sábado, 25 de agosto de 2007

LUIS RAPOSO, O MEGAFONO
DA BRIGADA DO REUMÁTICO - I


Luis Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia, em artigo de opinião publicado hoje no jornal Público, desfere um violento ataque pessoal a Dalila Rodrigues, ex-directora do Museu Nacional de Arte Antiga.

Signatário do abaixo-assinado de 16 directores de museus que tornaram público o seu apoio à actual política desenvolvida para o sector pelo Ministério da Cultura, através do Instituto dos Museus e Conservação (IMC), Luis Raposo assume "as dores" de um conjunto de profissionais que, desde há já muitos anos, nada têm feito pelos Museus Nacionais e cujo trabalho não é publicamente avaliado, o que tem conduzido à permanência no lugar de directores de museus que a prática tem vindo a demonstrar que, em lugar de servirem as instituições que dirigem, se têm servido delas para os mais variados tipos de proveito pessoal.

Luis Raposo, na argumentação utilizada, demonstra o cinzentismo salazarento que campeia na instituição capitaneada pelo fiel serventuário Oleiro, o IMC.

Mas Luis Raposo não se fica pelo cinzentismo salazarento, e é intelectualmente desonesto em grande parte da pouca argumentação utilizada para atacar Dalila Rodrigues.

Finalmente, e dado que este texto já vai longo (e hoje é sábado...) não queremos deixar de realçar a "repulsa" que Luis Raposo sente pela forma como Dalila Rodrigues conseguiu, em tão pouco tempo, transformar uma instituição moribunda, o Museu Nacional de Arte Antiga, num Museu vivo, ao qual as pessoas sentiam prazer em se deslocar, fosse para visitar a exposição permanente, as exposições temporárias, os encontros ao fim da tarde, ou, suprema heresia, as duas festas que Dalila Rodrigues promoveu nos dias das chamadas "Festas dos Museus".

E é esta "repulsa" um dos traços mais distintivos da "prosa" de Luis Raposo, dado que, para ele, os museus são lugares destinados aos iniciados/conhecedores e aos amigos (sejam dos museus ou não...) e sempre que se esboça uma aproximação mais "terrena" no mundo dos museus, Luis Raposo estremece de pavor.

E a razão é muito simples.

Quantas mais pessoas se interessarem e visitarem os museus, quantas mais pessoas se preocuparem com a gestão da coisa pública, e no caso particular os museus, mais depressa as redes de favorecimento mútuo e incompetência se tornam notadas, e mais depressa os "notáveis" 16 directores de museus mais conhecidos como a Brigada do Reumático verão o seu trabalho escrutinado e devidamente avaliado.

E é disto que Luis Raposo e os seus colegas têm medo: que a "populaça" faça perguntas!
(continua)


..."Todos juntinhos, solidários e pobrezinhos, não é? Pensam que os museus são
uma espécie de associação de bairro para fazer excursões mais baratinhas?
Um debate público sobre missões, objectivos e modelos de gestão
nos museus públicos portugueses já!"...
Comentário anónimo (é pena!) das 18.51

10 comentários:

Anónimo disse...

Não posso concordar mais com o que diz acerca do inenarrável artigo de opinião do Director do Museu Nacional de Arqueologia no jornal "O Público" de hoje. Imagine-se onde chega a falta de integridade moral para não dizer pouca vergonha: coloca-se como obervador do acontecimento, como se tivesse chegado de férias e até ao presente não tivesse dito ou feito nada a propósito deste escandaloso assunto do afastamento de Dalila Rodrigues do MNAA. Note-se que a criatura, Luis Raposo de seu nome, juntamente com 15 colegas do mesmo nível, assinou a carta "lambe-botas" do poder incompetente instalado na Ajuda contra Dalila Rodrigues, numa primeira tentativa de retirar crédido à única pessoa com coragem e pensamento próprio que nos últimos anos passou pela direcção de um museu público. Pois hoje, além da atitude geral do artigo que só prova não ter qualquer ideia actual e válida no campo da museologia (p.f. reforme-se já!) vem ainda babar inveja e destilar veneno. Definitivamente, é preciso correr com esta corja de incomptetentes que se instalou nos museus públicos e que tão bem pugna pelo seu estado desastroso. Todos juntinhos, solidários e pobrezinhos, não é? Pensam que os museus são uma espécie de associação de bairro para fazer excursões mais baratinhas? Um debate público sobre missões, objectivos e modelos de gestão nos museus públicos portugueses já!

Anónimo disse...

