tão arrogantemente. Começamos, como se tem visto em exemplos recentes, a ter medo outra vez (até os todo-poderosos empresários receiam hoje subscrever um parecer sobre a localização de um aeroporto por assumidamente temerem represálias do Governo). A delação instalou-se em certas instâncias como instrumento de vigilância e de poder e a crítica e a opinião começam a ser perigosas (vejam-se os casos da DREN ou do Centro de Saúde de Vieira do Minho). A maioria absoluta parece querer ocupar também o espaço do pensamento e os autocratas (e os delatores) brotam por todo o lado, de ministérios como os da Educação e da Saúde à Câmara do Porto. Não, a inquietação com tudo isto não é quixotismo, é uma exigência de cidadania.
in: manuel antónio pina - jornal de notícias (link)

1 comentário:

Anónimo disse...

Também me pareçe que há muita coisa que urge ser dita em voz alta!

Haja coragem para ver o prato sem feijão...