segunda-feira, 10 de setembro de 2007

DO QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE MUSEUS?
(uma proposta de clarificação)

"Museums enable people to explore collections for inspiration, learning and enjoyment. They are institutions that collect, safeguard and make accessible artefacts and specimens, which they hold in trust for society".
Museum Association - UK

"Museums make their unique contribution to the public by collecting, preserving, and interpreting the things of this world"
"Museums serve society by advancing an understanding and appreciation of the natural and cultural common wealth through exhibitions, research, scholarship, publications, and educational activities. These programs further the museum's mission and are responsive to the concerns, interests, and needs of society".
american association of museums (link)

Si le musée a une fonction fondamentale de conservation, il a tout autant une mission sociale qui lui impose l'action et l'ancrage dans la société. En ce sens, son rôle d'éducation est essentiel. Mais cette éducation doit, elle aussi, suivre son temps et répondre aux enjeux de l'homme contemporain qui est désormais condamné à «l'école permanente». C'est donc un regard croisé qu'il faut porter entre le musée «temple» qui présente et magnifie ses collections et le musée «forum» qui est aussi lieu de débat, de réflexion, de projection dans l'avenir.
Museu do Louvre (link)

A partir dos três textos seleccionados, e que foram produzidos por entidades reconhecidas pela seriedade como encaram estes temas, uma preocupação comum os une: a função social dos museus.

É a articulação do "Museu Templo" com o "Museu Forum" (proposta do Museu do Louvre) que, no fundo, estava subjacente às tomadas de posição a favor e contra a demissão de Dalila Rodrigues, enquanto directora do Museu Nacional de Arte Antiga.

Mas não só.

Os defensores do "Museu Templo", e não apoiantes do "Museu Forum", identificados como subscritores do "Manifesto dos 16" e liderados por Luis Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia, pretendem também manter o estatuto que, actualmente, é o deles, o de Directores de Museus Inamoviveis, que tendo como respaldo o estatuto da "Carreira", permanecem nos seus postos sem prestar contas a ninguém, alimentando e alimentando-se de cumplicidades silenciosas com a tutela.

E como neste jogo viciado o que conta é a rede de cumplicidades e de jogos de mútua protecção, aquilo que deveria e deverá voltar a ser a razão de ser dos Museus Nacionais, a conservação das colecções e a responsabilidade perante os cidadãos, acaba por ser ignorado.

Continua

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pelo esforço de seriedade. Mas penso que ainda continua a ver as coisas demasiado a preto e branco. Essa de colocar-se a si entre os que defendem isto ou aquilo (coisas boas, já se vê) e os outros do lado de lá, pode confortá-lo, mas nada tem a ver com a realidade.
É claro que num museu moderno têm de existir as duas dimensões a que se refere. Mas não é por acaso que aquilo que chama de "templo", o estudo e a conservação das colecções, surge sempre em primeiro lugar em todas as definições de museu. A razão é simples, já que apenas se pode divulgar o que antes se estuda e conserva. E a divulgação que os museus fazem tem muitas formas, das quais as exposições são apenas uma.
Se é verdade que no pós-Guerra a oposição que indica teria algum fundamento (de um lado os que defendiam já então a simbiose entre “templo” e “fórum”; do outro os que defendiam a visão tradicional do “templo” sem fórum), hoje a oposição mais comum é a inversa (de um lado os que defendem a simbiose indicada e do outro os que defendem o “fórum” sem templo).
Em relação aos lugares vitalícios dos directores de museus, acho que está enganado. Segundo creio não existe carreira de director de museu. Todos os directores têm os seus lugares de origem noutro sítio e mantêm-no. Quando estudava museologia, lembro-me de ter assistido (há poucos anos) a um debate que houve na Fundação Gulbenkian moderado por dois museólogos (Fernando António Pereira e Luis Raposo) e ambos diziam isso mesmo e defendiam que assim fosse. Ser director de museu não é, em Portugal (em alguns países anglo-saxónicos é), uma carreira. Os directores de museus exercem apenas comissões de serviço. Todos os lugares dos museus do Estado são preenchidos por concurso público. Já pensou em concorrer a algum deles ? Acho que pode fazê-lo se tiver habilitações para o efeito. O que me parece mal é que tudo continuasse como antes (até há uma década atrás) e fossem nomeados por confiança política, como continua a ser hoje só para o MNAA.
Outra coisa diferente seria estabelecer um limite máximo de comissões de serviço dos directores de museus. Eu até acho bem, se se fizesse o mesmo para outros organismos semelhantes da Cultura ou até para todos os cargos dirigentes da Administração Pública. Também me parece que seria boa medida alargar o âmbito de recrutamento dos directores de museus do estado a todos os que quisessem concorrer, portugueses ou estrangeiros, desde que tivessem habilitações para o efeito, tanto na especialidade dos museus a que concorressem como na área da gestão pública.
Finalmente,não sei se os directores de museus têm ou não cumplicidades com a tutela (alguma relação de lealdade deverão ter, senão era melhor irem-se embora, acho eu), mas dizer que não cuidam da conservação das colecções é forte e vale o que a sua palavra vale. Sem provas acho que vale nada. Ou será que devemos confiar mais em si do que em toda uma classe profssional de conservadores, conservadores-restauradores, historiadores, etc.,etc. que conhecem os museus e até muitas vezes denunciam casos de destruição de património,mas onde essa sua visão apocalíptica sobre os directores (porque será ?)nunca se fez sentir. Mais uma vez, eu acho que deve haver bons e maus directores, mas a sua posição extremista não ajuda nada quem de fora os queira avaliar.