Luís Raposo, um dos fieis servidores do poder podre da Ajuda e mui provável cabecilha da "brigada museológico-decandente e acéfala" instalada pelos museus deste ameno e acrítico país, manifestou-se, ou melhor, manifestou até que ponto pode ser descer um hominídeo, até que ponto pode ser sórdido e abjecto. Contudo, temos de dar o devido desconto a uma criatura que exacerbou os seus receios: afinal, há que lutar pelas espécies em vias de extinção e, principalmente, pela salvaguarda das múmias. Que país seria este sem as suas múmias de estimação, de que o Raposo é um fidelíssimo exemplo? As suas declarações vergonhosas e infundadas - insultuosas à inteligência de qualquer cidadão atento - contra uma colega e excelente profissinonal, que ousou modernizar as estratégias de comunicação dos moribundos museus portugueses, e teve a coragem de reflectir e propôr um modelo alternativo de gestão e de defendê-lo com coragem e determinação (um conjunto de conceitos inatingíveis e de palavras que não fazem parte do seu limitado léxico verbal, justamente à escala do Paleolítico Inferior), bastariam para, num país com massa cívica e crítica, levá-lo à praça pública para justificar as barbaridades odiosas que vomitou nas páginas do "Público". Aí sim, e quem sabe talvez num último acto de generosidade popular, embalsamá-lo-iamos numa das urnas funerárias do "seu" museu, para memória futura. Parece-lhe bem?

Anónimo disse...

Bom dia a todos os seguidores do que vai sendo dito,

Leio os comentários mas não encontro nenhuns argumentos que contraponham os apresentados pelo Director do Museu Nacional de Arqueologia.
Tive oportunidade de ler o artigo e são apresentados dados concretos (números) que mostram que o Museu nacional de Arte Antiga não era tão dinâmico como querem fazer parecer. Afinal porque desceram o número de visitantes e a sua posição no ranking global dos museus?
Apoiar a Dra. Dalila por questões de amizade parece-me bem, mas parece-me uma falta de seriedade não discutir com base em argumentos da política cultural. Dizer contestou, é dinâmica, etc etc e todos são a brigada do reumático... Porque não surgem apoios nos meios culturais? Porque não lemos argumentos sérios com substância ao que se passou. É uma arte escrever sem dizer nada... e aqui parece-me que existem mestres.
O Director que tanto atacqam colocou-se à disposição para um confronto de ideias, porque não o aceitam?

formiga bargante disse...

Meu caro Anónimo das 10.45

A metodologia que decidi seguir para comentar o triste artigo de opinião de Luis Raposo, foi o de contestar as afirmações ali contidas bloco a bloco, seguindo a ordem do seu autor.

A seu devido tempo desmontarei as afirmações de Luis Raposo.

No entanto, e para que não lhe restem quaiquer dúvidas, posso desde já garantir-lhe que os números apresentados por Luis Raposo não são correctos mas, mais grave ainda, Luis Raposo sabe que são intelectualmente desonestos.

Quanto ao apoio que diz que presto a Dalila Rodrigues, gostaria só de lhe chamar a atenção para o facto de o meu primeiro texto relativo aos números de visitantes dos museus ter sido publicado em 18.8.2005 e que desde então dezenas de outros se seguiram.
E ainda estava muito longe de conhecer pessoalmente Dalila Rodrigues, o que efectivamente se verificou em meados de 2006.

Portanto, meu caro anónimo das 10.45, e no que aos números de visitantes dos museus diz respeito, existem neste blogue muitos textos sobre o tema, é só procurar.

Quanto ao Dr. Luis Raposo e a forma como ele manipula estes números, lá chegaremos.

Mas, volto a insistir, Luis Raposo é, intelectualmente, desonesto.

Pessoalmente não sei, nem estou interessado em o saber.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Boa tarde,

Ficarei então à espera. De qualquer modo acho estranho os números estarem errados e serem citados num artigo num jornal tão credível. Também me causa estranheza, pelo mediático do assunto, nenhum jornalista ter vindo contestar os números (ou até a própria directora, quem cala consente).
Lembro-lhe, por último, que os números são apenas uma vertente dado que as políticas museológicas são muito mais do que isso. Houve também críticas, incluindo de que o pessoal do próprio museu não defendia a directora.
Estará um país inteiro contra esta ex-directora? Já me parece teoria da conspiração.
Temo que possa estar a ser injusto com Luís Raposo que tem feito um trabalho muito meritório no museu que dirige. Por muito que se digam coisas é incontestável.
No que me é dado a entender este caso já passou. Importa a quem gosta do MNA trabalhar para elevar o nível do museu cada vez mais.
A ex-directora se continua interessada na museologia fará o mesmo. Vá publicando artigos de opinião, etc As ideias válidas são sempre boas. Estar calado é que não é bom indicador. Já reparou que Dalila Rodrigues não disse nada? Precisa de outras pessoas, como o Sr., eu, ou outros, para opinar?
Luís Raposo frontalmente deu a sua opinião que, com mais estilo ou menos estilo, é válida. Mas se neste caso discutimos o estilo então pouco há a dizer. Isso é que sim, é uma discussão intelectualmente desonesta. Já que intelectualmente tem pouco.

