Publicado por formiga bargante às 23:45
AL MAZEM ANÓNIMO DAS 22.27, IPM
BARGANTE: Que ou quem tem maus costumes; libertino,patife,velhaco. Trabalhador que trabalha em grupo, indivíduo de baixa extracção que se agrupa com outros, soldado, mercenário. Homem do mundo que anda com gente alegre, malfeitor. UM BLOGUE DE FERNANDO GONÇALVES
Acho que tem alguma razão quando diz que os directores dos museus estão demasiado calados muitas vezes. Mas, para sermos mesmo justos, deveríamos acrescentar que não são só eles, e sim quase toda a gente que trabalha em museus. Eu penso que a razão não é tanto por medo das tutelas, mas porque ainda reina nos museus um certo pudor pelo Carnaval que é normalmente a imprensa e a televisão, que só faz notícia com aquilo que é escândalo. Eu acho isto mal, porque vivemos numa sociedade mediática. Lembra um bocado o anacronismo do segredo de justiça. Acho que só vai passar com o tempo, com a entrada de novos profissionais (incluindo novos directores) no mercado de trabalho.
Mas continuo a achar que a imagem que você dá é demasiado extremista. Talvez não conheça bem (em profundidade e em amplitude) o mundo dos profissionais dos museus, mesmo só dos museus de Lisboa.
Há dias numa rede de contactos da Internet (MUSEUM) havia quem lembrasse um “Manifesto pelos Museus” feito há anos (acho que há cinco anos). Esse Manifesto pode ser consultado no site do Minom (http://www.minom-icom.org / textos2.htm # MANIFESTO%20PELOS%20MUSEUS). Fui vê-lo e recomendo que o veja também. Entre os assinantes até havia directores de museus. Há-de verificar que coisas como a exigência da não criação de novos museus enquanto não se derem condições aos que já existem estão lá (e ainda agora as notícias sobre os gastos com o Hermitage em Lisboa mostram bem como essas reclamações continuam a ter actualidade, parece-me até que cada vez mais).
Depois procurei na Net e encontrei também uma notícia do DN de há dois anos (pode encontrá-la em http://dn.sapo.pt/2005/05/18 / artes/esquecimento.html) onde se fala de um documento apresentado à ministra actual, logo quando ela tomou posse, pelos directores (não sei se todos) dos museus do IPM, onde se traça também um quadro negro da situação vivida nesses museus. Ouvi até dizer que essa tomada de posição pareceu muito mal à dita ministra.
Hoje mesmo, acabo de comprar o JL e ler vários depoimentos de museólogos (incluindo mais uma vez directores de museus) com críticas, algumas semelhantes às suas.
Para si até parece que nada disto existe. Será que não o vê aí do seu computador ? Ou que, por espírito de cruzada, simplesmente se recusa a ver ?
Quanto a números de visitantes, não tenho conhecimentos para lhe poder responder. Concordo com Dalila Rodrigues quando diz que isso pode ser muito enganador porque existem muitos factores a considerar (acho que as campanhas de publicidade são um deles). Acho também que esses dados têm de ser vistos em sequencias temporais maiores e comparando o que se passa cá com o que se passa noutros países comparáveis e isto em números absolutos e em percentagens ou dinâmicas de crescimento ou de diminuição. Escolher três ou quatro anos, em período de recessão global, e concluir que as cosias estão piores, é fácil, mas talvez não seja válido. Lembro-me de ter visto numa revista que entre 1980 e 2000 os museus foram dos equipamentos culturais que tiveram maior aumento de frequência em Portugal, sobretudo na variável de visitas de grupo nacionais (excursões e escolas, acho eu). Teatros, cinemas, tiragens de publicações periódicas, etc. (menos as bibliotecas) tudo diminuiu ou estagnou. Se assim foi, acho que mais uma vez a sua visão é apocalíptica e pergunto-me porquê.
Cumprimentos,
Anónimo das 22,27 (mesmo que hoje seja a outra hora)