Cumprimentos

Anónimo disse...

O que eu gosto mais neste "debate" é a categoria dominante "anónimo" ou "formiga bargante", que vai dar ao mesmo...
Dremonstra a elevação de tudo isto e, sobretudo, a grande coragem dos seus intervenientes (se nem coragem têm para uma merda destas, então o que será para coisas sérias). Aliás, anónimo e formiga bargante fazem, tristemente, parte da nossa História recente mais sinistra (a PIDE, a STASI, etc. ).
Ao mesmo nível, ou ainda mais baixo, está o saloio abaixo assinado, cuja credibilidade e grande "honestidade intelectual" (do tipo formiga bargante) é notório: desde Picasso a um tal Jerónimo Broche, passando por Nossa Senhora de Fátima ou mais de 20 assinaturas dum inefável José Alberto Seabra, não falando na própria Prof. Dra. Dalila, vale tudo! Puta que os pariu!
Nota: para não destoar, até parecia mal, anónimo sou.
Obviamente que este comentário não passará no crivo "honesto" do proprietário intelectual deste blog.

Anónimo disse...

Estava à espera de encontrar números mas nada. De qualquer modo relembro que os que forem apresentados não é necessário ir a 2001 ou 2002. Importa comparar a evolução durante o tempo que esta directora esteve, ou seja, de 2005/2006. Mesmo descendo no ranking acho que os números não são tudo. ou teríamos espectáculos de música "pimba" nos museus para ter visitantes.
Já esteve mais longe...

Anónimo disse...

Os números que vi e partilho, de facto não são muito bons. Em 2007 Arte Antiga teve (até agora) 57970 visitantes, Coches 105890 visitantes, Arqueologia 69147 visitantes, Mon. Conímbriga 59904. Dados do site oficial disponível.
É verdade que em 2007 Arte Antiga é o 4º mais visitado descendo a posição que tinha vindo a ter. Mas nem só de visitantes se faz um bom museu.

Anónimo disse...

PACHECO PEREIRA DISSE ( in Abrupto)
Em toda a campanha interior do PSD deve estar presente que um candidato a dirigente do PSD é um candidato a Primeiro-ministro. Marques Mendes, no seu "passeio" pelo Museu Nacional de Arte Antiga, esqueceu-se disso porque foi dar caução a um acto que é inadmissível numa funcionária pública no exercício das suas funções. Esta é uma questão de Estado, que já o presidente da República tratou com pouco cuidado.

Ao fazer o que fez (e já antes em várias alturas tinha procedido igualmente mal), Dalila Rodrigues colocou-se numa situação insustentável. Não é suposto uma funcionária pública abandonar o dever de lealdade e isenção e, se queria fazer o que fez, poderia muito bem fazê-lo noutra condição, noutro estatuto, de outra maneira. Tudo aquilo era possível, com Marques Mendes visitando o Museu ao lado de Dalila Rodrigues, ambos como cidadãos e políticos, no pleno exercício dos seus direitos, criticando o Governo como entendessem, mas Dalila Rodrigues não poderia estar ali como directora do Museu, mesmo demissionária, nem poderia colocar-se ao lado do líder da oposição na casa do Estado que gere, para atacar o Governo legítimo do seu país. Insisto: é uma questão de Estado.

10:48 (JPP)

Anónimo disse...

Obviamente que o texto de Luis Raposo diz, de facto, toda a verdade (ou, o que é pena, ainda não diz toda verdade...)e acerta, como nenhum outro, na mouche!
Prova disso: alguém, até agora, exceptuando ataques desesperados e apenas gratuitamente insultuosos (estou a falar do Alexandre Pomar e duma espécie de blog chamado "Formiga Bargante"), desmentiu, com factos e com seriedade, o que aí está escrito?
Aliás, o silêncio (mais um) de Dalila Rodrigues não poderia ser mais esclarecedor.
Força, Luis Raposo e restantes colegas, continuem o vosso trabalho sério e respeitado!
O espectáculo degradante da visita de Marques Mendes ao MNAA fez, em definitivo, cair a máscara aquela senhora, se é que tal ainda era necessário